Condenado

Ancelotti vai ser preso? Técnico da Seleção Brasileira é condenado por fraude fiscal

Técnico Carlo Ancelotti é condenado pela Justiça da Espanha por fraude no período em que comandou o Real Madrid entre 2013 e 2015

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09.06.2025 - Coletiva Carlo Ancelotti Foto: @rafaelribeirorio I CBF
Carlo Ancelotti assumiu a Seleção Brasileira este ano (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

O técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, foi condenado a um ano de prisão por suposta fraude fiscal na Espanha. Ele sofreu também uma multa de quase 400 mil euros, cerca de R$ 2,4 milhões, pelo câmbio atual.

O treinador e a CBF ainda não se manifestaram sobre a decisão judicial que foi publicada nesta quarta-feira (9).

Ancelotti teria cometido crime contra o Tesouro Público espanhol no ano fiscal de 2014, por não pagar impostos. Ele também foi julgado por denúncia semelhante para o ano fiscal de 2015, mas foi absolvido.

Ancelotti será preso?

Apesar da punição, a tendência é que o italiano não vá para a cadeia, mesmo com a decisão da Justiça.

É que a legislação espanhola prevê a opção de “suspensão ordinária da pena”, que é aplicável para condenações de prisão inferiores a dois anos, caso o réu não tenha antecedentes criminais e também tenha reparado o crime cometido. Ancelotti, a princípio, se encaixa nas três situações.

Italiano perde direito a incentivos fiscais

A condenação foi decidida pela 30ª Seção da Audiência Provincial de Madri, que impôs multa de 386 mil euros.

O treinador da Seleção Brasileira perdeu a possibilidade de obter auxílios ou subsídios públicos na Espanha e o direito de usufruir benefícios ou incentivos fiscais ou da Previdência Social por três anos.

Carlo Ancelotti no jogo Barcelona x Real Madrid, pelo Campeonato Espanhol
Carlo Ancelotti é o novo treinador da Seleção Brasileira (@realmadrid)

O treinador italiano trabalhou por duas vezes na Espanha, ambas no comando do Real Madrid, entre 2013 e 2015 e, mais recentemente, entre 2021 e 2025, antes de ser contratado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para comandar a Seleção Brasileira nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026.

A denúncia do Ministério Público espanhol, portanto, se refere ao primeiro período em que Ancelotti morou em solo espanhol, na década passada. O italiano foi acusado de ter fraudado o erário em pouco mais de 1 milhão de euros (1.062.079, equivalente a quase R$ 7 milhões) ao não pagar impostos nos exercícios fiscais de 2014 (386.361 euros) e 2015 (675.718 euros).

“Nunca pensei em cometer fraude”

O julgamento foi realizado nos dias 2 e 3 de abril no Tribunal de Madri. Na ocasião, o treinador alegou que nunca pensou em fraudar o Fisco e que fez o que o Real Madrid e seus assessores lhe disseram. Seus advogados pediram sua absolvição no caso.

“Para mim, tudo estava em ordem. Nunca pensei em cometer fraude”, afirmou Ancelotti, no início de abril, durante o julgamento.

Na ocasião, o técnico testemunhou por quase 40 minutos e afirmou que os detalhes sobre o pagamento dos seus salários pelo Real ficavam a cargo de um consultor britânico, baseado na Inglaterra.

“Eu só estava preocupado em ganhar 6 milhões de euros líquidos em três anos. Nunca percebi que algo não estava certo, e não fui informado de que estava sendo investigado. Eu nunca dei muita importância aos direitos de imagem. Treinadores não são tão importantes. Jogadores são, porque eles vendem camisas.”

Na ocasião, o filho de Carlo, Davide Ancelotti, também testemunhou no julgamento. Davide foi oficializado como novo técnico do Botafogo na terça-feira.

Ancelotti corria o risco de sofrer punição ainda mais severa. Na denúncia, o Ministério Público espanhol havia pedido pena de prisão de quatro anos e nove meses ao treinador italiano, além de multa de 3,2 milhões de euros pelos dois casos de suposta fraude fiscal (2014 e 2015).