Drones impulsionam gestão hídrica e sustentabilidade no campo
Drones impulsionam gestão hídrica e sustentabilidade no campo

Depois de entrar para o mercado de drones agrícolas, a Fotus, uma das maiores importadoras e distribuidoras de equipamentos fotovoltaicos do Brasil, vem apostando alto em sua vertical Fotus Agro. A empresa capixaba está investindo cerca de R$ 300 milhões para importar duas mil unidades de drones agrícolas para pulverização da China.

A decisão acompanha o avanço da adoção de drones agrícolas no Brasil, que vêm transformando a forma como o agronegócio gerencia recursos naturais e busca maior sustentabilidade produtiva. As aeronaves não tripuladas se tornaram aliadas na economia de água, no uso racional de defensivos e na preservação do solo – pilares fundamentais de uma agricultura de baixo impacto ambiental.

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Tecnologias de precisão ajudam produtores a economizar água e reduzir defensivos

Estudos recentes da Embrapa indicam que práticas de agricultura de precisão, como o uso de drones, podem reduzir em até 15% o impacto ambiental associado à aplicação de insumos, fertilizantes e defensivos. Essa eficiência é resultado da capacidade dessas tecnologias de calibrar o tamanho das gotas e a concentração das caldas, garantindo que o produto atinja o alvo com precisão e sem desperdício.

No campo, isso representa um avanço concreto na gestão hídrica. Enquanto pulverizações convencionais podem consumir centenas de litros de água por hectare, os drones operam com volumes muito menores, utilizando taxas de 10 a 20 litros de calda por hectare. Essa economia é essencial em um país que, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), já enfrenta cenários críticos de estiagem em mais de 40% do território agrícola. 

“Quando falamos em drones, falamos em sustentabilidade na prática. A utilização de Ultra Baixo Volume (UBV), já são viáveis em muitas operações com aeronaves remotamente pilotadas trazendo efetividade em resultados com taxas de aplicação de 5 a 8 litros por hectare de calda. É uma tecnologia que permite fazer mais com menos: menos água e menos impacto no solo. E isso se traduz em produtividade e longevidade para o produtor”, afirma Victor Gomes Silva, engenheiro agrônomo da Fotus Agro.

A pulverização aérea com drones também elimina o tráfego de máquinas pesadas dentro das lavouras, reduzindo a compactação do solo e melhorando a penetração da água em diferentes camadas. Essa preservação da estrutura do terreno é fundamental para culturas perenes como café, citrus e até cana-de-açúcar, nas quais a saúde radicular tem impacto direto na longevidade e produtividade das plantas.

Outro destaque é a precisão na aplicação. Com auxílio de sensores e sistemas de navegação RTK, os drones da EAvision podem operar com margem de erro inferior a dez centímetros, assegurando cobertura uniforme e evitando sobreposição ou falhas. Essa precisão contribui diretamente para o uso racional de defensivos e para o equilíbrio ecológico, reduzindo riscos de contaminação do solo e da água.

O uso de drones também permite aplicar defensivos em estágios mais avançados da lavoura, quando tratores ou aviões não conseguem acessar o terreno sem causar danos. Essa flexibilidade aumenta a eficácia no combate a pragas e doenças, sobretudo em períodos de estiagem ou alta umidade, quando o tempo de resposta é decisivo.

Além dos ganhos diretos nas operações, a tecnologia reforça o papel do agronegócio brasileiro na agenda global de sustentabilidade. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o uso racional de insumos e de água está entre as práticas mais efetivas para mitigar emissões e adaptar a agricultura a cenários de extremos climáticos. 

Para Rodolfo Stanke, Head da Fotus Agro, o Brasil reúne condições únicas para liderar esse movimento. “Temos diversidade de culturas, extensão territorial e produtores abertos à inovação. O que a Fotus faz é conectar essa vocação à tecnologia, ajudando o agricultor a produzir com eficiência e respeito ao meio ambiente”, afirma.

O executivo ressalta ainda que a inovação precisa vir acompanhada de capacitação. “Não basta entregar o drone. É preciso garantir que o operador saiba usar cada recurso em favor da sustentabilidade. Por isso, investimos fortemente em treinamento e acompanhamento técnico pós-venda”, complementa Stanke.

Ao combinar produtividade, conservação e tecnologia, os drones agrícolas se consolidam como uma das principais apostas para o futuro do campo brasileiro. Em um cenário global que exige eficiência e responsabilidade ambiental, o avanço da agricultura de precisão mostra que inovação e sustentabilidade podem caminhar lado a lado.

No Espírito Santo, essa realidade já é visível. Os drones estão sendo amplamente utilizados no agronegócio para pulverização, mapeamento e monitoramento de lavouras, além de aplicações em segurança e meio ambiente. A tecnologia tem sido adotada por produtores rurais e empresas que buscam aumentar a eficiência, economizar tempo e reduzir custos nas mais diversas atividades.

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Stefany Sampaio
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Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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