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Clubes brasileiros procuram um camisa 9; craques do passado admitem dificuldades

Redação Folha Vitória

São Paulo - Romário, Ronaldo, Careca, Reinaldo, Serginho Chulapa, Roberto Dinamite, Viola, Evair, Dario, Coutinho e Pagão. Esta é uma pequena lista de centroavantes que fizeram história no futebol brasileiro. Fizeram. Não fazem mais. Hoje, os clubes sofrem para encontrar um camisa 9. A situação é mais difícil entre os grandes de São Paulo, que estão utilizando o Campeonato Paulista para descobrir quem será o centroavante da equipe.

O Corinthians está dividido entre Kazim e Júnior Dutra para o lugar de Jô, que foi para o futebol japonês, depois de ser o artilheiro do Campeonato Brasileiro, ao lado de Henrique Dourado. O São Paulo contratou Diego Souza e acertou com o colombiano Tréllez para o lugar do argentino Lucas Pratto.

O Palmeiras, agora com o técnico Roger Machado, aposta em uma recuperação do colombiano Borja, que está longe de ser uma unanimidade entre os torcedores. O Santos trouxe de volta Gabriel Barbosa, o Gabigol, para o lugar de Ricardo Oliveira, referência do time nos últimos anos.

Fora de São Paulo, o Atlético Mineiro e o Cruzeiro recorreram aos veteranos Ricardo Oliveira e Fred, enquanto que o Flamengo tirou Henrique Dourado do rival Fluminense. "Verdade que não temos grandes nomes como do passado, mas o sistema de jogo atual dos times prejudica a atuação dos centroavantes. A preocupação maior está em se defender", disse Reinaldo, astro do Atlético Mineiro nos anos 70 e 80.

Segundo o "Rei", apelido que ganhou da torcida atleticana, um grande centroavante sempre precisa ter um bom meia ao seu lado. "Antigamente, tínhamos duplas que se entendiam muito bem e jogavam muito tempo juntas", disse Reinaldo, que atuou ao lado de Toninho Cerezo e Paulo Isidoro no grande time do Atlético, vice-campeão brasileiro de 1980.

Careca, que teve uma carreira repleta de êxito no Guarani, São Paulo e Napoli - onde fez dupla com Diego Maradona -, concorda que o futebol brasileiro sofre muito com a falta de centroavantes de qualidade. "Faz uma falta danada", disse o camisa 9 titular da seleção nas Copas do México-1986 e Itália-1990.

Na lista dos 20 maiores artilheiros dos nacionais, 14 são centroavantes. O maior de todos é Roberto Dinamite, do Vasco, autor de 190 gols, em 328 jogos, de 1971 a 1992. Ele seguido por Romário (154 gols), Edmundo (153) e Fred (139).

Aliás, o atual atacante do Cruzeiro é bastante elogiado pelos craques do passado, como sendo um dos poucos a ter destaque nos campeonatos atuais. "O Fred sabe driblar, cabeceia bem, faz tabelas e chute bem tanto de direita como de esquerda. O problema dele são as contusões e o condicionamento físico", disse Reinaldo. "A atuação do Fred na Copa das Confederações foi muito boa, mas na Copa deixou a desejar", afirmou Careca.

Após cinco rodadas do Paulistão, os quatro centroavantes dos times grandes não apresentam um bom desempenho e deixam técnicos e torcedores preocupados. Fábio Carille espera uma conversa com o presidente corintiano recém-eleito Andrés Sanchez, quando pretende colocar em pauta a contratação de um centroavante, pois Junior Dutra não parece estar no mesmo nível de Jô.

Borja fez dois gols pelo Palmeiras, mas ainda não lembra nem de longe o atacante que levou o Atlético Nacional para a conquista da Copa Libertadores em 2016. O São Paulo aposta na experiência de Diego Souza e espera que Cueva e Nenê sejam os companheiros ideais. No Santos, Eduardo Sasha e Rodrigão não parecem ter condições de que a torcida vá esquecer de Ricardo Oliveira em um futuro próximo.

O pior é que o mercado nacional não apresenta opções. O Internacional tem os contestados Leandro Damião e Roger; o Grêmio perdeu o paraguaio Lucas Barrios. Os melhores continuam sendo Ricardo Oliveira e Fred. Está cada vez mais difícil para o torcedor brasileiro gritar "gol".

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