
O Osasco São Cristóvão Saúde conquistou o seu sexto título da Superliga Feminina de Vôlei ao vencer o Sesi Vôlei Bauru por 3 sets a 1 (26/24, 19/25, 28/26 e 25/20), no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (SP).
Os destaques da equipe foram a ponteira campeã olímpica Natália e a ponteira/oposta Tifanny, que se torna a primeira atleta trans a vencer a principal competição do vôlei feminino do País.
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“Tem mulher trans campeã da Superliga”
Tiffany Abreu, de 40 anos e 1,94 m de altura, é a primeira e única atleta transgênero na elite do vôlei brasileiro. Ela foi a segunda maior pontuadora de Osasco na final da Superliga, com 24 pontos, e marcou o último ponto decisivo da partida.
Já com a medalha no peito, comemorou com um discurso emocionado.
“Estou em choque ainda por saber que estou aqui representando toda a classe LGBTQIA+, pessoas trans, pessoas jovens que acreditam no esporte. Saí de uma cidade pequena do interior do Pará, onde o nosso esporte era de rua, mas eu sonhei em ser uma atleta profissional vendo essas jogadoras aqui (Sheilla Castro e Virna) que me inspiraram. Obrigada por existirem. Hoje eu inspiro muitas outras meninas e faço parte do sonho delas”.
Esta foi a terceira conquista de Tiffany na temporada, somando-se ao título do Campeonato Paulista e da Copa Brasil de Vôlei. Uma temporada incrível para uma atleta trans no País que mais mata pessoas trans e travestis no mundo pelo 16º ano consecutivo, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
“Muitas crianças e adolescentes se inspiram em mim e acreditam que podem, sim, voltar a brilhar e a ter um lugar ao sol. Pessoas trans saem da escola muito cedo por transfobia, não têm espaço no mercado de trabalho, não têm visibilidade. A cada dia que passa, mais pessoas estão tendo essa visibilidade, e eu sou a representante do esporte. Vou ficar mais feliz quando houver outras pessoas trans no esporte, representando também”.
Quem é Tiffany Abreu
Natural da cidade de Conceição do Araguaia (PA), Tifanny inicou sua transição de gênero em 2012. A atleta recebeu autorização da Federação Internacional de Vôlei em 2017 para competir na categoria feminina. Desde então, segue todas as diretrizes da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para atuar nas quadras.
Antes de jogar em campeonatos femininos, disputou a Superliga e outros campeonatos masculinos, ainda como Rodrigo, nas ligas da Indonésia, Portugal, França, Espanha, Holanda e Bélgica.
Mesmo atendendo aos critérios definidos pela CBV,Tifanny é alvo de críticas por ocupar espaço de destaque no esporte. Pelas regras da CBV, a atleta trans deve ter taxa de testosterona (hormônio sexual masculino) inferior a 5 nmol/L (nanomoles por litro).
“Nessa fase final, decidi sair das redes sociais. Mesmo quando eu não quero, alguém me marca em alguma coisa que machuca. Machuca escutar tanta transfobia, tantas coisas ruins. Quis me concentrar nos playoffs”, contou a agora campeã da Superliga, que é casada com o jogador de futebol Victor Emmanoel Metz.