O técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, foi condenado a um ano de prisão por suposta fraude fiscal na Espanha. Ele sofreu também uma multa de quase 400 mil euros, cerca de R$ 2,4 milhões, pelo câmbio atual.
O treinador e a CBF ainda não se manifestaram sobre a decisão judicial que foi publicada nesta quarta-feira (9).
Ancelotti teria cometido crime contra o Tesouro Público espanhol no ano fiscal de 2014, por não pagar impostos. Ele também foi julgado por denúncia semelhante para o ano fiscal de 2015, mas foi absolvido.
Ancelotti será preso?
Apesar da punição, a tendência é que o italiano não vá para a cadeia, mesmo com a decisão da Justiça.
É que a legislação espanhola prevê a opção de “suspensão ordinária da pena”, que é aplicável para condenações de prisão inferiores a dois anos, caso o réu não tenha antecedentes criminais e também tenha reparado o crime cometido. Ancelotti, a princípio, se encaixa nas três situações.
Italiano perde direito a incentivos fiscais
A condenação foi decidida pela 30ª Seção da Audiência Provincial de Madri, que impôs multa de 386 mil euros.
O treinador da Seleção Brasileira perdeu a possibilidade de obter auxílios ou subsídios públicos na Espanha e o direito de usufruir benefícios ou incentivos fiscais ou da Previdência Social por três anos.
O treinador italiano trabalhou por duas vezes na Espanha, ambas no comando do Real Madrid, entre 2013 e 2015 e, mais recentemente, entre 2021 e 2025, antes de ser contratado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para comandar a Seleção Brasileira nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026.
A denúncia do Ministério Público espanhol, portanto, se refere ao primeiro período em que Ancelotti morou em solo espanhol, na década passada. O italiano foi acusado de ter fraudado o erário em pouco mais de 1 milhão de euros (1.062.079, equivalente a quase R$ 7 milhões) ao não pagar impostos nos exercícios fiscais de 2014 (386.361 euros) e 2015 (675.718 euros).
“Nunca pensei em cometer fraude”
O julgamento foi realizado nos dias 2 e 3 de abril no Tribunal de Madri. Na ocasião, o treinador alegou que nunca pensou em fraudar o Fisco e que fez o que o Real Madrid e seus assessores lhe disseram. Seus advogados pediram sua absolvição no caso.
“Para mim, tudo estava em ordem. Nunca pensei em cometer fraude”, afirmou Ancelotti, no início de abril, durante o julgamento.
Na ocasião, o técnico testemunhou por quase 40 minutos e afirmou que os detalhes sobre o pagamento dos seus salários pelo Real ficavam a cargo de um consultor britânico, baseado na Inglaterra.
“Eu só estava preocupado em ganhar 6 milhões de euros líquidos em três anos. Nunca percebi que algo não estava certo, e não fui informado de que estava sendo investigado. Eu nunca dei muita importância aos direitos de imagem. Treinadores não são tão importantes. Jogadores são, porque eles vendem camisas.”
Na ocasião, o filho de Carlo, Davide Ancelotti, também testemunhou no julgamento. Davide foi oficializado como novo técnico do Botafogo na terça-feira.
Ancelotti corria o risco de sofrer punição ainda mais severa. Na denúncia, o Ministério Público espanhol havia pedido pena de prisão de quatro anos e nove meses ao treinador italiano, além de multa de 3,2 milhões de euros pelos dois casos de suposta fraude fiscal (2014 e 2015).