Para advogado de Ricardo Teixeira, relatório da Fifa é 'inconclusivo' e mentiroso
Rio - Horas após a Fifa divulgar relatório que sugere que o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira recebeu benefícios financeiros para votar a favor da candidatura do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022, a defesa do ex-cartola procurou minimizar o documento, classificado como "inconclusivo". Ele também garantiu que os fatos apresentados "não são verdadeiros".
O documento - que tem no total 430 páginas e foi produzido pelo investigador norte-americano Michael Garcia, hoje juiz em Nova York, nos Estados Unidos - levanta indícios de como o Catar teria trabalhado para comprar votos para sediar o Mundial. Presidente da CBF à época da candidatura, Ricardo Teixeira teria feito parte do esquema. Segundo o relatório, um amistoso entre Brasil e Argentina em Doha, em 2010, serviu como forma do repasse de recursos.
Advogado de Ricardo Teixeira, Michel Assef Filho afirmou que o documento não prova os fatos narrados. "O relatório não conclui isso", afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo. "Além disso, não é verdade nem mesmo essa ilação que estão tentando fazer".
O jogo entre Brasil e Argentina ocorreu em 17 de novembro de 2010, com a informação original de um pagamento suspeito de US$ 7 milhões (cerca de R$ 23 milhões, na cotação atual), "bem superior às taxas de mercado", informa o relatório. Além disso, as diárias pagas a Ricardo Teixeira no Catar teriam sido 18 vezes superiores às pagas ao meia argentino Lionel Messi e 30 vezes maiores do que aquelas do atacante brasileiro Robinho, dois dos principais jogadores que estiveram em campo.
Segundo Michel Assef Filho, os valores informados são irreais. "Além de o relatório ser inconclusivo, os fatos que estão sendo abordados não são verdadeiros", disse. "(Mas) se algum procedimento será desencadeado em razão desse relatório, faremos uma manifestação formal, vamos apresentar uma defesa".
O advogado também negou que Ricardo Teixeira esteja negociando - ao menos no momento - um acordo de delação premiada com a Justiça dos Estados Unidos, na qual também é investigado. "Hoje não há negociação sendo feita", afirmou Michel Assef Filho.