Esportes

Egípcias que fizeram história no vôlei de praia são adotadas por torcida do Rio

Redação Folha Vitória

Rio -

Depois de viralizar na rede em uma das fotos mais marcantes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a jogadora de vôlei de praia egípcia Doaa Elgobashy e sua parceira Nada Meawad foram adotadas pela torcida brasileira. Na partida contra as italianas Menegatti e Giombini, nesta terça-feira, as duas ganharam coro puxado pelo locutor da Arena de Copacabana, invadida por uma trilha sonora em homenagem ao país. Primeiras mulheres do Egito a disputar uma Olimpíada na modalidade, elas aproveitam a súbita fama para dar um recado em favor da diversidade ao mundo.

"A foto que ficou famosa é prova suficiente de que a diversidade é a chave e que o esporte une todas as pessoas, seja você muçulmano, cristão ou judeu. Esteja você vestindo biquíni ou véu. Peço a todos que usam o véu que não fiquem com medo ou receosos porque é muito bom. Eu me sinto bem usando ele aqui, disse Doaa, em entrevista após a partida.

A mencionada fotografia mostra as jogadoras do Egito e da Alemanha em uma partida de vôlei de praia no domingo. O mundo parou ao ver o contraste entre os uniformes das atletas. Enquanto a muçulmana Doaa, de 19 anos, vestia calça e hijab (véu sobre a cabeça), a alemã Kira Walkenhorst, 25 anos, usava biquíni.

A egípcia afirmou que já esperava uma reação do público ao entrar na quadra com véu na Olimpíada, mas disse ter se surpreendido com a proporção tomada por sua presença. "Esperava alguma reação, mas fiquei surpresa com o tamanho da repercussão. Acho que minha religião é muito bonita, realmente tenho orgulho dela. Tenho jogado, feito tudo que quero e estou apenas praticando minha religião", comentou.

A recepção calorosa dos brasileiros durante a competição está sendo apreciada por Nada e Doaa. "Eu estou muito, muito feliz. Eu não esperava que os brasileiros fossem torcer tanto por nós, foi surpreendente e incrível, nós adoramos", disse Nada.

A parceira de Doaa joga sem véu e teve seu nome gritado em voz alta nesta terça pelos torcedores. Divertida, ela usou uma fantasia que imita o adorno de cabeça usado pelo antigo faraó do Egito Tutankamon durante a entrevista na zona mista de imprensa. "A gente se veste assim o tempo todo", diz com naturalidade ao ser questionada sobre o calor da roupa.

A torcida organizada pelo Egito conta com o apoio de "Maradona", um dos locutores da arena. Foi ele quem puxou o coro "E-gi-tooo, oba, oba!," referência a uma música do grupo baiano Chiclete com Banana. A salada de frutas musical continuou com o DJ soltando o hit Faraó Divindade do Egito - do refrão "Êeee, faraó" - e outros axés, muito provavelmente desconhecidos pelas atletas.

Um grupo de brasileiras gritava "Vai, Egito", munido de uma bandeira do país. As irmãs Débora e Renata Rosenbaum são judias e dizem que querem apoiar os "primos" e estimular um movimento pela paz mundial. "Viemos torcer pelo mais fraco e pela luta delas. Imagina o que passaram para chegar até aqui", diz Débora.

Pontos moeda