
A 4ª Copa Capixaba de Cerveja Artesanal premiou as melhores cervejas do Espírito Santo e reforçou o papel do estado quando o assunto é produção cervejeira. Realizada entre os dias 20 e 22 de novembro, a competição reuniu 317 rótulos inscritos, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior, e distribuiu 86 medalhas entre as cervejarias participantes. Na premiação de melhores cervejas, o Best of Show, os três troféus ficaram com cervejarias do interior, com ouro e prata para a Cervejaria Três Santas, de Santa Teresa, e bronze para a Cervejaria Aurora, de Venda Nova do Imigrante.
O evento, organizado pela Associação das Indústrias de Cerveja Artesanal do Espírito Santo (AICERVA), contou com degustações às cegas e seguiram protocolos reconhecidos nacional e internacionalmente. Cada cerveja foi avaliada unicamente com base em seu estilo, garantindo imparcialidade e rigor técnico.
Além das categorias tradicionais, a Copa incluiu a segunda edição do Coffee Beer Capixaba, que premia cervejas produzidas com cafés do Espírito Santo, uma das apostas do setor para fortalecer laços com a agricultura local. Barba Ruiva, Três Torres e Marlim Azul conquistaram ouro, prata e bronze, respectivamente.
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Crescimento acima da média nacional
O Espírito Santo já ultrapassou a marca de 90 cervejarias registradas, segundo o Anuário da Cerveja 2025. O estado liderou o ranking brasileiro de novos registros em 2024, passando de 1.221 para 1.434 cervejas catalogadas no Ministério da Agricultura, um salto de 17,4%. A expansão fez o Espírito Santo ocupar a 7ª posição nacional em número de cervejarias e a 3ª em densidade: uma cervejaria para cada 45.579 habitantes.
Para o diretor da AICERVA e fundador da Else Beer, José Olavo Medici Macedo, o volume de amostras inscritas na Copa Capixaba e o nível dos rótulos confirmam a evolução da produção capixaba.
“Nós tivemos um total de 317 amostras enviadas por 40 cervejarias, um número 10% maior que no ano passado. Tivemos cerca de 29 medalhas de ouro, praticamente o dobro da edição anterior. O mais importante é que não existe medalha garantida: se a avaliação não atingir a pontuação mínima, ninguém leva. Isso mostra que estamos no caminho certo e que a qualidade está subindo de verdade”, destacou.
O dirigente destacou também o nível do corpo de jurados, formado por profissionais do Brasil e do exterior.
“Tivemos juízes que participam desde a primeira edição e outros vindo pela primeira vez, inclusive dos Estados Unidos. Todos apontaram a evolução das cervejas capixabas. Esse é o objetivo do concurso: fomentar melhoria contínua.”
A categoria Coffee Beer ganhou reforço em 2025, com a participação de especialistas em café. “Além da avaliação dos juízes técnicos de cerveja, tivemos um júri formado por baristas, especialistas em café. Isso valoriza o nosso produto e abre porta para novas parcerias. Depois do sucesso das cervejas com café, a previsão é usar outros ingredientes capixabas, como a pimenta-do-reino e a pimenta rosa”.
Três Santas é eleita Cervejaria do Ano pela terceira vez
A grande vencedora da edição foi a Cervejaria Três Santas, de Santa Teresa, eleita Cervejaria do Ano pela terceira vez.
O cervejeiro Juca Lima celebrou o desempenho e destacou a evolução técnica do setor. “A Copa Capixaba está na 4ª edição e participamos desde a primeira. O nível aumenta a cada ano, e isso é ótimo, porque todo mundo quer fazer cerveja cada vez melhor. Foi a edição em que mais conquistamos medalhas, e ganhar ouro e prata no Best of Show deixa a gente muito feliz”.

Segundo ele, o Espírito Santo vive um momento único na cena cervejeira nacional. “O mercado capixaba está aquecido, enquanto o Brasil enfrenta dificuldades no setor. Muita gente de fora tem comentado como o Espírito Santo está em curva ascendente, com mais investimentos, novas cervejarias e rótulos cada vez mais consistentes.”
Entre as cervejas premiadas, a Terra da Cachaça ficou em primeiro lugar como a melhor cerveja. A bebida foi produzida em parceria com o Alambique Princesa Isabel, de Linhares.
“Ela foi considerada a melhor do evento. É uma provocação a uma cerveja americana maturada em barris de bourbon. Se eles têm o Condado do Bourbon, eu quis fazer a Terra da Cachaça. Usamos barris que antes armazenavam cachaça da Princesa Isabel, considerada uma das melhores do Brasil. O resultado impressionou os jurados”.
A Três Santas, que tem cinco anos de existência, também celebrou conquistas recentes em outros concursos nacionais. “Ficamos em quinto lugar como melhor cervejaria do Brasil no Brazilian International Beer Awards (BBA). Várias cervejas nossas vêm sendo premiadas de forma consistente. Isso mostra que não é sorte: é trabalho, técnica e dedicação”, descreveu Lima.
José Olavo da AICERVA concluiu que um dos diferenciais da Copa Capixaba de Cerveja Artesanal é o parecer técnico entregue às cervejarias após as avaliações. Todas as amostras recebem comentários dos jurados, mesmo quando não conquistam medalhas. O material é usado pelos produtores para ajustes de processos, aperfeiçoamento de receitas e desenvolvimento de novos estilos.
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