Apesar do cenário econômico desafiador, com inflação elevada, juros altos e retração na corrente de comércio, a atividade econômica do Espírito Santo registrou crescimento de 1,2% no acumulado de 12 meses até março. Os dados são do Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), que também apontou uma queda de 1,2% no desempenho da economia capixaba no primeiro trimestre de 2025.
Segundo a Findes, o crescimento acumulado no período foi impulsionado, principalmente, pelos setores de agropecuária (alta de 5,5%) e serviços (2,4%). Já a indústria apresentou retração de 2,6%. No cenário nacional, a economia brasileira avançou 3,5%, com alta em todos os setores: agropecuária (1,8%), indústria (3,1%) e serviços (3,3%).
Agropecuária cresceu 5,5% em 12 meses
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No recorte trimestral, o Espírito Santo teve retração de 1,2% em comparação com os três primeiros meses de 2024. Nesse período, apenas o setor de serviços cresceu (0,9%), enquanto a agropecuária e a indústria caíram 3,7% e 6,8%, respectivamente. Dentro do setor de serviços, destacaram-se positivamente as atividades de transporte (0,8%), comércio (0,4%) e demais serviços (0,9%).
A queda na agropecuária foi puxada pela agricultura, que teve retração de 11%, com destaque negativo para culturas como café, pimenta-do-reino, cana-de-açúcar, milho, banana, tomate e coco-da-baía. Em contrapartida, a pecuária registrou crescimento de 3,2%, com bom desempenho da suinocultura e da produção de aves e ovos.
Principal lavoura do setor, o café apresentou queda na produção, puxada pelo desempenho negativo do café arábica, espécie mais suscetível ao fenômeno da bienalidade negativa. Isso ocorreu mesmo com o crescimento da produção de café conilon e com as condições climáticas favoráveis observadas entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, período decisivo para o desenvolvimento da cultura. A antecipação da colheita do arábica, antes da maturação completa dos grãos, também afetou negativamente os resultados.
Segundo a Findes, essa antecipação foi motivada por dois fatores principais: a escassez de mão de obra durante o pico da colheita em diversas regiões do estado e as oportunidades comerciais atraentes, diante da alta cotação do café arábica no mercado interno e externo.
Desempenho da pecuária e impactos climáticos
Já a pecuária, que representa cerca de 25% da agropecuária capixaba, contribuiu com 1,7 ponto percentual para o resultado geral do setor. O avanço foi impulsionado pelos segmentos de suínos, aves e ovos. Por outro lado, a produção de bovinos e leite registrou queda.
“Mesmo com este resultado positivo, vale mencionar que o segmento pecuário vem sendo influenciado pelos custos de produção e pelas altas temperaturas, influenciando a produção. As condições climáticas adversas têm afetado a produtividade da pecuária, com reflexos diretos na oferta de ovos e na disponibilidade de pastagens para alimentação do gado. Esses fatores, somados à forte alta nos preços do milho, insumo fundamental na ração animal, têm elevado os custos de produção no setor pecuário”, destacou.
Marília Silva, economista-chefe e gerente executiva do Observatório da Findes, observa que o desempenho da pecuária é especialmente relevante no contexto atual:
“Passamos muito tempo falando das dificuldades do setor de pecuária no pós-pandemia. É um segmento muito sensível ao custo e ao câmbio. Por isso, é bastante interessante ver que esse já é o segundo ano consecutivo de crescimento. O destaque vai para suínos, aves e ovos. Quando olhamos para o gado bovino, ainda não conseguimos identificar esse crescimento, mas, mesmo assim, é um dado importante para o Espírito Santo”, avaliou Marília.
Retração na indústria e perspectivas para 2025
Na indústria, a retração foi puxada principalmente pelo setor extrativo, que caiu 16,3%. A construção civil teve leve queda de 0,2%, e a indústria de transformação manteve-se estável. Já a atividade de energia e saneamento cresceu 5,8% no primeiro trimestre.
Para 2025, a Findes projeta uma retração de 0,8% na economia capixaba. Marília Silva pondera que as perspectivas são cautelosas:
“O número considera o retrato atual da economia, mas ele pode variar no decorrer do ano. Por isso, fazemos a atualização trimestralmente”, comenta.
Colunista
Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.
