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Na Venezuela, jogadores da seleção brasileira farão uma 'viagem no tempo'

Na Venezuela, jogadores da seleção brasileira farão uma ‘viagem no tempo’ Na Venezuela, jogadores da seleção brasileira farão uma ‘viagem no tempo’ Na Venezuela, jogadores da seleção brasileira farão uma ‘viagem no tempo’ Na Venezuela, jogadores da seleção brasileira farão uma ‘viagem no tempo’

São Paulo – A seleção brasileira desembarca na Venezuela para a partida contra a seleção local, nesta terça-feira, como se estivesse em uma viagem no tempo. Muitos dos jogadores do elenco não eram nem nascidos, mas para o técnico Tite o país vizinho certamente o fará lembrar do Brasil dos anos 80, assombrado por hiperinflação, saques, escassez de produtos variados e mercado negro de alimentos.

O manejo caótico na economia da Venezuela chavista de 2016 lembra os tenebrosos anos do governo Sarney, quando o Brasil entrou em processo hiperinflacionário. Tite, à época, era volante do Guarani.

O país governado pelo presidente Nicolás Maduro deve fechar o ano com inflação de 480%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2017, esse índice deve bater 1.600%. Oito em cada 10 produtos da cesta básica não podem ser encontrados nas prateleiras. Nos hospitais, faltam remédios e, em alguns casos, sequer há água e sabão para limpar simples feridas.

A crise, que já dura três anos, tem origem na última eleição do presidente Hugo Chávez, em 2012, a poucos meses de sua morte. Na época, ele ampliou o gasto público com programas sociais durante a campanha. O caixa ficou vazio e a estatal do petróleo PDVSA – responsável por 96% da receita em dólar do país – não era produtiva o suficiente para repor o que foi gasto, parte porque comprometera fatia de sua produção em acordos anteriores com a China, parte porque perdera competitividade.

Quando Maduro assumiu, não havia dólares suficientes para o setor privado, responsável pela produção e revenda de produtos e consumos, em sua maioria, importados, para o setor público e para o pagamento da dívida. O governo começou então a restringir o acesso das empresas aos dólares, o que provocou uma corrida pela moeda americana no câmbio negro. Sem dinheiro no setor privado, a produção caiu e com a oferta em baixa, os preços dispararam. O setor público, com caixa zerado, passou a imprimir dinheiro para financiar a dívida estatal. O bolívar, dinheiro local, perdeu o lastro e a inflação, já alta, saiu do controle.

Hoje falta quase tudo. É comum no noticiário que jogadores da Venezuela, em viagens pelas Eliminatórias, comprem itens básicos de higiene como sabonetes, papel higiênico e desodorantes em outros países da América do Sul. Por outro lado, quando as seleções do continente viajam para a Venezuela, levam esses itens na bagagem.