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Implacável e cirúrgico, Bahia faz 3 a 0 no Flamengo em casa e põe fim a jejum

O Bahia talvez tenha feito a atuação mais cirúrgica de uma equipe nesta edição do Campeonato Brasileiro neste domingo. Diante de um Flamengo apático, sem a menor criatividade na frente e lento na marcação, o time baiano marcou todos os gols da vitória por 3 a 0, na lotada Arena Fonte Nova, em Salvador, pela 13.ª rodada, ainda no primeiro tempo, com "hat-trick" (três gols) do centroavante Gilberto.

Jogando com inteligência e muita velocidade, os comandados do técnico Roger Machado foram implacáveis em três tentativas que resultaram em três gols apenas no primeiro tempo, dando fim a um jejum de sete jogos sem vencer - cinco deles no Brasileirão - e chegando aos 19 pontos após 13 rodadas na competição. De quebra, ainda acabaram com a sina de não vencer o adversário há cinco anos.

Já o time do treinador português Jorge Jesus, que tomou pela primeira vez mais de dois gols em uma partida no ano, sofreu a sua terceira derrota no Brasileirão, mostrando que ainda precisa de muitos ajustes para se tornar a equipe competitiva que demonstra ser no Maracanã em compromissos fora de casa. Estacionado nos 24 pontos, o Flamengo, um dos postulantes ao título, perde ainda mais contato com o líder Santos, que goleou o Goiás neste domingo por 6 a 1 e chegou aos 32.

A chave para a vitória da equipe baiana neste domingo passou por um primeiro tempo quase impecável. Atento na marcação, o time de Roger Machado exercia forte pressão na saída de bola do Flamengo e não dava espaços quando os cariocas chegavam ao ataque. Nesta situação, sempre que roubavam a bola, apostavam pesado na velocidade para vencer uma lenta e adiantada defesa dos cariocas.

A tarefa ainda foi facilitada pela tremenda apatia dos comandados de Jorge Jesus. Com Arrascaeta - substituindo o suspenso e lesionado Gabriel - improvisado no ataque ao lado de Bruno Henrique e uma parte defensiva que contava pela primeira vez com um ainda nitidamente fora de ritmo Filipe Luís na esquerda, a estratégia vencedora dos baianos estava desenhada.

Mesmo com uma ótima chance evitada pelo goleiro Douglas aos 14 minutos, em uma boa cabeçada de Arrascaeta, a equipe da Gávea teve de se acostumar a uma realidade que se estenderia por quase todo o jogo a partir dos 19 minutos: os contra-ataques avassaladores do time de Roger Machado.

Em lançamento da direita para o meio, Gilberto recebeu livre na entrada da área e tocou na saída vacilante de Diego Alves para abrir o placar. A arbitragem ainda demorou mais de dois minutos para analisar, no VAR, um possível impedimento do ataque baiano, mas confirmou o gol, para delírio de uma Arena Fonte Nova com mais de 40 mil torcedores.

Aos 30 minutos, a marcação pressão na saída de bola do Bahia resultou na ampliação do placar. Pablo Marí recuou uma bola para a perna direita de Diego Alves. O goleiro rubro-negro, que é canhoto, mandou um chute fraco que acabou nos pés de Gilberto. O centroavante pensou rápido e mandou direto para o gol desguarnecido: 2 a 0.

A partir daí, em uma tentativa desesperada para reagir, os cariocas intensificaram a posse de bola - o primeiro tempo terminou com 68% para o Flamengo, contra apenas 32% do Bahia - e subiram de vez as linhas, passando a atuar com praticamente o time todo no campo ofensivo, mas sem penetração.

Foi a senha para o terceiro gol baiano, aos 50 minutos. Em mais um contragolpe mortal após um escanteio do Flamengo, quatro jogadores do Bahia confrontaram apenas dois defensores flamenguistas. O resultado foi mais uma conclusão precisa de Gilberto para marcar pela terceira vez na partida e praticamente decidir o confronto antes do intervalo.

Na volta para o segundo tempo, mesmo com a disposição do time carioca mantida para dominar as ações, quem esteve mais perto de marcar o tempo inteiro foi o Bahia. O Flamengo rigorosamente não obrigou Douglas a realizar nenhuma boa defesa na segunda etapa. Do outro lado, em pelo menos duas oportunidades, Diego Alves teve de se esticar para evitar uma goleada.

Especialmente pelo lado direito da defesa carioca, o Bahia chegou diversas vezes com perigo em boas jogadas do lateral-esquerdo Moisés e do meia Ramires, que substituiu o lesionado Giovanni no final da etapa inicial.

No fim, ainda houve tempo para a expulsão do atacante Fernandão, que entrara poucos minutos antes no lugar do destaque do dia, Gilberto. O reserva foi excluído da partida por ofender o árbitro paulista Flávio Rodrigues de Souza. Mas nada poderia retirar o brilho da atuação cirúrgica da equipe da casa. Com direito a gritos de "olé" no final.

FICHA TÉCNICA

BAHIA 3 x 0 FLAMENGO

BAHIA - Douglas; Nino Paraíba, Lucas Fonseca, Juninho e Moisés; Gregore, Flávio e Giovanni (Ramires); Artur, Gilberto (Fernandão) e Lucca (Élber). Técnico: Roger Machado.

FLAMENGO - Diego Alves; Rafinha, Thuler, Pablo Marí e Filipe Luís (Renê); Piris da Motta (Reinier), William Arão, Gerson e Everton Ribeiro; Arrascaeta (Berrío) e Bruno Henrique. Técnico: Jorge Jesus.

GOLS - Gilberto, aos 19, aos 30 e aos 50 minutos do primeiro tempo.

CARTÕES AMARELOS - Ramires (Bahia); Rafinha (Flamengo).

CARTÃO VERMEHLO - Fernandão (Bahia, no banco de reservas).

ÁRBITRO - Flávio Rodrigues de Souza (SP).

RENDA - R$ 1.731.510,00.

PÚBLICO - 43.099 pagantes.

LOCAL - Arena Fonte Nova, em Salvador (BA).