Esportes

Presidente da IAAF admite possibilidade de Quênia ficar fora da Olimpíada

Redação Folha Vitória

Londres - O Quênia corre o risco de, assim como a Rússia, ficar fora das provas de atletismo dos Jogos Olímpicos do Rio. Também acusada de encobrir casos de doping, a federação queniana corre o risco de ser suspensa pela Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF). O presidente da entidade, o britânico Sebastian Coe, já admite essa possibilidade.

"Nós sabemos que uma quantidade desproporcional de dano à reputação do esporte é causada por relativamente poucos países e nós temos que ser muito pró-ativos. Se isso significar tirá-los do Mundial ou dos Jogos Olímpicos, vamos fazer isso. Eu sei que a Agência Mundial Antidoping (Wada) está olhando de muito perto para a Agência Nacional Antidoping do Quênia. Nós, é claro, estamos monitorando isso. O trabalho está em curso", disse o dirigente. A declaração foi dada a um programa do canal de TV britânico BT Sport, mas a entrevista completa só será transmitida nesta quinta-feira.

Um painel independente da Wada recomendou, em novembro do ano passado, que a IAAF suspendesse a Federação Russa de Atletismo por conta do suposto envolvimento de dirigentes no doping sistemático de atletas russos. Os olhos agora estão voltados para o Quênia e o presidente deste painel, Richard Pound disse que "está muito claro" que existe um problema semelhante no Quênia.

A Wada cobrou explicações dos quenianos, mas as respostas teriam sido insatisfatórias. Para evitar uma punição, o Quênia rapidamente criou uma agência antidoping, mas a Wada alega que ainda há muito trabalho a ser feito, incluindo a instituição de uma legislação antidoping.

Esta semana, entretanto, o chefe-executivo da Federação de Atletismo do Quênia, Isaac Mwangi, se licenciou temporariamente do cargo, após duas atletas alegarem que ele pediu suborno para reduzir suas suspensões por doping.

Em entrevista à agência de notícias Associated Press (AP), a meio-fundista Joy Sakari e a barreirista Francisca Koki Manunga alegaram que Mwangi pediu suborno de US$ 24 mil (R$ 96 mil) em uma reunião em 16 de outubro, mas que elas não tinham condições de conseguir dinheiro. As atletas testaram positivo para uma diurético proibido no Mundial de 2015, em Pequim, e estão cumprindo suspensão de quatro anos.

As atletas disseram que nunca entraram com uma queixa criminal contra Mwangi porque não tinham provas para apresentar da acusação de suborno e também temiam repercussões do caso.

Também em entrevista à AP, Mwangi rejeitou as acusações, dizendo que eram "apenas uma piada", negando ter se encontrado com as atletas. Além disso, afirmou que a federação não poderia influenciar na determinação das penas.

Na entrevista, as corredoras disseram que estão dispostas a prestar depoimento na comissão de ética da IAAF, que investiga a suposta corrupção na federação do Quênia. As investigações já provocaram as suspensões do presidente da federação queniana, Isaiah Kiplagat, do vice-presidente, David Okeyo, e do ex-tesoureiro, Joseph Kinyua.