'Quintal' de lusos na Europa, Paris vê final da Eurocopa entre França e Portugal
Paris - A final da Eurocopa de 2016 em uma circunstância particular: atletas das duas seleções jogarão em casa. A partida será realizada às 16 horas no Stade de France, em Saint-Denis, na periferia de Paris - a cidade mais portuguesa da Europa fora de Portugal. Com mais de 750 mil portugueses vivendo em solo francês, a capital foi dividida entre o orgulho do azul, vermelho e branco da equipe de Antoine Griezmann e o verde e vermelho do time de Cristiano Ronaldo. Favorita, a França pode ser tricampeã.
O favoritismo francês se explica pela campanha dos dois times. Exceção feita à semifinal com a Alemanha, vencida por 2 a 0 na quinta-feira, no estádio Velódrome, em Marselha, a equipe de Didier Deschamps não teve dificuldades para passar por adversários de menor expressão, como Romênia, Albânia e Suíça na fase de grupos, além de Irlanda e Islândia - que bateu a Inglaterra - na fase eliminatória. Nesses confrontos os Bleus somaram cinco vitórias e um empate, além do melhor ataque da competição.
Já Portugal teve um percurso atípico para um finalista. Classificado em terceiro da sua chave, que tinha Hungria, Islândia e Áustria como adversários, empatou todos os jogos da fase de grupos, classificando-se em terceiro. Nas oitavas, venceu a Croácia por 1 a 0, voltou a empatar contra a Polônia nas quartas e só venceu sua segunda partida na semifinal contra o País de Gales, quando fez 2 a 0. Em nenhuma ganhou no tempo regulamentar.
Nas estatísticas, a diferença de trajetórias é marcante. De um lado, a França soma 13 gols, marcando em 16,7% das vezes em que chuta a gol. Portugal marcou ao todo oito gols, com taxa de conversão inferior: 9,6% de suas finalizações. Enquanto Griezmann, herói da campanha francesa, é o artilheiro do campeonato, com seis gols, Cristiano Ronaldo soma três - o mesmo que outros dois adversários, Giroud e Payet.
Não bastasse a diferença de campanhas, o histórico dos confrontos entre as duas seleções também é favorável aos verdadeiros donos da casa. Desde 1926, França e Portugal se enfrentaram 24 vezes, com uma vantagem avassaladora: 18 vitórias francesas. Três confrontos são considerados históricos: as semifinais da Euro de 1984 e de 2000 e a semifinal da Copa do Mundo de 2006. Em todas, a vantagem foi dos Bleus, graças aos gols dos ídolos Michel Platini e Zinedine Zidane.
As comparações estatísticas e o histórico dos confrontos, entretanto, escondem que as duas equipes jogam de forma parecida, com ênfase na troca de passes e triangulações, na marcação sob pressão e na rápida criação de jogadas ofensivas. A equipe do técnico Fernando Santos foi a segunda em número de passes em toda a competição, 3,1 mil, perdendo apenas para a Alemanha, que ultrapassou os 4 mil passes. A França de Deschamps vem logo atrás, em terceiro, com 2,8 mil passes.
Números à parte, jogadores das duas equipes ressaltaram, como de praxe, a dureza do confronto. Para o volante francês Blaise Matuidi, sua geração - a primeira bem-sucedida desde a equipe de Zidane e Thierry Henry -, a final da Euro 2016 é o jogo de suas vidas. "Jamais há um favorito para uma final. Portugal fez uma grande competição, e nós também. Eles têm grandes jogadores, e nós também", ressaltou. "É 50% a 50%."
Do lado português, Cristiano Ronaldo, hoje com 31 anos, tem a chance de sua vida de fechar a ferida da derrota na decisão da Euro 2004, quando a Portugal de Luiz Felipe Scolari, jogando em casa, perdeu para a Grécia por 1 a 0, em uma zebra histórica. Para o ídolo do Real Madrid, a equipe de Deschamps é "um pouco mais favorita", mas isso não significa que o título esteja decidido. "A França tem uma equipa fantástica", entende Ronaldo. "Mas é uma final, onde tudo é possível."