Esportes

Paixão pelo futebol nos EUA aumenta cada vez mais

Paixão pelo futebol nos EUA aumenta cada vez mais Paixão pelo futebol nos EUA aumenta cada vez mais Paixão pelo futebol nos EUA aumenta cada vez mais Paixão pelo futebol nos EUA aumenta cada vez mais

Salvador – Por 90 minutos, Barack Obama esqueceu os problemas do mundo e grudou os olhos na TV do Air Force One. Ao mesmo tempo, Heather Bannon juntava um grupo de amigos em Viena, na Áustria. Em comum, o homem mais poderoso do planeta e a anônima gerente de hotel tinham o desejo de acompanhar o jogo da seleção dos Estados Unidos contra a Alemanha, que acabou dando aos norte-americanos uma vaga nas oitavas de final da Copa do Mundo.

O comportamento foi repetido por milhares de pessoas em cidades como Miami, Nova York e San Francisco. A febre do futebol contaminou o país do basquete. Se antes os norte-americanos eram completamente alheios ao esporte, hoje eles parecem, definitivamente, ter entendido a sua dinâmica.

A audiência da partida contra Portugal superou os 25 milhões de espectadores, número superior às finais da NBA e da World Series, a final do beisebol. A liga local tem média de mais de 18 mil espectadores (o Campeonato Brasileiro do ano passado registrou média de 14,9 mil) e segue em processo de expansão territorial e financeira. A imprensa dedica capas à seleção de Jurgen Klinsmann e uma chuva de propagandas com Pelé, Neymar e até a supermodelo Adriana Lima invadiu a TV.

“O futebol está chegando a novos níveis nos Estados Unidos. Neste momento, a Copa do Mundo é uma febre em nosso país”, disse o capitão Kyle Beckerman. Os números não mentem; além da audiência histórica, os norte-americanos foram os que mais compraram ingressos para acompanhar os jogos – mais de 198 mil, número maior do que os “copeiros” argentinos, alemães e ingleses juntos. Os que não virão ao Brasil estão se aglomerando em verdadeiras multidões em parques, bares e outros espaços públicos a ponto de uma petição pública ser criada pedindo para que o governo decrete feriado para a população acompanhar a seleção.

A atual realidade é ainda mais impressionante se for levado em conta que há 20 anos o futebol era praticamente inexistente no país. A realização da Copa em 1994 e a boa campanha – derrubaram a forte Colômbia na fase de grupos e pararam nas oitavas, em jogo muito disputado contra o Brasil -, aliadas à criação da Major League Soccer (MLS), dois anos depois, foram responsáveis pela revolução.

“Eles foram nossos heróis e tiveram um impacto muito grande sobre nós”, elogiou Beckerman, ao falar da geração de Tony Meola, Alexi Lalas, Marcelo Balboa e Cobi Jones.

Estima-se que os Estados Unidos tenham cerca de 20 milhões de praticantes de futebol e pesquisas mostram o esporte como o segundo mais popular entre jovens de 12 a 24 anos, o que indica que a febre tem enorme potencial de popularização.

DÚVIDAS – Mas ainda há quem resista ao esporte por não enxergá-lo como justo ou sem muitas emoções. “Acho que um a cada cinco jogos deve ser legal”, reclamou o concierge Josh Johnson, fã de basquete e beisebol.

Um exemplo de como as regras do esporte ainda confundem boa parte dos norte-americanos pôde ser vista nas redes sociais. Muita gente não conseguia entender como a seleção, mesmo derrotada pela Alemanha, conseguiu passar de fase. “No último jogo (contra Portugal), empatamos e sentimos como se fosse uma derrota. Hoje, perdemos e sentimos como se fosse uma vitória. Futebol é muito confuso”, disse Sturdy Smith.