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Tempo de bola rolando cresce em partidas do Campeonato Brasileiro desde 2014

Tempo de bola rolando cresce em partidas do Campeonato Brasileiro desde 2014 Tempo de bola rolando cresce em partidas do Campeonato Brasileiro desde 2014 Tempo de bola rolando cresce em partidas do Campeonato Brasileiro desde 2014 Tempo de bola rolando cresce em partidas do Campeonato Brasileiro desde 2014

São Paulo – A bola está rolando mais no Campeonato Brasileiro. Desde 2014, o tempo médio efetivo das partidas aumentou pouco mais de 4 minutos. É o que mostra o estudo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com base nas 10 primeiras rodadas das duas competições anteriores e da atual. E a tendência é de crescimento.

Em 2014, as 100 primeiras partidas apresentaram média de 52 minutos e 27 segundos de tempo efetivamente jogado. Em 2015, a média subiu para 54min05s e este ano atingiu 56min32s. São números melhores, por exemplo, que os definitivos das Copas do Mundo de 2010 (54min04s) e de 2014 (55min14s). A Fifa considera ideal que um jogo tenha no mínimo 60 minutos de bola rolando.

Curiosamente, essa evolução é consequência de uma medida que tem como objetivo combater as atitudes agressivas de jogadores e treinadores contra árbitros e auxiliares. Em 2015, a comissão de arbitragem da CBF lançou a campanha do respeito e determinou aos juízes que fossem mais rigorosos contra as constantes reclamações.

“A gente observou uma série de situações negativas contra os árbitros. Era árbitro sendo empurrado, jogadores partindo sistematicamente contra a arbitragem… Aí, instituímos a cruzada pelo respeito”, disse o presidente da comissão de arbitragem, Sérgio Correa.

A determinação foi para os juízes não tolerarem chiadeira exagerada e coações. A partir dela, aumentou o número de cartões e expulsões. A consequência foi que, com o tempo, as reclamações diminuíram em quantidade e intensidade e o jogo passou a fluir melhor.

“Esse (o aumento do tempo de bola rolando) não era o objetivo da CBF quando lançou a campanha do respeito, mas acabou acontecendo naturalmente”, considerou o ex-árbitro gaúcho Leonardo Gaciba, que tabula os dados para a CBF. “O objetivo era a diminuição do número de faltas, que realmente estava alto. Aí parou aquele negócio de jogador fazer bolo em volta do árbitro, que paralisa muito o jogo”.

Para Gaciba, no entanto, não é só isso. Ele vê outro fator importante para o crescimento do tempo de bola rolando. “Esse é um dos legados da Copa do Mundo. Os caras começam a ver o jogo mais intenso, mais jogado e começa a praticar. Estou falando de árbitro, jogador e treinador”.

O número de faltas também foi reduzido. Mas é o “ganho colateral” que chama mais atenção. A melhora é sensível. Considerando-se apenas as 10 primeiras rodadas, jogos com mais de 60 minutos ocorreram 6 vezes em 2014, 18 em 2015 e 34 neste Brasileirão, ou seja em 34% das partidas. Nos 100 primeiros confrontos de 2016, 5 tiveram mais de 70 minutos de jogo efetivo – Santa Cruz e Flamengo teve 73min17.

NADA DE META – Embora comemore, Sérgio Correa diz que a CBF não persegue um índice específico. “Não estabelecemos meta e sim o conceito. Se a tendência se confirmar, vamos ultrapassar os 100 jogos (com ais de 60 minutos, ao fim do campeonato). Mas não estamos preocupados com isso”, garantiu o dirigente, enfatizando que 4 minutos a mais em um jogo representa 1 quilômetro a mais percorrido pelo jogador.

Essa intensidade preocupa jogadores e treinadores, por causa do desgaste maior. “Os jogos são muito intensos e, para piorar, o desgaste dos atletas não são unicamente pelos 90 minutos. Temos que somar as viagens, o pouco tempo de descanso e para recuperação”, lamentou o técnico do São Paulo, o argentino Edgardo Bauza.