Esportes

Ginastas poderão recorrer fora do Brasil se houver omissão, diz advogado

Redação Folha Vitória

O advogado André Sica, que representa três ginastas em um pedido de inquérito contra o ex-treinador Fernando de Carvalho Lopes no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da modalidade, disse ao Estado que, caso o Tribunal decida não acatar a solicitação e arquive o caso, este poderá ser levado a uma instância superior fora do País.

"A FIG (Federação Internacional de Ginástica) possui mecanismos próprios de punição disciplinar, inclusive caso fique comprovado que a Confederação Brasileira foi omissa no caso", afirmou Sica.

Por enquanto, fazem parte da ação três vítimas de abusos sexuais que teriam sido cometidos pelo ex-técnico da seleção brasileira masculina, mas, de acordo com o advogado, este número tende a aumentar. Como há menores de idade envolvidos, as identidades deles precisam ser preservadas. Os atletas querem que o STJD investigue o caso e abra processo para condenar o treinador por suas infrações.

"O CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) tem previsão expressa de pena em casos de ameaça (art. 243-C) e submeter menor a vexame ou constrangimento (art. 243-E)", explicou o advogado.

O pedido ainda será apresentado ao Tribunal para que instaure inquérito e utilize as provas já disponíveis publicamente, bem como as que estão no inquérito policial conduzido pela Delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente de São Bernardo do Campo, onde estão sendo colhidos os depoimentos dos envolvidos no caso.

De acordo com Sica, ainda não houve nenhum caso parecido no STJD da ginástica, nem mesmo de alguém que tenha sido banido para sempre da modalidade por outra razão que não abuso sexual.

Ao todo, 40 ginastas e ex-ginastas afirmaram que foram vítimas de abusos sexuais praticados por Fernando de Carvalho Lopes entre 1999 e 2016, quando ele era técnico do Mesc (Movimento de Expansão Social Católica), clube particular de São Bernardo do qual foi afastado de todas as funções na semana passada, após as denúncias virem à tona.

No COB (Comitê Olímpico do Brasil), a Comissão de Atletas encaminhou uma representação para o Conselho de Ética da entidade pedindo esclarecimentos sobre a responsabilidade da CBG e do técnico Marcos Goto, coordenador de seleções, no caso.

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