Com alta do agro, economia capixaba cresce 3% no ano e supera média nacional, aponta IJSN

O Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo registrou crescimento de 3% no acumulado do ano, entre janeiro e setembro, segundo levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). No mesmo período, o PIB brasileiro avançou 2,4%. O resultado capixaba foi impulsionado pelo desempenho positivo dos três principais setores da economia. Entenda.

A agropecuária teve alta de 11,1%, puxada principalmente pela estimativa de aumento na produção de café conilon, a principal atividade agrícola do estado. A indústria cresceu 3,3%, com destaque para a indústria extrativa, beneficiada pela expansão da pelotização de minério de ferro e pelo avanço da extração de petróleo e gás natural.

O setor de serviços, por sua vez, cresceu 2%, refletindo o bom desempenho do comércio varejista ampliado, dos serviços prestados às famílias e das atividades de transporte e logística.

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O Espírito Santo alcançou um recorde histórico no PIB, atingindo o valor nominal de R$ 242 bilhões no acumulado dos últimos quatro trimestres. O valor é o maior da série histórica iniciada em 2002.

Indústria se destaca no 3° tri e compensa retração da agropecuária após o fim da colheita do conilon

Entre as dez principais culturas agrícolas do Espírito Santo, cinco apresentaram crescimento e cinco registraram queda, segundo estimativas do IBGE para o fechamento do ano. A produção agrícola segue sendo um dos pilares do avanço da economia capixaba.

A previsão é de alta na produção de café conilon (30,5%), pimenta-do-reino (13,7%), mamão (4%), cacau (3%) e cana-de-açúcar (0,3%). Já outras cinco culturas devem encerrar o ano em queda: café arábica (-14,7%), impactado pela bienalidade negativa, banana (-1%), tomate (-0,2%), coco (-5,7%) e abacaxi (-2,7%).

Os resultados mostram avanço significativo em setores estratégicos da economia. O diretor-geral do IJSN, Pablo Lira, ressalta que o Espírito Santo apresentou crescimento acima da média nacional em três das quatro bases de comparação avaliadas.

“Em síntese, ao analisar o acumulado do ano, o Espírito Santo cresceu 3%, enquanto o Brasil avançou 2,4%. Ou seja, de janeiro a setembro de 2025, a economia capixaba cresceu acima da média nacional. Nos últimos quatro trimestres, comparados com os quatro imediatamente anteriores, o estado cresceu 2,8% e o Brasil, 2,7%. E no comparativo do trimestre com o mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento foi de 2,6%, contra 1,8% do Brasil.”

Lira acrescenta: “No terceiro trimestre, em relação ao trimestre imediatamente anterior, o Espírito Santo teve retração de 1,7%, enquanto o Brasil registrou estabilidade de 0,1%. Ou seja, em três das quatro bases de comparação o Espírito Santo teve desempenho superior ao nacional. Vale lembrar que os dados vão somente até o terceiro trimestre, ainda sem captar os efeitos da Black Friday, das vendas de fim de ano e do maior aquecimento do turismo a partir de novembro e dezembro.”

Considerando os últimos quatro trimestre encerrados, o PIB capixaba avançou 2,8%. Já na comparação entre o terceiro trimestre de 2025 e o mesmo período de 2024, houve alta de 2,6%. No entanto, na análise entre o segundo e o terceiro trimestre de 2025, após dois trimestres seguidos de crescimento, houve queda de 1,7%.

Essa retração trimestral foi influenciada principalmente pela agropecuária, que registrou queda de 2,6%. O setor de serviços recuou 0,6%, enquanto a indústria avançou 2,5%.

O diretor de integração do IJSN, Antônio Rocha, explica que a queda na agropecuária no terceiro trimestre está relacionada ao fim da colheita do café conilon e de outras culturas, como a pimenta-do-reino.

“A queda acentuada ocorre porque o café representa 53% do valor adicionado da produção agrícola. Qualquer variação na produção ou na colheita impacta diretamente o desempenho. Durante o segundo trimestre, conforme Seag, a colheita do café estava em andamento e quase sendo concluída, o que explica esse movimento. No terceiro trimestre, o fim do processo refletiu na redução do volume produzido”, destacou Rocha.

Sobre o desempenho positivo da indústria no período, ele complementa: “Percebemos dados positivos na indústria extrativa, impulsionada pelas atividades da FPSO Maria Quitéria, da Petrobras, pelo avanço de petróleo e gás, pela retomada da Samarco e pela reativação de unidades produtivas em Ubu, entre outros segmentos. Assim, a indústria voltou a ter um papel importante para compensar as perdas geradas pela queda na agropecuária”.

Vale lembrar que, segundo o IJSN, a agropecuária representa entre 5% e 6% da economia capixaba, enquanto a indústria responde por 26% e o setor de serviços e comércio por 65% a 68% da composição do PIB estadual.

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Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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