Um projeto privado está promovendo a digitalização do comércio atacadista de alimentos nas Centrais de Abastecimento do país. Desenvolvida pela Confederação Brasileira de Associações, Sindicatos, Lojistas de Ceasa e Afins (BR-Brastece), a plataforma E-Ceasa vai se tornar um e-commerce para a venda de hortifrúti, carnes, embalagens e outros produtos comercializados nas Ceasas.
O projeto começou a ser estruturado em 2023 e foi dividido em duas etapas. A primeira fase, uma vitrine virtual, entrou no ar em dezembro de 2024 e já reúne 25 empresas atacadistas instaladas na Ceasa do Espírito Santo, de um total de 74. A segunda etapa, que transformará a plataforma em um e-commerce completo, está em desenvolvimento e tem lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2026.
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Atualmente, a vitrine digital permite que os lojistas exponham seus produtos e façam contato direto com compradores, facilitando a negociação antes mesmo da ida ao entreposto. A expectativa é que, com a evolução do sistema, as compras e vendas sejam concluídas diretamente pela plataforma, seguindo o modelo de marketplaces já consolidados no mercado.
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Mas antes da tecnologia, tudo começa no campo. No Sítio EP, nasce parte das bananas que abastecem a Grande Vitória. O trabalho é intenso e diário, desde o monitoramento dos cachos até a seleção final dos frutos. Junio Oliveira, gerente de cargas e descargas da Bananas EP, explica como funciona o processo:
“Todos os dias tem muito trabalho para fazer, tem todos os processos de preparação até a colheita, então o processo é muito grande, é bem intenso. É feito o monitoramento dos cachos e quando a equipe passa e vê que o cacho já está pronto para ser feita a marcação, é cortado o coração da banana e colocado uma numeração. Essa numeração que vai dizer quando é que esse cacho está pronto para ser cortado. Aí quando faz essa preparação, automaticamente já vem outra equipe também para colocar sacolas TNT para que a fruta fique bem clarinha, com aparência bem bonita”.
É dessa produção que sai parte das mais de 350 mil toneladas que movimentam a Ceasa Grande Vitória todos os anos, número que chegou a 388 milhões de quilos somente entre janeiro e novembro deste ano. Com tamanha movimentação, a digitalização tem sido uma aliada importante para melhorar processos, dar previsibilidade aos lojistas e reduzir o tempo de negociação.
Sandro Litig, gerente operacional da Bananas EP, destaca que o sistema já transformou a rotina de vendas. “A digitalização trouxe essa facilidade para o cliente poder ver a mercadoria e chegar aqui com o pedido já na mão. A questão da demanda e oferta, todo dia ela muda… então quando o cliente vem no mercado, às vezes ele pode ter surpresa. Com a digitalização, ele já vem com certeza que vai ter a mercadoria, independente da demanda”.
A ferramenta também fortalece a relação entre o campo, os atacadistas e os compradores. Com o E-Ceasa, a negociação pode começar antes mesmo do cliente pisar no entreposto.
Leandro Wruck, superintendente da associação de empresários da Ceasa/ES e assessor jurídico da BR-Brastece, explica por que o projeto se tornou prioridade.
“Essa necessidade surge pelo fato de que esse é o último mercado que ainda não está no online. A gente criou o programa que se chama E-Ceasa, que busca justamente digitalizar as lojas que hoje comercializam de forma física. O E-Ceasa é uma vitrine virtual, onde eu, enquanto lojista, posso expor meu produto e minha empresa para que os consumidores tenham acesso a esses produtos de forma remota”. Segundo ele, o objetivo é facilitar e dar mais autonomia aos compradores:
A chegada da plataforma também tem atraído novos públicos para os lojistas. Helton Vieira Jr, de 26 anos, está há cinco anos na Ceasa e percebeu mudanças desde a digitalização.
“É emocionante entender que o Ceasa está se digitalizando e está entendendo as necessidades que a nova geração precisa: conectividade, agilidade, praticidade para melhorar a vida do nosso cliente”.
Ele afirma que o aplicativo já está ampliando o alcance das lojas. “Com frequência chegam pessoas com intenção de compra, querendo entender mais, conhecer o mercado, conhecer a fruta, conhecer a nossa empresa”.
O próximo passo é transformar a vitrine em um marketplace completo. A segunda etapa do projeto permitirá que a compra seja finalizada diretamente no aplicativo, como em um e-commerce tradicional.
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