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Mesmo sem exigência no protocolo, atletas usam máscara na Superliga de Vôlei

Mesmo sem exigência no protocolo, atletas usam máscara na Superliga de Vôlei Mesmo sem exigência no protocolo, atletas usam máscara na Superliga de Vôlei Mesmo sem exigência no protocolo, atletas usam máscara na Superliga de Vôlei Mesmo sem exigência no protocolo, atletas usam máscara na Superliga de Vôlei

Com a pandemia do novo coronavírus, o esporte viu o surgimento de diversos protocolos de segurança para retomar as atividades nos mais diferentes torneios. Ainda assim, em esportes que não têm contato, alguns atletas decidiram garantir uma proteção extra e passaram a usar máscaras como mais uma barreira contra a covid-19. As peças apareceram na Superliga Masculina, com Lucão e Maurício Borges, do Taubaté, e na Feminina, com Yael Castiglione, jogadora argentina do Pinheiros.

Campeão olímpico, Lucão explica que optou por aumentar o cuidado, apesar de o protocolo da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) não exigir o uso de máscara por causa dos efeitos físicos do tempo de inatividade e também do filho Theo, de apenas quatro anos.

“Nós havíamos ficado praticamente quatro meses parados. Muitos atletas tiveram perda de massa muscular e o condicionamento físico foi muito afetado negativamente. Eu fui um dos poucos que conseguiram manter um bom nível de condicionamento. A ideia é evitar ao máximo ter de me afastar por causa da contaminação, principalmente depois de tanto trabalho para chegar a um condicionamento físico ideal e evolução técnica necessária”, explicou. “O segundo motivo é que eu tenho um filho pequeno. Ele tem alguns problemas como bronquite, e a grande preocupação, claro, é o risco de contaminá-lo”.

Castiglione optou pela peça por entender que, neste momento, nenhum protocolo é 100% seguro para os atletas retomaram suas atividades. “Acredito que quando falamos de pandemia, ainda mais tratando-se de um vírus desconhecido, nenhum tipo de protocolo é suficiente. O fato de utilizar a máscara durante os jogos começou quando tivemos o nosso primeiro contato com uma equipe que tinha tido três jogadoras com covid”, afirmou. “Mesmo elas não tendo viajado com a equipe, existe sempre o risco de elas terem passado para outras atletas e ninguém ficar sabendo, até não realizar o teste ou ter sintomas. A máscara não é uma garantia absoluta, mas pelo menos trato de reduzir, mesmo que seja pouco, o risco de contágio”, completou.

A precaução tomada pelos atletas é aprovada pelo médico Antônio Bandeira, coordenador do Centro de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Aeroporto, em Salvador, e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Mesmo que não seja um esporte que você não entra em contato direto, você está próximo. As pessoas tendem a festejar o ponto. Pode usar uma máscara cirúrgica, que é uma máscara tranquila de ser usada, trocaria ela a cada hora porque suando essa máscara acaba dificultando porque ela vai ficando molhada. O protocolo deveria pedir, já que ainda estamos no meio da pandemia. É fundamental que se use também durante os treinos”.

Além dos jogos, os atletas utilizam a máscara nos treinos. “Estou usando direto. Para mim já virou rotina. Em qualquer lugar que a gente vá tem de usar, e para mim não faz mais diferença, até porque a máscara é muito boa, fornecida por um dos nossos patrocinadores”, afirmou Maurício Borges.

Como a CBV não exige as máscaras em seus protocolos, a decisão é individual dos atletas. Recentemente, alguns times passaram por surtos e tiveram jogos adiados, como o Sesc RJ Flamengo na Superliga Feminina e Blumenau, na Masculina. O protocolo da competição prevê que times com quatro ou mais casos positivos em atletas possam pedir o adiamento. Mesmo com a subida de casos, Bandeira não apoia que o campeonato seja paralisado. “O fundamental é utilizarem máscaras a partir de agora. Sem máscara vai ter transmissão”, alertou o infectologista.

SEM PREJUÍZO TÉCNICO – Segundo Antônio Bandeira, os atletas não são prejudicados em sua capacidade física pelo uso de máscaras. “Não afetará o desempenho em nada. Inclusive, a máscara cirúrgica é folgada na parte lateral, permitindo a entrada do ar. Uma máscara N95 (as pontudas, que tem formato de navio) talvez poderia afetar, mas a máscara cirúrgica não. A máscara não impede você de respirar nem aumenta gás carbônico, mas às vezes ela causa para a pessoa que começa a usar naquele dia, não vinha usando antes, um incômodo só, fica com o nariz e a boca um pouco suada naquela área ali, então é bom a pessoa se acostumar”, disse o médico.

No dia 4 de setembro, o médico José Alexandre Carvalho fez advertência parecida, durante seminário virtual promovido pela CBV. Ele disse ter testado em si mesmo enquanto praticava exercícios físicos moderados com uma máscara cirúrgica e ter notado apenas uma pequena variação nos níveis de oxigênio e gás carbônico, de 5%, mas que as máscaras N95 não deveriam ser utilizadas.

Os atletas afirmaram que não sentem mais o incômodo. Contudo, Castiglione aponta outros problemas para além da capacidade de respiração. “Por enquanto não senti que tenha afetado no meu desempenho, mas é real que a máscara para se comunicar atrapalha muito e também reduz um pouco a nossa visão periférica”, relatou. “Atrapalha um pouco, é normal, mas eu já acostumei. Então o uso da máscara não mudou meu desempenho. No meu dia a dia não atrapalha mais não, uso sempre, então não faz diferença”, acrescentou Maurício Borges.

Já Lucão diz não ter problemas e também toma outras precauções durante os jogos. “Eu me adaptei bem ao uso dela nos treinos e jogos. Não acho que tenha que ter cobrança para outros atletas usarem, já que todos estão seguindo as regras de protocolo determinadas. Como no vôlei a dinâmica do jogo permite alguns momentos de recuperação, é tranquilo. Quando eu saio para a entrada do líbero, por exemplo, eu me sento isolado e respiro um pouco sem a máscara. Não senti nenhum tipo de queda no rendimento ou algo do tipo”.