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Ciência ajuda a diminuir lesões e molda o campeão Palmeiras

Redação Folha Vitória

São Paulo - A primeira coisa que um jogador do Palmeiras faz quando chega para treinar é tirar uma foto. Mas não é preciso falar "xis". A câmera termográfica mede o desgaste físico a partir da temperatura corporal. No treino, ele é monitorado por um GPS que mede piques, mudanças de direção e até trombada. Em tempo real, o preparador físico recebe os dados. No final do dia, os 35 atletas recebem uma garrafinha com seu nome para repor a energia. A ciência faz o dia a dia do campeão.

O Palmeiras não inventou a roda. O fisiologista Turíbio Leite de Barros, um dos primeiros a escalar a ciência como titular nos clubes de futebol, ainda na década de 1980, explica que os times grandes estão parelhos hoje em dia. Um dos diferenciais do Palmeiras é fazer o que todo mundo faz de um jeito mais eficiente, compartilhando o dado científico e conquistando resultados práticos.

Entre 2015 e 2016, as lesões musculares despencaram de 36 para 13. Além disso, o tempo médio de recuperação caiu de 24 para nove dias. Todos os atletas lesionados voltaram antes do prazo previsto - só Edu Dracena retornou "em cima da pinta".

O caso mais emblemático foi de Gabriel Jesus. Por três vezes, ele defendeu a seleção e, horas depois, jogou pelo Palmeiras. Como a maioria dos aparelhos é portátil, ele fez sua recuperação no avião.

Com todos os atletas na mão, o técnico Cuca repetiu várias vezes a mesma escalação, fazendo um time entrosado e coeso. "Não é possível ter resultados continuados no futebol sem ciência", diz Altamiro Bottino, coordenador científico.

Para Erik, tudo virou rotina. "No começo, a gente estranha o GPS (ele fica embaixo do uniforme), mas foi fácil se acostumar", diz o reserva. "Hoje, as informações ajudam até no descanso no final de semana."

O clube exibiu relutância em mostrar os aparelhos. Altamiro quer valorizar as pessoas, não as máquinas. Davi Mahamud é um dos profissionais. Após três anos de mestrado em Madri, o cearense se tornou um dos raros especialistas no País. Quando saiu do Botafogo, o departamento acabou, pois não havia substituto no mercado.

O assunto está engatinhando na área esportiva. Quando o músculo está sobrecarregado, ele desenvolve um processo inflamatório de regeneração, o que aumenta a temperatura da região. A câmera capta a radiação infravermelha e faz a tradução em graus Celsius. Davi explica que não é possível dizer que todos os jogadores têm o mesmo perfil térmico. Tudo tem ser individualizado.

Em uma sala cheia de monitores e notebooks, três analistas de desempenho esmiuçam a performance dos atletas com scouts que só o Palmeiras tem. Na análise dos rivais, o objetivo é encontrar padrões e evitar surpresas táticas. Com o apoio do pessoal da base e dos captadores, eles assistem 15 a 20 jogos por semana com um monitoramento total da Série B. Os jogadores de destaque ganham cor azul em um painel colorido. Os analistas evitam imagens do painel para evitar especulações. O azul é o primeiro passo para uma contratação.

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