
O Espírito Santo acaba de revelar o melhor café das Montanhas Capixabas da safra 2025/26 — e o resultado reforça a ascensão do Estado no mercado nacional de cafés especiais. O Prêmio Realcafé Reserva UCC, um dos mais tradicionais do país, coroou Wesley Isaac Noia Gomes, de Ibatiba, que alcançou 90,82 pontos e terá seu microlote transformado em uma edição especial comercializada em todo o Brasil. Criada há quase 24 anos com apoio da Ueshima Coffee Company (UCC), maior rede de cafés do Japão, a iniciativa se consolidou como motor de qualidade, renda e profissionalização para centenas de produtores de arábica nas regiões de altitude.
Acompanhe o Folha Business no Instagram
Um divisor de águas para a cafeicultura capixaba, e para quem vive dela

A história do concurso, que já está em sua 18º edição, começa ainda no início dos anos 2000, quando a UCC identificou que o Espírito Santo possuía um terroir singular para cafés especiais.
“Eles fizeram uma pesquisa geográfica e identificaram que o Espírito Santo tinha um terroir, era uma região propícia para a produção de cafés especiais. Eles buscaram a gente para ajudar a promover esse concurso, para incentivar e preparar as pessoas para produzir café especial. Já são quase 24 anos de trabalho, esse foi o primeiro concurso de cafés especiais do Brasil”, explica Henrique Tristão, idealizador do Realcafé Reserva.
Concorrem ao prêmio exclusivamente os cafés das Montanhas Capixabas, ou seja, localizados em regiões de altitude média de 950 metros (700 m a 1200 m). Os cafés passam por análises técnicas, provas sensoriais e auditorias socioambientais, que avaliam rastreabilidade, manejo do solo, uso de insumos e segurança dos trabalhadores.
Tristão afirma que a mudança provocada no campo é profunda: técnica e economicamente.
“Ao longo do tempo, conseguimos orientar os produtores e mostrar que é muito mais rentável. Eles têm um aproveitamento quase 30% maior ao catar grãos mais desenvolvidos. Paga-se mais por isso. O concurso não começa hoje. Começa no dia em que ele plantou a semente. O trabalho até a colheita é o que entrega o resultado. No final, os 20 finalistas já são vencedores”, completa.
Márcio Cândido Ferreira, superintendente do Grupo Tristão e presidente do Cecafé, explica que a geografia das montanhas – com microclimas e terroirs muito distintos – ampliou o prestígio capixaba no exterior. Ele aponta que, para o setor, o impacto vai além das notas.
“O concurso é um divisor de águas para o café arábica no Espírito Santo. No início dos anos 2000, éramos conhecidos como produtores de café de baixa qualidade. Essa mudança conscientizou o produtor da necessidade de ter qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade. Hoje, quando o mundo pensa em café de qualidade, pensa em Espírito Santo. E isso muda a vida do produtor: você vê famílias felizes pelo que entregam, e a fazenda ganha imagem no mundo inteiro”, completa Ferreira.
Os cinco primeiros colocados do Prêmio Realcafé Reserva UCC:
1º lugar – Wesley Isaac Noia Gomes (Ibatiba) – 90,82 pontos
2º lugar – José Antonio Debona Romão (Castelo) – 90,61 pontos
3º lugar – Francisco Braga (Afonso Cláudio) – 89,76 pontos
4º lugar – José Vitor Bergamin Romão (Castelo) – 89,38 pontos
5º lugar – José Carlos Marchioro (Vargem Alta) – 88,92 pontos
Como forma de reconhecimento, os lotes dos 20 finalistas serão enviados aos assinantes do Realcafé Reserva. O campeão, Wesley Isaac, assinará uma edição especial que leva seu nome e foto – e que deve chegar às prateleiras de todo o país ainda este ano.