O PIB capixaba cresceu 1,9% no primeiro semestre deste ano, segundo estimativas realizadas pelo Observatório da Findes. Número superior à média nacional de 1,4% para o mesmo período, segundo estimativa do IBGE. Em tom mais otimista, a Findes projeta para o ano crescimento de 3,1%, mantendo a dianteira em relação ao desempenho nacional, com taxa projetada entre 2,1% e 2,5%.
No caso do Espírito Santo, parece-nos claro que a aposta está no desempenho externo, uma vez que internamente as perspectivas não são tão animadoras para a economia brasileira neste segundo semestre. No mercado interno não são vislumbrados movimentos de reversão de tendência. Esse mercado tem um peso significativo na economia capixaba, embora proporcionalmente menor que a média dos demais estados. Trata-se do PIB que segue o ciclo interno das atividades econômicas.
Vale registrar que em 2022, que foi quanto o PIB capixaba apresentou queda de 1,7%, aquela parcela do PIB denominada de cíclica, foi na direção oposta, cresceu 2,6%. E a queda se deu por conta das atividades do setor extrativa mineral. No conjunto, minério de ferro e petróleo apresentaram queda real de 24% naquele ano. Um setor que já chegou a representar 24% do PIB em 2012. Hoje, deve estar no entorno de 15%.
A aposta no mercado externo nos coloca frente ao comportamento de três variáveis: preço em dólar, quantidade e câmbio. Quanto ao preço em dólar as indicações são de estabilidade ou até queda para a commodities metálicas, petróleo e celulose. Já café a tendência é de alta. Minério de ferro, por exemplo, na média dos oito primeiros meses de 2025, ficou em US$ 110,00. Abaixo dos US$ 127,00 praticado em 2024.
Pelo lado do câmbio não são esperados movimentos que favoreçam à desvalorização do real, que seriam benéficos às exportações. O dólar já caiu 14,2% no acumulado do ano e não há sinalizações para reversão de tendência, principalmente tendo em vista um cenário global tumultuado pelas políticas de Trump.
Resta o indicador do “quantum”, ou seja, da quantidade produzida consumida localmente ou exportada para o exterior e outros estados. Não vemos evidências de movimentos fortes que possibilitem neutralizar ou mesmo ultrapassar variações em preços e câmbio.
Temos que ter em mente que questão central da economia capixaba se prende ao fato de que sua dinâmica se mostra mais estável e correlacionada a setores do ciclo interno da economia nacional. Enquanto, por outro lado, mais volátil em relação a ciclos externos, sejam eles curtos ou longos. Trata-se, assim, de uma questão estrutural que tem como fonte causal o peso das commodities.
No momento estamos num estágio de ciclo externo de instabilidades, e na sua parte baixa. E nesse caso, o tarifaço provocado por Trump entra nessa equação. Basta observarmos os preços do minério de ferro, já demonstrado. O mesmo acontecendo com o petróleo. Também o aço e a celulose não fogem dessa lógica.
Mas, mesmo que não se chegue aos 3,1% de crescimento em 2025, a economia capixaba está na direção certa e preparada para galgar saltos com maior velocidade, diversificação e inovação. Aliás, segundo estimativa do PIB trimestral do IJSN/IBGE, a economia capixaba já teria alcançado taxa acumulada de crescimento de 3,8% no primeiro semestre do ano. 2,3% somente no segundo trimestre. Vale o otimismo.