Como foi a economia capixaba em 2025?

Finais de ano não somente servem para festas. São momentos para analisarmos e avaliarmos o que aconteceu no ano que finda. Aliás, um hábito que não se prende apenas ao que aconteceu com cada um de nós, mas, sobretudo, ao nosso redor. Afinal, sempre seremos nós e nossas circunstâncias e contextos.

E como é a economia um dos principais elementos a moldar nossas circunstâncias e contextos, ao mesmo tempo que de alguma forma nos move e movimenta o mundo, é a ela que normalmente voltamos nossos olhares nas viradas de ano.

Se em nível de Brasil tudo indica que fecharemos o ano com a economia crescendo entre 2% e 2,4%, provavelmente o desempenho da economia capixaba não fugirá muito desse intervalo. Vai depender principalmente do desempenho das commodities petróleo e minério de ferro nos dois últimos trimestres. O efeito café já foi captado no segundo trimestre, quando o PIB capixaba cresceu 2,3%, já captando o efeito café, contra apenas 0,4% nacional.

Como já afirmei em artigos anteriores, a economia capixaba historicamente tem tido um comportamento um tanto quanto fora do padrão médio nacional. Isso pela sua forte relação com os mercados externos de commodities. De 2002 a 2014, por exemplo, surfou no boom das commodities – bem mais do que o país. Cresceu 65,6% em termos reais, superando o crescimento nacional de 50,7% no mesmo período.

Observando os desempenhos acumulados de Brasil e Espírito Santo ao longo do ano, no primeiro semestre, as taxas estão bem próximas, 2,5% ante 2,4% respectivamente. O IBGE divulgou, nesta semana, a estimativa do PIB trimestral nacional: a taxa ficou em 0,1%, chegando a uma taxa acumulada de 2,4% até setembro.

Não temos ainda dados do PIB trimestral do Espírito Santo para o terceiro trimestre. Mas, podemos vislumbrar alguns sinais. E aqui vale separarmos o PIB em dois componentes: um que segue o ciclo interno da economia, bem aderente ao consumo das famílias, e outro que reflete o comportamento global das commodities. Lembrando que historicamente tem sido o ciclo das commodities a provocar as maiores diferenças em relação à dinâmica nacional.

Eu diria que hoje podemos trabalhar com uma proporção aproximada de 70% do PIB vinculado ao ciclo interno e 30% ao ciclo externo. Já tivemos momentos com proporção bem largas, como em 2012, quando as commodities extrativas chegaram a representar 25% do PIB. Vale aqui ressaltar que devemos incorporar ao ciclo externo parcela da produção da indústria de transformação, como aço e celulose.

Convenhamos como aceitável a hipótese de que a parcela do ciclo interno mantenha o seu desempenho espelhado na dinâmica econômica interna. Ou seja, os números não se afastarão de forma significativa das médias nacionais. Como aliás historicamente tem acontecido. Então o que nos resta é direcionarmos o radar para as commodities.

E aí, três variáveis entram em jogo: preço em US$, câmbio e volume de produzido. Até setembro segundo dados da pesquisa industrial do IBGE o setor extrativo mineral havia crescido 11,9%, celulose 1,60% e metalurgia 0,8%.

A pergunta que se coloca é se haveria espaço para crescimento desses produtos no segundo semestre. No caso de pelotas de minério, a Samarco colocou em operação, em agosto, a mais uma de suas plantas. Além disso, o incremento na produção de petróleo já teria ocorrido no primeiro semestre.

Por enquanto não encontramos sinais de surpresas no radar.

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Orlando Caliman

Colunista

Mestre em Economia pela Arizona State University, ex-professor e pesquisador da UFES e ex-secretário de Planejamento do Espírito Santo, Orlando Caliman é diretor econômico da Futura Inteligência. Na Coluna Data Business, analisa o ambiente econômico do Espírito Santo e do país, apontando os desafios que precisam ser superados para o desenvolvimento.

Mestre em Economia pela Arizona State University, ex-professor e pesquisador da UFES e ex-secretário de Planejamento do Espírito Santo, Orlando Caliman é diretor econômico da Futura Inteligência. Na Coluna Data Business, analisa o ambiente econômico do Espírito Santo e do país, apontando os desafios que precisam ser superados para o desenvolvimento.