Esportes

Jogadores da seleção de Tite passaram quase 70% de suas carreiras na Europa

Redação Folha Vitória

Nascidos no Brasil, lapidados no exterior e agora novamente a serviço do país natal. A seleção brasileira convocada pelo técnico Tite para a Copa do Mundo da Rússia é uma das mais internacionais da história, pois os 23 jogadores têm pelo menos uma temporada de experiência no futebol europeu, mercado para onde todos os atletas foram cedo e construíram a maior parte da carreira.

Levantamento feito pelo Estado mostra que em média, o grupo atual da seleção brasileira passou 68% do tempo como jogador profissional em algum clube europeu. O tempo de permanência deles em times brasileiros é bem menor, com cerca de 29% da carreira construída no País. Portanto, a busca pelo hexa será comandada por quem praticamente se formou no futebol na Europa.

Em média, esses jogadores da seleção brasileira saíram do Brasil para a primeira transferência rumo ao Velho Continente com apenas 19 anos. Nessa idade, geralmente quem está em clubes brasileiros atua em categorias de base, ainda em processo de formação como profissional.

"É importante vir cedo para a Europa, mas mais importante é vir no tempo certo. Se confundir o momento, a gente acaba perdendo alguns jogadores", avaliou o lateral-direito Danilo.

O jogador do Manchester City, por exemplo, saiu do Santos aos 20 anos e está na Europa há mais de seis temporadas. Se não estivesse machucado, o titular da posição seria Daniel Alves, que dos 17 anos de carreira, está há 16 no Velho Continente.

Mesmo os três jogadores chamados por Tite que atuam no futebol brasileiro tiveram logo cedo passagens pelo exterior. O zagueiro Geromel se tornou profissional em Portugal, para só aos 29 anos voltar ao Brasil, o lateral Fagner saiu com apenas 18 anos e o goleiro Cássio, já estava na Holanda aos 20 anos.

Em Copas anteriores o Brasil teve uma seleção um pouco mais nacional. No ano do último título, em 2002, três titulares do penta (Marcos, Gilberto Silva e Kléberson) atuavam em clubes locais. Nos Mundiais seguintes os convocados que atuavam no futebol brasileiro eram na maioria reservas. Em 2014, apenas um jogador entre os 23 não tinha experiência no exterior, o terceiro goleiro Victor, do Atlético-MG.

Danilo considera a bagagem europeia obtida desde cedo como uma grande vantagem. "Isso é importante porque estamos acostumados a jogar a Liga dos Campeões, sempre com pressão de ter de vencer. Isso conta muitos pontos para a seleção quando a gente chega neste momento de ter de entrar para ganhar", comentou.

Por outro lado, o técnico da seleção brasileira na Copa de 1990, Sebastião Lazaroni, afirma que a saída precoce prejudica a identificação do torcedor com os jogadores. "Acho o processo doloroso. Você não vê esse crescimento direto de perto. Os times europeus têm cada vez mais observadores no Brasil e já na base os garotos se transferem", disse.

APRESENTAÇÃO - O atual grupo da seleção tem jogadores que se tornaram mais conhecidos no Brasil graças às convocações. Firmino, por exemplo, jamais jogou na Série A do Brasileiro e foi a surpresa de uma lista em 2014 quando estava no Hoffenheim, da Alemanha. O goleiro Ederson nunca atuou por times do Brasil e o zagueiro Marquinhos fez só 15 partidas pelo Corinthians.

Pontos moeda