Boulevard, um ativo subutilizado no endereço mais nobre de Vitória

Vitória mudou, e muito. A cidade que há duas décadas ainda buscava se afirmar como capital de médio porte hoje exibe indicadores de renda, desenvolvimento e qualidade de vida entre os melhores do país. A Praia do Canto, em especial, se transformou no epicentro desse novo ciclo: moderna, verticalizada e com um mercado imobiliário em constante valorização.

Enquanto a cidade se reinventou, alguns de seus espaços mais emblemáticos parecem ter ficado no tempo. O Boulevard Shopping é um exemplo claro disso. Em plena Reta da Penha – principal eixo da cidade – o empreendimento segue desatualizado, sem âncoras fortes e com baixa atratividade. O mesmo se aplica a outros ativos da região, como o Shopping Triângulo e o Centro da Praia, que ainda operam sob modelos ultrapassados.

Esses espaços ocupam áreas estratégicas e de alto poder comercial, mas estão subutilizados. E o contraste entre o potencial da cidade e o estado atual desses empreendimentos levanta uma pergunta inevitável: eles ainda dialogam com a Vitória de hoje?

Vitória mudou, o Boulevard não…

O Boulevard foi inaugurado em um tempo em que Vitória ainda ensaiava seus primeiros passos como capital moderna. O consumo era mais tímido, o número de grandes marcas era limitado e o mercado imobiliário local ainda se consolidava. À época, o empreendimento surgiu como uma aposta ‘ousada’ para região, e cumpriu bem seu papel por um tempo.

De lá pra cá, a cidade mudou de patamar. Hoje, o entorno do Boulevard é um dos endereços mais disputados da cidade. A Reta da Penha se consolidou como eixo de negócios, serviços e mobilidade, e a região da Praia do Canto é cercada por prédios modernos, cafeterias, restaurantes e novas referências urbanas, além de ter o metro quadrado entre os mais valorizados do Espírito Santo. Mesmo assim, o empreendimento segue parado, preso a um modelo que não conversa mais com a Vitória que se formou ao redor dele.

Outras cidades enfrentaram dilemas parecidos e encontraram soluções inspiradoras. Em São Paulo, nas proximidades da Oscar Freire, o CJ Shops transformou um antigo espaço comercial em um polo de experiência urbana, com arquitetura contemporânea, integração com o entorno e curadoria de marcas. Em Belo Horizonte, a requalificação de shoppings tradicionais revitalizou bairros inteiros, atraindo novos públicos e negócios.

O que falta em Vitória é um movimento semelhante: de visão e investimento. Requalificar o Boulevard (e outros empreendimentos como o Shopping Triângulo e o Centro da Praia) seria mais do que uma intervenção arquitetônica, reformar fachadas ou atualizar lojas: seria uma estratégia de cidade. Esses espaços ocupam pontos de enorme valor simbólico e econômico, mas hoje operam abaixo do seu potencial.

Vitória já mostrou que sabe crescer, que tem vocação para prosperar e gerar oportunidades. Agora, precisa provar que também sabe se reinventar. O futuro da cidade passa por ressignificar seus espaços, dar novos sentidos ao que um dia foi marco e transformar o que está parado em motor de desenvolvimento. O Boulevard pode ser o início desse movimento.

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Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 14 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 14 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.