Rio –
Amigos, amigos, negócios à parte. As recentes vitórias do boxe brasileiro tornaram-se uma ameaça para a hegemonia cubana no esporte na América Latina, o que comprometeu uma antes tranquila amizade. Neste domingo, depois da vitória de Robson Conceição sobre o cubano Lázaro Jorge Álvarez, na categoria leve (até 60 kg), as duas equipes de apoio se desentenderam e trocaram ofensas.
Eu fui cumprimentá-lo e ele me ignorou, disse o boxeador brasileiro. Mas ele é muito marrento, ao contrário dos outros, e teve o que merecia.
Nossa relação com os cubanos começou a mudar nos últimos anos, quando o Brasil começou a vencer competições importantes e, com isso, a ganhar mais projeção no boxe, observou Mateus Alves, um dos técnicos da seleção brasileira. Ele se referia principalmente à excelente participação brasileira na Olimpíada de Londres, em 2012, quando Esquiva Falcão (até 75 kg) levou a medalha de prata e Yamaguchi Falcão (até 85 kg) e Adriana Araújo (até 60 kg) ficaram com bronze.
De fato, antes de Robson chegar ao ponto de entrevistas com a imprensa, seu rival passou pelos jornalistas e membros de sua comissão gritaram em protesto contra a pontuação dos juízes. Os apelos ecoaram entre repórteres cubanos, também inconformados com o resultado.
Na verdade, Cuba não tem atingido sua meta de conquista de medalhas de ouro, colecionando decepções como a derrota de Erislandy Savon, sobrinho do mítico tricampeão olímpico Felix Savon, desclassificado, no sábado, na semifinal, por Vassily Levit, do Casaquistão.
Mesmo com o clima tenso, Robson preferiu não apontar sua vitória como vingança – o brasileiro foi derrotado por Álvarez na final do Mundial de 2013. Não vejo dessa forma, nem me preocupo com a raiva deles.”