O café solúvel do Brasil manteve o bom desempenho no primeiro semestre de 2025. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), o país exportou o equivalente a 1,944 milhão de sacas de 60 kg entre janeiro e junho, um crescimento de 1,3% em relação ao mesmo período de 2024. Em receita cambial, o avanço foi ainda mais expressivo: as exportações somaram US$ 586,9 milhões, alta de 45,2% na comparação anual.
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Embarques alcançaram 1,9 milhão de sacas no primeiro semestre
Entre os 81 países que importaram o produto brasileiro, os Estados Unidos seguem na liderança, com a compra de 361.088 sacas. Na sequência aparecem Argentina (193.298 sacas), Rússia (138.492), Indonésia (75.140) e Peru (74.069).
“O desempenho do semestre ainda não foi afetado pela tensão tarifária criada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Por isso, as indústrias brasileiras conseguiram manter o ritmo das exportações, consolidando o Brasil como o maior produtor e exportador de café solúvel do mundo”, afirma Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics.
De janeiro a maio deste ano, o Espírito Santo já embarcou 188,3 mil sacas de café solúvel para o mercado exterior, segundo dados do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV). As exportações capixabas no período somaram US$ 54 milhões.
O estado abriga importantes indústrias do setor como a OFI (Antiga Olam), Café Cacique e Realcafé. A atuação dessas empresas tem impulsionado o desempenho do Espírito Santo nas exportações, consolidando o estado como um dos principais polos brasileiros de produção e venda externa de café solúvel.
Ameaça de taxação nos EUA preocupa setor
Apesar dos bons números, o setor já liga o sinal de alerta. O anúncio feito por Trump no dia 9 de julho, de que produtos brasileiros poderão ser taxados em 50% a partir de 1º de agosto, gera grande preocupação entre os exportadores.
Hoje, os Estados Unidos respondem por 19% das exportações brasileiras de café solúvel, tanto em volume quanto em valor. Já o Brasil ocupa a vice-liderança no mercado americano, com 24% de participação, atrás apenas do México, que, por enquanto, não será afetado pela nova tarifa.
Para o presidente da Abics, Fabio Sato, a taxação, se confirmada, pode comprometer a competitividade do café solúvel brasileiro no principal mercado consumidor do mundo. “Se isso se tornar realidade, o produto brasileiro, certamente, perderá espaço para o produzido por outros concorrentes, uma vez que o principal fornecedor, o México, poderá comercializar sem tarifas, e os demais principais fornecedores serão taxados de 10% a, no máximo, 27%”, aponta.
Consumo interno também cresce
Além do bom desempenho nas exportações, o consumo interno de café solúvel também cresceu. De acordo com a Abics, os brasileiros consumiram 480.578 sacas do produto no primeiro semestre, o equivalente a 11.090 toneladas, um aumento de 4,2% na comparação com o mesmo período de 2024.
Entre os tipos mais consumidos, o café (freeze dried) teve alta de 18,7%, alcançando 1.557 toneladas. Já o café solúvel em pó (spray dried) cresceu 2,5%. O consumo de café solúvel importado, já incluído nesses volumes, também aumentou: 23%.
Segundo Aguinaldo Lima, o avanço do mercado interno está ligado à combinação entre qualidade, inovação e custo acessível.
“O solúvel tem um custo por xícara relativamente inferior para os consumidores, além de não demandar gastos com filtros e outros utensílios em seu preparo, o que gera economia essencial em tempos de inflação. Além disso, nossas indústrias não param de investir e apresentar novidades, melhorando ainda mais a qualidade da bebida e ampliando a diversidade de uso do produto em diversas formas de preparo e processamentos”, conclui Lima.
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