Grupos de torcedores capixabas de Flamengo e Palmeiras acompanham os times em viagens internacionais
Torcedores capixabas acompanhando o Flamengo nos EUA e o Palmeiras nos Emirados Árabes Unidos. Fotos: Arquivo pessoal

Faltando 48 horas para a final da Libertadores, torcedores de Flamengo e Palmeiras estão em contagem regressiva para a decisão no próximo sábado (29), às 18 horas (horário de Brasília), no estádio Monumental de Lima, no Peru.

A expectativa para conhecer o primeiro clube brasileiro a conquistar quatro títulos da Libertadores mexe com os torcedores. Os que vão assistir pela TV e, principalmente, os que vão viajar para assistir à final ao vivo no estádio.

O Flamengo tem três títulos da competição (1981, 2019 e 2022). O Palmeiras, outros três (1999, 2020 e 2021). Se depender de torcedores que irão sair do Espírito Santo rumo à capital peruana, apoio não vai faltar na briga pelo tetra.

Com o Flamengo em seis países

Alguns torcedores que moram no Espírito Santo irão encarar dias de viagens, conexões em outros países e até o desafio de enfrentar o patrão e a esposa para estar em Lima em busca da “Glória Eterna”.

Um grupo de capixabas que acompanha o Flamengo há anos estará presente na final deste sábado (29). Os amigos Rodrigo Storni, Victor Cavalcanti e Edevaldo Favato já compartilharam viagens, experiências, jogos e títulos com o Flamengo em seis países.

Grupo de amigos flamenguistas viajam para acompanhar o Flamengo, Mundial de Clubes no Estados Unidos
Amigos flamenguistas do ES no Mundial de Clubes de 2025, nos EUA (Foto: Arquivo pessoal)

O grupo vai para sua quarta final de Libertadores e espera ver o time campeão pela terceira vez. Eles estiveram nas conquistas de 2019, em Lima, e de 2022, em Guayaquil, no Equador.

Eles também foram para a final da Libertadores em 2021 em Montevidéu, no Uruguai, quando o Fla foi vice para o mesmo Palmeiras, e para os Mundiais de 2019 (Catar), de 2022 (Marrocos) e o Super Mundial de Clubes deste ano, nos EUA.

Desde 2019, a gente segue o Flamengo nos principais campeonatos, aproveitando a boa fase do clube. A gente tem uma rede de amigos que, onde tem finais de Libertadores e Mundial, sempre reúne de dois a quatro amigos para fazer a viagem. Nunca ninguém fica sozinho”

Victor Caldeira, torcedor do Flamengo

Seis voos em busca da glória eterna

Rodrigo Storni, de 37 anos, que trabalha com comércio exterior, já tem bilhete carimbado para estar em Lima neste sábado (29). Mais precisamente, são seis bilhetes.

Rodrigo Storni flamenguista na final da Libertadores 2022 em Guayaquil
Rodrigo na final da Libertadores de 2022: tatuagem feita após o título de 2019 (Foto: Arquivo pessoal)

Além do jogo, ele também pretende turistar pelo Peru e vai conhecer a cidade de Cuzco, onde vai passar cerca de três dias, antes de desembarcar em Lima.

A operação inclui um voo de Vitória para Florianópolis (SC); de Florianópolis para Santiago (Chile); de Santiago para Cuzco; e de Cuzco para Lima. Na volta, um voo de Lima para o Rio de Janeiro e outro do Rio até chegar finalmente em Vitória.

Vou primeiro para Cuzco fazer um pouco de turismo e só depois chego em Lima para o jogo. Saio do Brasil sozinho, porém, tenho alguns grupos de amigos indo e, então, estarei sempre com a galera”

Rodrigo Storni, torcedor do Flamengo

Já Victor Caldeira, petroleiro de 42 anos, vai apenas para ver o jogo. Ele conseguiu negociar dois dias de folga no trabalho para fazer a viagem. Ele sai do Brasil nesta quinta-feira (27) e levará 14 horas para chegar a Lima. A volta será na madrugada de terça-feira (2), com mais nove horas de viagem.

