
Daniel Canny começou a praticar esportes na infância, por indicação médica após uma crise de asma. Passou por várias modalidades, até se encontrar na corrida. Situação bastante comum para a maioria das pessoas. O que não é nada comum é o nível de alto rendimento que ele alcançou na modalidade.
Aos 36 anos, ele será o único capixaba na fase final da One Hundred, um circuito de ultramaratonas que terá seu encerramento no dia 15 de novembro em Nova Trento (SC). Nela, Daniel vai correr 200 milhas (320km).
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Ultramaratonista após acidente de moto
Daniel começou a praticar esportes com regularidade aos 11 anos, após uma parada respiratória e de alguns duas internado alguns dias devido a uma crise de asma.
Jogou futsal na adolescência e foi também bodyboarder e ciclista de mountain bike já na juventude e início da vida adulta. Acabou se afastando dos esportes por conta da correria da vida profissional, mas voltou às práticas esportivas para combater dois males que afetam grande parte da população mundial atual: depressão e ansiedade.
“Retomei a atividade física como forma de recuperar minha saúde emocional, pois em 2018 tive que fechar minha agência de publicidade e comecei a sentir na pele, literalmente, o que a depressão e ansiedade estavam fazendo comigo”, conta.
A corrida, então, entrou na vida do esportista. Mas ainda eram distâncias “normais”, até que ele sofreu um acidente de moto que transformou a sua vida. Ali, a “chave virou”.
“De 2020 a 2022, eu corria de forma recreativa. O máximo que almejava era concluir uma maratona. A virada de chave foi em 2023: sofri um acidente de moto no final de 2022, um caminhão bateu em mim. Tive uma laceração na canela, levei quase dois meses para voltar a andar. Uma parte do meu processo de fisioterapia foi na água e aproveitei para aprender a nadar… Então, em 2023, me desafiei ao extremo para a minha condição física naquele momento: em junho fiz a prova Triathlon Iron Cruz, em agosto fiz a Maratona de Vitória e em dezembro fiz uma ultramaratona de 12 horas”, lembra.
A adaptação às provas de longa duração veio não somente na parte física, mas principalmente na questão mental. E Daniel se encontrou como ultramaratonista e praticante de corridas de montanha.
“Decidi tornar o esporte meu estilo de vida e hoje minhas provas-alvo são ultramaratonas de trilha e montanha, principalmente acima dos 100km”, explica.
Capixaba vai correr 320km sem parar
Daniel Canny é o único capixaba classificado para a fase final da One Hundred. Para isso, correu 256 km na BR-135, realizada no Caminho da Fé, que passa por municípios do interior de Minas Gerais e São Paulo até Aparecida, em 59 horas, em janeiro deste ano. A prova valeu a vaga para a fase final do circuito.
Em Nova Trento, serão 320km de corrida contínua, ou seja, sem parar. E com tempo limite de 88 horas. Quem ultrapassar este prazo estará eliminado.
“No meu ponto de vista, o desafio de uma ultramaratona começa bem antes da largada, começa no ciclo de treinamento. Que varia entre correr quatro a sete vezes por semana, com treinos de 40km a 80km, dependendo do período. Além disso, tem os treinos de fortalecimento três vezes por semana. Não é que a prova não seja desafiadora, afinal, numa ultramaratona muita coisa pode acontecer no percurso. Mas eu vejo que ali é a última etapa de um ciclo que levou de um a dois anos de preparação”, avalia.
Será a primeira vez dele na One Hundred, um dos circuitos mais exigentes do mundo em relação a corridas de longas distâncias e trilhas.
O objetivo? Completar abaixo do tempo limite. Para isso, ele conta com o apoio diário da noiva, Estela Moyses, e da equipe técnica formada pelo treinador de corrida Carlos Gusmão, o preparador físico Egydio Costa e a nutricionista Kelly Rasseli.
“O grau de exigência e dificuldade desta prova é muito grande devidos a alguns fatores. As 200 milhas (320km), modalidade que farei, passa por vários tipos de terrenos: zona urbana, praia, trilha, montanha e estradas de terra. Chegando a um ganho altimétrico de 14.000 metros pelo desnível acumulado! Isso equivale a quase dois Everest em linha reta! As condições climáticas costumam ser um dos pontos mais desafiadores, posso correr com sol e calor durante o dia, na beira da praia e à noite, ter chuva e frio dentro da mata fechada. Meu objetivo nesta prova é o mesmo que está em minha mente em todas as largadas: concluir abaixo do tempo limite, na melhor condição possível para mim no dia prova. A minha colocação em relação a outros atletas é uma consequência ligada a vários fatores”.