
A liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central acendeu um alerta imediato sobre o futuro do Will Bank – banco digital fundado no Espírito Santo em 2017 e que hoje reúne cerca de 10 milhões de clientes. Embora o Will não tenha sido incluído na liquidação, a medida gerou dúvidas no mercado sobre a continuidade das operações e o destino da instituição, considerada um dos ativos mais valiosos do conglomerado. Entenda.
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Will Bank segue operando: por que o banco capixaba ficou fora da liquidação?
O Will Bank pertence ao conglomerado do Master, mas está registrado sob a licença do Banco Master Múltiplo — que não foi liquidado. Em vez disso, o Banco Central colocou o Master Múltiplo sob o Regime de Administração Especial Temporária (Raet), mecanismo que transfere a administração para um interventor e permite a continuidade das operações enquanto a instituição passa por reestruturação.
Na prática, isso significa que o Will Bank segue autorizado a funcionar normalmente: contas, cartões, limites, transações e serviços permanecem ativos. Como o banco digital não entrou em liquidação, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) não foi acionado, e os clientes não precisam solicitar ressarcimento.
O regime especial terá duração inicial de até 120 dias, prazo no qual o BC avalia alternativas de solução de mercado. Segundo fontes do setor, o Raet foi aplicado justamente para viabilizar a conclusão da venda do Will Bank a um novo investidor e evitar que a crise do conglomerado Master contamine o braço digital.
Venda urgente e interesse de grandes investidores
O Will Bank está entre os ativos mais cobiçados do grupo. Negociações para sua venda já vinham sendo conduzidas nos últimos meses, com destaque para o fundo soberano Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, em conversas que contavam com apoio da Mastercard — bandeira responsável pelas transações dos cartões do banco digital.
O interesse não é à toa: o Will reúne cerca de R$ 7 bilhões em passivos e movimenta R$ 8 bilhões em transações correntes com a bandeira. Para o mercado, preservar a operação é crucial para evitar impactos sistêmicos, sobretudo diante da crise que levou o BC a liquidar parte relevante do conglomerado controlado por Daniel Vorcaro.
Ainda assim, as tratativas foram afetadas pela prisão de Vorcaro, na última semana, durante investigação da Polícia Federal. Mesmo assim, interlocutores apontam que a venda continua sendo tratada como urgente, dado o risco de contaminação do ativo digital.
O que acontece com o conglomerado Master
Foram liquidados:
- Banco Master S.A.
- Banco Master de Investimento
- Letsbank
- Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários
Nesses casos, o FGC será acionado para ressarcir investidores que possuírem depósitos e aplicações elegíveis, respeitando o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.
Já o Master Múltiplo — controlador da Will Holding Financeira, da Will Financeira de Crédito e da Will Produtos — foi preservado no Raet por apresentar “possibilidade concreta de solução”, segundo o próprio BC.