Esportes

Secretário-geral da CBF diz que há risco aos clubes no Profut

Feldman argumenta que a fase administrativa da obtenção da CND às vezes demora 2 anos e esse tipo de situação, se vier a ocorrer, deixará o clube numa fase muito difícil

Secretário-geral da CBF diz que há risco aos clubes no Profut Secretário-geral da CBF diz que há risco aos clubes no Profut Secretário-geral da CBF diz que há risco aos clubes no Profut Secretário-geral da CBF diz que há risco aos clubes no Profut
Além disso, diz Ambiel, se algo der erradi, os clubes têm um caminho seguro para, estando com as obrigações em dia Foto: R7

São Paulo – Uma das queixas da CBF à lei que prevê o refinanciamento da dívida fiscal dos clubes brasileiros foi um veto relacionado à apresentação da Certidão Negativa de Débitos (CND). O Profut, sancionado no dia 5 de agosto pela presidente Dilma Rousseff, prevê o rebaixamento do clube que não apresentar a certidão – o que poderia representar que o compromisso de pagar em dia os compromissos não foi honrado. No entanto, há o temor de que o clube não obtenha a CND por causa da burocracia. Por isso, a CBF negociou uma espécie de “cláusula de proteção” contra essa possibilidade. Mas Dilma vetou, desagradando aos dirigentes.

“(A cláusula) foi muito bem elaborada para que a CND, do jeito que é muitas vezes burocrática, o que dificulta o saneamento das empresas, tivesse uma ressalva. Foi vetado exatamente a ressalva”, lamentou em conversa com a reportagem o secretário-geral da CBF, Walter Feldman. Ele reconhece que o Profut é um avanço, tem vários aspectos positivos, mas lamenta alguns vetos, por considerar que compromete o equilíbrio da lei.

Feldman argumenta que a fase administrativa da obtenção da CND às vezes demora 2 anos e esse tipo de situação, se vier a ocorrer, deixará o clube numa fase muito difícil. “É uma pendência que muitas vezes nem a Justiça resolve, deixa o clube num profunda instabilidade. A medida aprovada pela Câmara era muito equilibradora dos excessos da CND. A fase administrativa é muito perversa e pode demorar longo período e pode tirar os times dois anos do campeonato por conta de uma medida que logo depois será resolvida. É (algo muito) sério.”

Mas o advogado Carlos Eduardo Ambiel, especialista em direito esportivo e um dos autores do texto do Estatuto do Torcedor, entende ser “precipitado” prever esse tipo de problema. “Pode haver burocracia, mas há um tempo razoável para isso (obter a certidão). A lei foi promulgada em agosto e o próximo campeonato com mais uma divisão só vai ser iniciado ano que vem”, pondera. Ele se refere ao fato de que o Campeonato Brasileiro, das Séries A e B, só terá início em abril de 2016. A disputa nas Séries C e D só começa depois disso.

Além disso, diz Ambiel, se algo der erradi, os clubes têm um caminho seguro para, estando com as obrigações em dia, evitar o rebaixamento: a Justiça. “Se os clubes aderirem à questão do parcelamento, que é uma possibilidade que está aberta até 30 de novembro, a tendência é que haja a declaração”, acredita. Para o especialista, mesmo se a CND não for emitida a tempo não haverá motivo para o clube se desesperar – desde, claro, que esteja em dia com suas obrigações. “Obviamente, se um ou outro clube tiver dificuldade dentro da questão da burocracia dos órgãos administrativos, há sempre o socorro do Poder Judiciário para que formalize uma demonstração de que houve um parcelamento e há regularidade de pagamento”, explica Ambiel.

Nesse caso, a agremiação terá garantido o direito de disputar a competição para a qual se habilitou, independentemente da demora administrativa. Ambiel considera que, mesmo com os vetos, o Profut tem aspectos positivos que merecem ser enfatizados. “Foi feito um novo sistema de parcelamento para as entidades de futebol, e a grande diferença do que ocorreu nos programas anteriores é que agora, como contrapartida pela redução das multas, dos juros, encargos e extensão do prazo de pagamento (240 meses) o governo exigiu uma série de obrigações”, analisa. “Obrigações que em tese podem mudar a forma como o esporte brasileiro, e o futebol em especial, é gerido.”