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Referência FC tenta potencializar repertório de jovens craques

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De segunda a sexta-feira, garotos com idades entre 14 e 17 anos adentram o Clube Atlético Jaguaré Unido, na zona oeste de São Paulo, para dar novos passos rumo ao sonho que move milhões de jovens: o de se tornar atleta de futebol profissional. Suporte e treinamento são fornecidos pelo Referência FC, projeto liderado por Walter Junior, ex-jogador e mestre em biomecânica pela Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Os que ali chegam desavisados se deparam, antes de a bola rolar, com uma fórmula comum às famosas escolinhas de futebol. São dois campos de gramado sintético, um de proporções profissionais e outro de futebol society. Os garotos chegam prontos para as atividades. Passam rapidamente pelos vestiários improvisados para terminar de se arrumar. Uniforme no jeito, chuteira calçada e o campo já ganha as primeiras bolas, cones e outros equipamentos. Treinador e auxiliar reúnem os jovens junto a uma lousa tática. Naquele instante o panorama se redesenha e a impressão inicial se transforma completamente.

Goleiros fazem um trabalho específico com um preparador, os demais se posicionam para uma atividade de posse e recuperação de bola. Do alto de um andaime, uma plataforma serve de observatório para visualizar detalhes que do nível do gramado, por vezes, passam despercebidos. A organização da atividade ganha proporções que fazem esquecer qualquer comparação com uma escolinha de bairro.

Nem mesmo o céu nublado e a chuva que caiu horas antes naquele dia atrapalharam o desenrolar do treino. Ao longo de pouco mais de uma hora de atividade do sub-17 do Referência FC, o treinador planejou diferentes exercícios de estímulo à capacidade técnica e tática dos meninos. A inspiração é o Barcelona. Waltinho morou na capital da Catalunha, na Espanha, por oito anos. Foi lá que desenvolveu seu conhecimento em gestão esportiva e formação de atletas.

“O que a gente quer é que aquele menino bom de bola potencialize seu repertório e consiga jogar em equipe. Quando você trabalha taticamente, está valorizando essa parte do jogador ser diferenciado. Temos uma filosofia, uma ideia de atuação em tudo. E essa ideia passa por todas as categorias”, diz Walter Junior.

O Referência FC surgiu em 2018 com o objetivo de ser apenas um clube formador. Hoje conta com 120 jogadores, das categorias sub-9 à sub-17, e já participa de torneios da Federação Paulista de Futebol com o sub-15 e o sub-17. O próximo passo é estar nas competições oficiais sub-11 e sub-13. O projeto tem um único investidor e Bruno Petri – que já foi técnico da base de Palmeiras e São Paulo – é o gerente de captação.

O clube compreendeu a posição que o Brasil exerce no mercado da bola. As categorias de base alimentam o caixa e fazem o futebol acontecer no profissional. A revelação de atletas rende bons frutos a médio e longo prazos.

5% NOS CONTRATOS.

O clube não faz contrato de formação com seus jogadores, tampouco cobra qualquer valor dos atletas para participação nos treinamentos. Tudo é bancado pelo investidor, que pretende acumular receitas a longo prazo, quando obtiver a certificação do Referência FC como clube formador emitida pela CBF e a consequente proteção dada pela Fifa com o mecanismo de solidariedade, que garante ao time formador compensação financeira de até 5% mediante qualquer negociação de direitos econômicos de jogadores.

O clube já está presente no mercado do futebol. Acordos foram sacramentados com Athletico-PR, Flamengo e São Paulo. A sede oficial do Referência FC fica na cidade de Embu das Artes, no entanto, os treinamentos são realizados no Jaguaré por ser um local mais central e que facilita o translado dos jogadores.

“Estamos conquistando os objetivos por causa da organização. Um alimenta o sonho do outro: os meninos, profissionais e dirigentes”, valoriza Walter Junior à reportagem do Estadão. “Hoje temos os problemas que sempre quisemos ter: quem vou convocar para o jogo, quem será o titular… O comprometimento é máximo, os garotos não perdem um treino. É um salto importante em um cenário tão difícil como o do futebol”, finaliza.