Em busca de novos mercados na Europa, comitiva de exportadores de café capixaba vai à Suíça e Alemanha

Produtores e exportadores de café do Espírito Santo estão participando de uma missão internacional, liderada pelo Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), que passa pela Suíça e pela Alemanha. O objetivo é ampliar a presença do café capixaba em um cenário global desafiador, marcado por preços elevados, tensões geopolíticas e novas barreiras comerciais pós ‘tarifaço’. A agenda inclui encontros com importadores e torrefadores, além da participação em fóruns e feiras internacionais.

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“Europa já é destino estratégico do café capixaba”, aponta presidente do CCCV

A Europa tem se consolidado como principal mercado do café produzido no Espírito Santo. Nos últimos quatro anos, o continente absorveu em média 41% das exportações capixabas, movimentando cerca de US$ 745 milhões. Em 2025, até agosto, o cenário se manteve: foram 1,1 milhão de sacas embarcadas, que geraram US$ 330 milhões em receita. Bélgica (7%), Espanha (6,7%) e Alemanha (5%) lideraram as compras. No mesmo período, os Estados Unidos responderam por apenas 12% do volume.

Para Fabrício Tristão, presidente do CCCV, a missão ganha ainda mais relevância diante das novas tarifas impostas pelos EUA sobre o café brasileiro.

“Todos os anos o mercado global de café se reúne na Basileia, na Suíça, em um congresso anual que já faz parte do calendário dos exportadores. Mas tivemos, nos últimos meses, o advento do tarifaço americano, que sobretaxou as exportações brasileiras. Isso deu um tom a mais para a participação dos capixabas na Europa, porque precisamos garantir a relação e o acesso dos nossos cafés neste mercado”, explica.

Segundo ele, a Europa já é o destino mais relevante para o café capixaba, mas a conjuntura atual impõe a necessidade de fortalecer relações e abrir novas frentes comerciais. “O tarifaço nos trouxe a incumbência de criar alternativas. E elas passam pela Europa, com o reforço do relacionamento com os clientes para garantir a permanência do café capixaba e expandir esse mercado ainda mais”, completa Tristão.

Outro diferencial, destaca o dirigente, é a posição geográfica estratégica do continente, praticamente equidistante entre o Espírito Santo e o Vietnã, os dois maiores produtores globais de conilon/robusta.

Além da prospecção comercial, a comitiva busca consolidar a imagem do Espírito Santo como origem de cafés sustentáveis e de qualidade, apoiados em uma logística eficiente. O fórum da Suíça vai debater temas como os impactos das crises geopolíticas no comércio, uso da inteligência artificial, inovação e impacto social, políticas tarifárias, agricultura regenerativa e o Regulamento Europeu Antidesmatamento (EUDR).

Na sequência, os exportadores capixabas se juntam à maior delegação brasileira já registrada na Anuga, na Alemanha.

“O Brasil, neste ano, está levando sua maior comitiva de todos os tempos para a Anuga, e o Espírito Santo participa com uma delegação de peso, representando produtores e exportadores do Estado”, destaca Tristão.

A ação faz parte de um ciclo de internacionalização da cafeicultura capixaba. Em março, outra comitiva esteve no Vietnã, maior produtor mundial de robusta, em missão técnica para conhecer o ecossistema local — visitando propriedades, indústrias, portos e centros de comércio. Para 2026, novas missões já estão previstas, reforçando a estratégia de posicionar o café do Espírito Santo como referência global em competitividade e sustentabilidade.

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Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 14 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 14 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.