Victor Caldeira, flamenguista em jogos na Argentina e no Super Mundial de Clubes nos EUA
Victor Caldeira na semifinal contra o Racing, na Argentina, e no Super Mundial contra o Chelsea, nos EUA. Foto: Arquivo pessoal

Edevaldo Favato também vai apenas para a final. Ele conta que acompanha o Flamengo com frequência desde os 18 anos de idade. O empresário de 41 anos embarca rumo ao Peru na sexta-feira de madrugada, em um voo de 10 horas, e volta no domingo a noite para o Brasil, em mais 14 horas de voo.

A confiança e a vontade de acompanhar o Flamengo são tão grandes que os três seguiram o mesmo planejamento: comprar as passagens com antecedência, antes mesmo de saber se o time chegaria na final, com opção de cancelamento com reembolso total.

Edevaldo Favato na final da Libertadores de 2022 no Equador
Edevaldo Favato com bandeira do ES na final da Libertadores de 2022, no Equador (Foto: Arquivo pessoal)

Título e revanche contra o Palmeiras

O grupo de capixabas não esconde o otimismo para a decisão e espera que o jogo de sábado seja uma revanche do Flamengo contra o Palmeiras, após a Libertadores conquistada pelo alviverde em cima do rubro-negro em 2021.

Espero voltar com o título e ótimas lembranças de Lima e Cuzco. Sempre é bom viajar, aproveitar novos lugares e, se puder terminar com o título do Mengão, é melhor ainda”

Rodrigo Storni

Expectativa de um jogo muito difícil. São os dois melhores times da América, mas estou confiante na vitória do Flamengo. Nesses jogos importantes, o Flamengo cresce e a torcida vai estar pesada. Expectativa de voltar sendo o primeiro brasileiro tetra da Libertadores”

Victor Caldeira

Expectativa é título. Voltar tetracampeão”

Edevaldo Favato

Reforço também na torcida do Palmeiras

Torcedores do Palmeiras Chiqueiro Capixaba no Mundial de Clubes no Emirados Árabes Unidos
Grupo de palmeirenses do Espírito Santo no Mundial de Clubes de 2021, nos Emirados Árabes Unidos. Foto: Arquivo pessoal

Do lado palmeirense, os torcedores também se organizaram (ou nem tanto) para acompanhar o time na decisão no Peru.

Sandro Marota, empresário de 44 anos, conta que “não teve planejamento” para fazer essa viagem a Lima. Ele e os amigos simplesmente tiveram a ideia e compraram.

Estávamos em um bar assistindo a Palmeiras x River Plate. Assim que acabou o jogo, meus amigos perturbaram para comprar passagem para Lima sem saber se iríamos passar da LDU. Como trabalho com turismo, no outro dia já vi a passagem, estava com preço acessível e compramos”

Sandro Marota, torcedor do Palmeiras

Mesmo com a derrota por 3 a 0 para a LDU no jogo de ida da semifinal, o grupo manteve as passagens, já que tinham direito a cancelamento com reembolso.

“Não ia dar mole de emitir bilhete não reembolsável. Foi um pouco mais caro, mas calculado, ainda mais depois de tomar um monte de cerveja”, brinca o palmeirense.

Serão 23 horas de viagem rumo à Lima, passando por Bogotá, na Colômbia, onde os amigos irão passar um dia. Depois, serão três noites no Peru. Na volta, o grupo ainda encara outras 16 horas de viagem.

Sandro também esteve na final de 2021, quando o Palmeiras bateu o Flamengo. Na época, ele viajou de avião até Porto Alegre, de carro até o Chuí e de ônibus até Montevidéu, cidade que sediou a partida. A expectativa é repetir o resultado neste ano.

