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Líder do ranking mundial, Mineirinho vibra com talento dos surfistas brasileiros

Redação Folha Vitória

São Paulo - Líder do ranking do Circuito Mundial de Surfe, Adriano de Souza, o Mineirinho, parte para a disputa da quarta etapa, no Rio, entre 11 a 22 deste mês, com uma boa vantagem na ponta e querendo melhorar ainda mais a sua posição para chegar ao fim do ano com grandes chances de realizar seu sonho: ser campeão do mundo.

Aos 28 anos e em sua 10.ª temporada na elite do surfe, ele carrega nas costas a experiência de já ter vencido e perdido, de ter brilhado em diversos tipos de onda e de já ter superado grandes desafios. O primeiro deles foi vencer as dificuldades na infância.

O rapaz cresceu em um bairro pobre do Guarujá, no litoral paulista, mas sua casa ficava a 40 minutos da praia. Ele não tinha condições de ter sua própria prancha e muitas vezes dependia de algum familiar para levá-lo para a praia. Mas o talento apareceu cedo e junto com ele veio um pouco de estrutura para permitir que o rapaz, que encabeça a geração de brasileiros apelidada de "Brazilian Storm", possa brilhar ainda mais. Nesta entrevista exclusiva, ele fala sobre o bom momento na carreira e sobre o sucesso dos brasileiros no Circuito Mundial.

Agência Estado - Tradicionalmente as etapas na Austrália são difíceis para os brasileiros, mas você saiu de lá com a liderança no ranking mundial. Qual balanço você faz dos três primeiro eventos da temporada?

Mineirinho - Foram três etapas muito difíceis, com três vencedores diferentes, o que mostra o equilíbrio que será este ano. Fico feliz em poder ter apresentado um grande desempenho e ter ficado entre os três primeiros nas três etapas.

AE - Qual a expectativa para a quarta etapa, no Rio?

Mineirinho - Tentar minha segunda vitória no Brasil. Se possível, ficar entre os quatro finalistas novamente.

AE - Como é a sensação de ir para o Oi Rio Pro vestindo a camisa amarela de líder do ranking?

Mineirinho - Tive essa sensação em 2013 e foi muito gostoso. Pena que durou pouco. Mas desta vez quero permanecer com ela até o fim do ano.

AE - Você está completando 10 anos de Circuito Mundial. Já viveu muitas coisas, teve altos e baixos, mas agora parece ter encontrado uma boa regularidade. Como você analisa seu período no Circuito Mundial?

Mineirinho - Meu período foi de muita luta, trabalho e dedicação. Nem sempre as coisas aconteciam do jeito que a gente queria, mas com fé em Deus a gente nunca desistiu de lutar.

AE - Mesmo sendo jovem, com apenas 28 anos, você é o mais antigo entre os brasileiros que estão na elite. Isso te dá mais responsabilidade?

Mineirinho - Sim, pois todos são muito bons, o nível é muito alto e vamos ver se a molecada tem gás pra acompanhar o velhinho aqui!

AE - Como se sente sendo o mais experiente nesse momento ótimo do surfe brasileiro?

Mineirinho - Para ser sincero, não me sinto um veterano! Tenho 28 anos de idade e muita lenha para queimar ! Por ser o mais experiente de todos, claro que sinto responsabilidade em fazer bonito e me sinto muito feliz em começar o ano dessa forma na água após meses tão difíceis de lesões e perdas como a do Ricardinho dos Santos, meu anjo da guarda que está comigo lá do céu.

AE - Quem você coloca na disputa do título mundial?

Mineirinho - John John Florence, Mick Fanning, Filipe Toledo, Gabriel Medina, Kelly Slater, Taj Burrow... No mínimo dez atletas estão nessa briga direta. Acredito que os brasileiros estão muito bem, mas eu acho ainda cedo para apostar. Todos têm chances, todos têm muito potencial e será uma briga dura até o fim do ano. Consistência será a chave nesta temporada.

AE - Como é a relação dos brasileiros nas etapas?

Mineirinho - É muito boa, com muito respeito e união, apesar de todos sermos muito competitivos. Todos nós nos damos bem e torcemos uns pelos outros a cada etapa.

AE - Você estava machucado quando o Gabriel foi campeão. Você acompanhou a etapa e ficou na torcida?

Mineirinho - Fiquei na torcida e passando mal de vontade de estar em Pipeline. Foi a primeira vez que fiquei fora desta etapa desde quando entrei no circuito. Fiquei muito feliz por ele e louco para estar na água.

AE - Você percebe alguma mudança em relação aos torcedores e outros surfistas após o título do Gabriel?

Mineirinho - O surfe agora está atingindo um número maior de pessoas nos últimos meses e é legal ver que o brasileiro está prestando bastante atenção no nosso trabalho. Essa geração é mais preparada e o público está vendo isso na prática. Todos são muito novos e já têm muito tempo de estrada. Esta será uma geração duradoura e que já está gerando frutos em novos talentos, que certamente proporcionará novas gerações futuras ainda melhores preparadas e competitivas. Acho que temos um futuro muito bonito pela frente.

AE - Você desde cedo é apontado como grande talento do surfe. O que falta para chegar ao título mundial?

Mineirinho - Falta tudo encaixar no mesmo momento. A recompensa vem com muito trabalho e dedicação e estamos fazendo nossa parte.

AE - Como surgiu seu apelido?

Mineirinho - Por causa do meu irmão, chamado de Mineiro. Aí eu virei o Mineirinho!

AE - O que acha que pode melhorar no surfe?

Mineirinho - A gente sempre tem onde melhorar, aqui e ali. Por isso é sempre bom se manter na água, treinando. Cada dia a gente evolui um pouco. Espero poder nunca parar de evoluir.

AE - Você acha que o Brasil tem potencial para ter outros surfistas campeões do mundo? Quem são os talentos da nova geração?

Mineirinho - Essa geração atual vai longe! Medina, Filipe, Miguel Pupo, Jadson André, Alejo Muniz, Italo Ferreira, Wiggolly Dantas... Todos ainda têm muitos anos pela frente e temos muitos outros nomes já no caminho, como o Gabriel André.

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