Após o anúncio do presidente americano Donald Trump de que produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos serão taxados em 50%, setores produtivos do Espírito Santo demonstraram preocupação e apontaram para os impactos negativos para a economia capixaba. O país norte-americano é o principal destino dos produtos que saem do Espírito Santo: no último ano, os EUA representaram 28,6% de todas as exportações capixabas, que somaram cerca de US$ 3,06 bilhões. Entenda.
Minério, rochas e agronegócio estão entre os segmentos mais expostos
A alíquota de 50%, anunciada por Trump, começa a valer em 1º de agosto e atinge “qualquer e todo produto brasileiro”, segundo carta divulgada pelo presidente dos Estados Unidos. Entre os setores mais expostos à nova taxação estão aço, rochas ornamentais, papel e celulose, minério e café – todos com forte peso na economia capixaba.
Paulo Baraona, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), afirma que trata-se de uma medida ‘arbitrária e extremamente severa’, tomada com base em interesses político-partidários internos e que rompe com os princípios fundamentais que regem o comércio internacional.
“O Espírito Santo possui uma das economias mais abertas do Brasil, altamente integrada ao mercado externo. Essa abertura, que é uma das forças do desenvolvimento socioeconômico capixaba, nos torna também mais vulneráveis a decisões unilaterais e protecionistas como esta. Medidas desse tipo comprometem a previsibilidade das relações comerciais, criam instabilidade nos mercados e colocam em risco cadeias produtivas inteiras, com reflexos diretos no emprego, na arrecadação e no crescimento econômico regional. Ao encarecer artificialmente os produtos brasileiros no mercado norte-americano, essa medida reduz nossa competitividade e pode resultar em queda nas vendas, prejuízo às empresas e perda de postos de trabalho”, explica Baraona.
Para Tales Machado, presidente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), a medida representa um sinal de alerta para o equilíbrio das relações comerciais entre os dois países e atinge diretamente o setor de rochas naturais, que tem os Estados Unidos como principal destino de exportações.
No ano passado, o mercado norte-americano respondeu por 56,3% das exportações brasileiras do setor, totalizando US$ 711,1 milhões. Desse montante, o Espírito Santo concentrou 82,3%, com US$ 672,4 milhões destinados aos Estados Unidos.
“A nova alíquota coloca o Brasil em desvantagem competitiva frente a outros fornecedores internacionais, como Itália, Turquia, Índia e China, que enfrentarão tarifas inferiores. A medida ameaça o desempenho de mais de 200 empresas exportadoras brasileiras e compromete uma cadeia produtiva que gera cerca de 480 mil empregos diretos e indiretos no país”, aponta o presidente do Centrorochas.
O Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex) informou que tem acompanhado de perto o cenário econômico internacional e as mudanças globais que impactam diretamente o comércio exterior capixaba.
“O Espírito Santo, por sua vocação exportadora e localização estratégica, possui uma economia fortemente integrada ao comércio internacional. A adoção de tarifas punitivas dessa magnitude tende a gerar perdas significativas de competitividade, retração de investimentos e redução na geração de empregos diretos e indiretos. A entidade reforça a importância estratégica da consolidação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, como forma de ampliar a inserção do Brasil em mercados estratégicos e reduzir vulnerabilidades externas”, diz a nota do Sindiex.