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Pan de Santiago tem um terço da audiência com transmissão apenas no streaming

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Pela primeira vez desde 1995, os Jogos Pan-Americanos não têm transmissão da TV aberta ou fechada no Brasil. Custo do pacote e análise dos retornos de audiências e de patrocínios nas últimas edições fizeram com que as emissoras brasileiras se afastassem da cobertura da competição nesta edição, que é sediada em Santiago, no Chile. Para o torcedor e apaixonado pelo esporte, a única opção é o streaming: o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e a CazéTV transmitem o evento em suas plataformas no YouTube e Twitch. A competição teve início no dia 20 de outubro e se encerra neste domingo. O streaming é uma plataforma forte, mas ainda precisa da ‘ajuda’ das mídias tradicionais.

Os eventos, assim como na TV aberta, não têm custo para o espectador, que precisa apenas de um sinal de internet para acompanhar as transmissões do Pan. Nas edições de 2011, 2015 e 2019, a Record teve a exclusividade da transmissão na rede aberta – o contrato foi rescindido durante a pandemia da covid-19 devido aos custos que a parceria tinha sobre os cofres da emissora. A Globo não chegou a um acordo financeiro com a PanAm Sports, que detém os direitos da transmissão, para o evento desde ano: a organização pedia cerca de R$ 50 milhões.

A falta de audiência foi o principal motivo para que não houvesse um acordo para a TV aberta e fechada. Dessa forma, o COB, que adquiriu os direitos do Pan, e a CazéTV, em parceria da LiveNation, se uniram para mostrar as disputas. A ausência da TV impacta nos números da audiência, cobertura do evento e engajamento dos brasileiros às disputas. Em 2019, a Record somou 95 milhões de espectadores em seus canais; quatro anos antes, em Toronto, o SporTV (fechado) acumulou 22 milhões durante toda a competição.

A CazéTV conta com mais de 9,4 milhões de inscritos no YouTube, enquanto o canal do Time Brasil, do COB, ultrapassou a marca de 200 mil inscritos durante a cobertura do Pan de Santiago – aumento superior a 100% em relação ao número pré-Pan de Santiago. Para a cobertura do COB, há quatro canais disponíveis para exibir a competição na plataforma, que fazem homenagem a quatro ícones da história olímpica do Brasil: Maria Lenk, Adhemar Ferreira da Silva, Aída dos Santos e Chiaki Ishii.

Antes do último fim de semana de eventos no Chile, os canais do COB somam 30 milhões de espectadores, de acordo com a entidade. Paulo Conde, diretor de comunicação do Comitê, afirma ao Estadão que o cenário de transmissão, exclusivo no streaming e sem a cobertura da “mídia tradicional”, não é o ideal – algo feito às pressas para possibilitar que o público brasileiro pudesse ter acesso ao Pan. “Como as TVs não compraram os direitos, o COB comprou ali, já em cima da hora, para garantir uma exibição para o território nacional. Ficamos satisfeito de ter conseguido montar essa operação”, afirma.

Os números são maiores do que no passado em comparação com a TV, mas apenas 33% em relação à última edição. Está mais escondido, portanto. É superior, por exemplo, à marca do SporTV, em 2015, quando obteve audiência de 22 milhões de telespectadores ao final dos Jogos de Toronto. Em engajamento nas redes, o COB lidera os perfis dos comitês e está a 20 mil inscritos de superar os EUA como o maior canal no YouTube. “Não queremos competir ou concorrer com a mídia tradicional. O que notamos é que houve uma queda nos investimentos da cobertura dos esportes olímpicos depois de 2016, quando o Brasil sediou a Olimpíada do Rio. A ideia do COB é suprir, assim como outros comitês fazem, essa ausência com canais próprios”, afirmou Conde.

A CazéTV também foi contatada pela reportagem do Estadão para informar sobre os números da audiência do canal com os Jogos Pan-Americanos de Santiago, mas não respondeu até sua publicação.

DIFICULDADES DO STREAMING

“O sentimento do COB é de que os Jogos deveriam estar na TV aberta.” Apesar do crescimento expressivo no streaming, Conde é enfático ao afirmar que a ausência do Pan na TV impacta na forma como as pessoas interagem com a competição. “Não é algo que nos deixa confortável. A transmissão neste ano foi uma solução encontrada, mas não é o ideal. Quanto maior o alcance do Movimento Olímpico, melhor. É um sinal de que o nosso trabalho está sendo bem feito.”

Para a Olimpíada de Paris, a Globo voltará a ser o principal player das transmissões. O COB, por sua vez, irá explorar os conteúdos com atletas, como entrevistas, para fortalecer o engajamento do espectador e o torcedor nas redes sociais. “Temos noção de que o Pan-Americano poderia ter mais visibilidade, mas foi a solução encontrada (em Santiago).”