Em Santa Leopoldina, município capixaba que lidera a produção nacional de gengibre, pequenos empreendedores estão transformando o rizoma em uma nova fonte de renda. A fabricação de produtos à base de gengibre marca o início de uma fase de verticalização e diversificação da cadeia produtiva, com o ingrediente ganhando espaço em bebidas, biscoitos e outros alimentos de maior valor agregado.
Uma das iniciativas é da agroindústria Gengibre.Bom, que recebeu do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a autorização para produzir uma bebida alcoólica mista com gengibre entre seus principais componentes. O empreendimento é o primeiro da região a conquistar o registro federal. Segundo o Incaper, outros dois projetos semelhantes estão em fase de adequação, também com acompanhamento técnico do instituto.
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A história começou como uma tradição familiar. A receita que deu origem ao negócio surgiu nas confraternizações da família Novelli, ainda nos anos 1990. Durante a pandemia da Covid-19, a produtora Genedir Inês Rasselli Novelli decidiu transformar a tradição em oportunidade: ao lado do filho Jeferson Novelli e da nora Jaqueline, investiu na produção da bebida artesanal feita com cachaça, gengibre e açúcar, que logo conquistou o público na Grande Vitória.
“Obter esse registro no Mapa é o resultado de muita luta e persistência ao lado da minha mãe e da minha esposa. Hoje é gratificante ver que tudo está dando certo. O registro vai muito além de um número: é fruto de dedicação e também um marco para que possamos expandir os negócios. Em dezembro de 2024 fomos certificados e, em agosto de 2025, passamos pela primeira inspeção do Mapa com sucesso”, destacou Jeferson.
Empreendedora aposta em biscoitos com gengibre
Outra iniciativa que reforça o potencial do gengibre vem da produtora Roziene Luzia Nagel, que está em processo de regularização da agroindústria junto ao Serviço de Inspeção Municipal (SIM). Ela começou a fabricar biscoitos há pouco mais de dois anos, inspirada nas receitas da infância e em um curso sobre derivados de gengibre.
“Eu sempre gostei de fazer biscoitos, uma tradição que vem dos meus pais e avós. O gengibre entrou na minha história quando começaram a produzir aqui na região. Fiz um curso de biscoitos à base de gengibre e guardei a receita por muito tempo, até que decidi testar, e o resultado foi um sucesso”, contou.
Hoje, Roziene vende seus produtos em feiras e eventos da Grande Vitória, onde a aceitação tem sido excelente. “Trabalho em casa, num espaço pequeno, mas com o apoio do Incaper estou realizando o sonho de ter uma agroindústria toda licenciada. Quero ampliar, entrar de vez no mercado e continuar inovando com produtos derivados do gengibre”, completou.
Gengibre capixaba movimenta R$ 317 milhões e abre novas oportunidades
O Espírito Santo é responsável por cerca de 75% da produção nacional de gengibre, com 77,7 mil toneladas colhidas em 2024. Nesse mesmo ano, o valor gerado nas propriedades capixabas ultrapassou R$ 317 milhões, e as exportações movimentaram mais de US$ 45 milhões. O estado como líder nacional na produção e exportação.
Transformar o gengibre em ingrediente de novos produtos é uma estratégia para ampliar o mercado interno e reduzir a dependência das exportações da raiz in natura. Além das bebidas e biscoitos, o gengibre também tem potencial para ser explorado em doces, geleias, chás e cosméticos, abrindo espaço para uma cadeia produtiva diversificada, sustentável e de identidade capixaba.
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