Não conheço o país e vamos conseguir explorar um pouco. Porém, a ansiedade para o jogo é gigante e não vejo a hora de chegar para pintarmos a cidade de Lima de verde e branco e fazer ventar novamente, como foi em Montevidéu. Avanti Palestra em busca do Tetra”

Sandro Marota
Sandro Moreta com amigos na final da Libertadores 2021 em Montevidéu
Sandro Moreta com os amigos na final da Libertadores de 2021 em Montevidéu, no Uruguai. Foto: Arquivo pessoal

“Minha mulher nem sabe ainda”

O também empresário Denis Schlecht, de 58 anos, conta que nem avisou à esposa sobre a viagem. Todos os anos, ele vai acompanhado de um amigo a pelo menos um jogo da Libertadores, comprando as passagens e hospedagens assim que a tabela é divulgada.

Denis já acumula jogos no Uruguai, Paraguai, Argentina, Peru e até nos Emirados Árabes, onde assistiu ao Mundial de Clubes de 2021. Para a final deste sábado, ele encarou uma semana de viagem.

O empresário embarcou na segunda-feira (24) para São Paulo, onde ficou na casa do irmão antes de partir rumo ao Panamá na madrugada de quarta-feira (26). Do Panamá, ele embarca para Lima. No Peru, Denis também deve fazer um pouco de turismo até voltar ao Brasil na outra quarta-feira (3).

Minha mulher nem sabia ainda da viagem para Lima. Minha filha que contou no sábado e eu viajei na segunda. Assim, ela tem pouco tempo para brigar. Para ir no Mundial ela ficou brava, mas não adianta: Palmeiras é Palmeiras”

Denis Schlecht, torcedor do Palmeiras
Denis Schlecht no Peru e no Uruguai em jogos da Libertadores
Denis Schlecht com camisa da sorte em Arequipa, no Peru, e com bandeira do ES em Montevidéu, no Uruguai. Foto: Arquivo pessoal

Apesar de experiência em jogos de Libertadores, esta será a primeira final que Denis acompanha do estádio. Se depender da “camisa marca-texto da sorte”, ele deve sair feliz de Lima. “É o amuleto, em jogos importantes, é com ela que eu vou. Já está lavada e aguardando dia 29”, comenta o empresário.

Trabalho extra para garantir a viagem

Outro com rodagem para acompanhar o Palmeiras em viagens internacionais é Leonardo Botelho. Ele conta que viaja desde 2012 para apoiar o clube, tendo passado por oito países, entre Libertadores e Mundial, junto com outros integrantes de grupos de palmeirenses do Espírito Santo.

Leonardo é garçom e costuma fazer dobras em eventos e trabalhar como ambulante nas praias para conseguir o dinheiro suficiente para as viagens e os jogos. Segundo o palmeirense, a viagem é sempre com o dinheiro contado.

Sempre é com muito trabalho e planejamento. Sempre tenho que arriscar antes da confirmação do Palmeiras no jogo importante e comprar com antecedência, devido aos preços das passagens aéreas. Essa positividade na Sociedade Esportiva Palmeiras sempre esteve presente”

Leonardo Botelho, torcedor do Palmeiras
Leonardo Botelho com amigos em La Bombonera, em Buenos Aires, Argentina
Leonardo Botelho com os amigos em La Bombonera, em Buenos Aires, na Argentina. Foto: Arquivo pessoal

A positividade está presente também para a final. Leonardo afirma que está confiante no elenco e no corpo técnico para os 100 minutos de jogo (segundo ele, com o Palmeiras nunca acaba nos 90 minutos): “Jamais duvidamos do que o Palmeiras é capaz”.

Para Lima, serão 26 horas de viagem na ida, saindo de Vitória e pegando várias conexões. Na volta, mais 18 horas de voo, também com conexões. De acordo com Leonardo, durante a estadia no Peru, o segredo é ficar afastado dos locais onde os turistas costumam frequentar.

Buscamos locais sem muitos turistas para aproveitar a comida típica do país e buscamos ao máximo experimentar a cultura local sendo a periferia nossa principal aventura”

Leonardo Botelho
Enzo Bicalho, estagiário do Folha Vitória
Enzo Bicalho Assis

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Foi estagiário do Folha Vitória entre novembro de 2024 e outubro de 2025 e é repórter desde novembro de 2025.

Jornalista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Foi estagiário do Folha Vitória entre novembro de 2024 e outubro de 2025 e é repórter desde novembro de 2025.