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Comitê Rio-2016 fechará com estatais brasileiras para cobrir o buraco nos Jogos

Redação Folha Vitória

Rio -

Estatais e agências como a Petrobras, BNDES, Embratur, Apex e a Caixa Econômica Federal caminham para fechar um acordo para financiar o déficit dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, depois que o Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro (TRF-RJ) suspendeu uma liminar que proibia que verbas da União e da prefeitura do Rio fossem repassados ao Comitê Organizador da Olimpíada e Paralimpíada.

Nesta quinta-feira, o presidente interino Michel Temer fará uma visita aos locais olímpicos e a esperança do Comitê Olímpico Internacional (COI) e de federações internacionais é de que o assunto financeiro seja logo resolvido. Por anos, o Comitê Rio-2016 insistia que seus eventos não teriam recursos públicos. Mas fontes oficiais garantem que os acordos de patrocínio estão prestes a serem assinados.

Para os organizadores, uma liminar da Justiça do Rio de Janeiro inviabilizaria a realização dos Jogos Paralímpicos em setembro. A decisão exigia que o Rio-2016 tornasse público todos seus balanços, antes que voltasse a se beneficiar de mais dinheiro público. Mas o presidente do Comitê Organizador, Carlos Arthur Nuzman, e seu conselho não autorizaram a publicação completa dos balanços. Um outro obstáculo jurídico terá ainda de ser superado, com a existência de outra liminar que ainda veta os recursos da prefeitura.

Oficialmente, o dinheiro das estatais será usado para resgatar os Jogos Paralímpicos, em um valor que deve superar a marca de R$ 120 milhões. O Rio-2016, por conta de problemas de caixa, usou parte substancial do dinheiro que estava sendo programado para a Paralimpíada para cobrir gastos imediatos. O resultado foi o abandono das finanças do evento de setembro e o começo de um discurso entre políticos e organizadores de que toda a Paralimpíada é bancada em parte com recursos públicos.

Conforme o jornal O Estado de S.Paulo revelou, o Comitê Rio-2016 chegou a atrasar o pagamento de passagens aéreas para os atletas dos Jogos Paralímpicos, enquanto delegações inteiras alertam que podem não vir ao Brasil.

Segundo o Comitê Rio-2016, estatais não podem bancar eventos ou contas passadas. Mas podem fechar um entendimento para financiar a Paralimpíada, em uma manobra financeira que acabaria compensando o buraco atual. Um dos argumentos é de que a crise na economia brasileira levou ao déficit nos orçamentos.

DÉFICIT - O Ministério Público Federal, porém, insiste que esse déficit não tem relação com a recessão apenas. Documentos que fazem parte das investigações do Ministério Público Federal e obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo revelam que já em 2010 e 2012 o buraco nas contas do evento aumentava de forma exponencial.

O levantamento aponta que, ao longo dos anos e mesmo em num momento de expansão da economia brasileira, o Comitê Rio-2016 não conseguia fechar as suas contas. Em 2010, o buraco era de R$ 22,6 milhões. Em 2012, ele já tinha saltado para R$ 90,6 milhões. Naqueles anos, o PIB nacional chegou a crescer 7,5%.

Em maio deste ano, mais R$ 900 milhões foram cortados em gastos na esperança de fechar o orçamento. Mas ainda assim o déficit não conseguiu ser evitado. Nesta semana, os organizadores do Rio-2016 confirmam que irão precisar de ajuda de dinheiro público. "Para realizar os Jogos Paralímpicos como precisamos fazer, precisamos de um apoio financeiro. Todos os Jogos tiveram apoio de países. Os ingressos não decolaram e não conseguimos acordos com patrocinadores", justificou Mario Andrada, diretor de Comunicação do Rio-2016.

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