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Milésimo gol marcado por Pelé completa 45 anos

Rei do Futebol chegou à marca histórica após um pênalti cobrado contra o Vasco; personagens recordam detalhes daquela noite no Maracanã

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Foto: Estadão Conteúdo

“Minhas pernas tremeram. Eu não podia perder aquele gol.” É assim que Pelé relembra os momentos que antecederam ao pênalti cobrado há exatos 45 anos no Maracanã, contra o Vasco.O País, na ocasião, esperava pelo milésimo gol do Rei do Futebol com ansiedade. Antes de correr para a bola e executar a famosa paradinha para fazer história, Pelé pôs a mão na cintura à espera do apito do árbitro Manoel Amaro de Lima. Depois, levou o ombro ao rosto para secar o suor e deu as costas para a meta vascaína. Da área, olhou os jogadores do Santos perfilados no centro do gramado, virou-se e chutou com precisão, à meia-altura. O milésimo havia virado realidade.

Para relembrar a data histórica, o Estado escutou 44 ex-jogadores – companheiros e adversário do Rei – que elaboraram uma lista com os gols mais bonitos de Pelé. O gol mais lembrado foi o marcado na final da Copa do Mundo de 1958, contra a Suécia: o lance imortalizado pelo chapéu no zagueiro foi citado oito vezes. O gol diante do Juventus, em 1959, teve cinco votos – a jogada, que teve três chapéus nos adversários, tem a preferência do próprio Pelé.

Quatro lances que não resultaram em gol também foram lembrados. Entre eles estão o drible no goleiro Mazurkievski, na Copa de 1970 – e o rebote do próprio uruguaio, no mesmo jogo. A cabeçada diante da Inglaterra, também no Mundial do México, e a bicicleta no Maracanã diante da Bélgica, em 1965.

Pelé marcou o milésimo gol aos 29 anos, depois de 13 anos de carreira. O pênalti contra o Vasco foi sofrido por ele mesmo, aos 33 minutos do segundo tempo, quando o placar apontava 1 a 1. O ex-meia Fernando, 45 anos depois, nega que tenha derrubado o Rei. “Ele bateu na minha perna e caiu. O gol tinha de ser no Maracanã”, disse em entrevista ao Estado.

O goleiro Andrada, por sua vez, ainda lamenta quase ter impedido a festa. “A bola raspou nos meus dedos”, relembra o ex-jogador do Vasco, que citou o gol na lista. Segundo o argentino, que falou com a reportagem por telefone, o milésimo gol marcado pelo camisa 10 do Santos foi “bonito”

Aguinaldo Moreira, companheiro de Pelé no time santista, relembra da festa no gramado. O goleiro, depois da invasão dos jornalistas, ergueu o Rei. “Queria dar a volta no Maracanã com ele nas costas. Foi uma alegria total.”

À ESPERA

O milésimo gol demorou mais do que o previsto para, enfim, sair. No dia 14 de novembro, o Santos enfrentou o Botafogo-PB em João Pessoa. Pelé marcou, na ocasião, o gol número 999, aos 13 minutos do segundo tempo. Depois de 15 minutos, substituiu o goleiro Jair, que acabou contundido após uma trombada na área. “O não me relacionou para o jogo e colocou só um goleiro, o Jair Esteves. Ele caiu machucado e o Pelé foi para gol para não marcar o milésimo lá”, admite Aguinaldo.

No jogo seguinte, dia 16, na Fonte Nova, Pelé passou em branco no empate por 1 a 1. O jogo foi marcado pela vaia ao zagueiro Nildo, responsável por evitar o milésimo ao tirar a bola em cima da linha. Pelé, na jogada, já havia driblado o goleiro Jurandir antes da finalização. A dois minutos do fim, o rei ainda mandou uma bola no travessão. No rebote, Jair Bala empatou a partida.

Segundo Aguinaldo, Pelé se mostrou ansioso pelo milésimo no Maracanã. O milésimo começou a virar realidade depois que Clodoaldo lançou a bola rasteira para Pelé na área. O camisa 10 correu para receber a bola e acabou tocado por Fernando. Antes da cobrança, os jogadores do Vasco cercaram o árbitro. O lateral Fidélis chegou a pisar na marca do pênalti para tentar atrapalhar o chute. Em vão. O chute forte e colocado morreu no fundo da rede da meta de Andrada. O milésimo saiu exatamente às 23h17 do dia 19 de novembro, quarta-feira, para delírio dos 65.157 mil torcedores presentes ao Maracanã. 

Após alcançar a marca, o Rei foi cercado por fotógrafos e jornalistas. E pediu mais atenção às crianças do País. Depois de ser carregado por Aguinaldo e cumprimentado pelos restante do time do Santos, Pelé vestiu uma camisa do Vasco, com o número 1.000 às costas, em uma festa de todas as torcidas do Brasil.