Espírito Santo avança em valor por tonelada exportada

A economia capixaba é uma das mais abertas economicamente ao mundo exterior dentre os demais estados. Essa abertura é indicada pela relação entre os valores do fluxo comercial externo com o PIB. Em 2024, por exemplo, esse indicador atingiu 62%. Um número significativo para uma economia como a brasileira, considerada uma economia fechada. Afinal, foram R$ 128,0 bilhões de comércio exterior ante R$ 206,2 bilhões de PIB.

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Trata-se, portanto, de um setor que vem ganhando, escala, peso e importância no desenvolvimento do Espírito Santo.  Mas também maior diversidade, agregação de valor e complexidade econômica. E um bom indicador que contempla esses três atributos é o valor médio em dólar por tonelada exportada.

Se tomarmos dados entre 2002 e 2024 esse indicador passou de US$ 83,22 para US$ 325,52. Uma evolução de 291% em dólar. Ou seja, nossas exportações passaram de US$ 2,5 bilhões para US$ 10,7 bilhões. E em volume, de 30,4 milhões para 32,9 milhões de toneladas exportadas. É importante lembrar que esse pequeno crescimento do volume se deu em razão do fechamento da Samarco em 2016. Em 2014, o Espírito Santo exportou cerca de 60 milhões de toneladas em produtos.

Recordo-me que quando fiz parte da elaboração do ES 2025 – Plano de Desenvolvimento do Espírito Santo, em 2005, um dos pontos que chamou atenção foi o baixo valor por tonelada exportada. Santa Catarina, o estado tomado na época como benchmark, uma referência de modelo a ser seguido, apresentava valor dez vezes maior por tonelada exportada. Em 2024, essa relação caiu para 3,8. Ou seja, US$ 1.263,8 para Santa Catarina e US$ 325,52 para o Espírito Santo.

Vários fatores contribuíram para essa evolução. No caso das commodities, principalmente preços. Casos do minério de ferro, cujo preço passou de US$ 30 em 2002 para US$ 110,0 em 2025 – em 2021 chegou a US$ 200,0; celulose, de US$ 300,0 para US$ 373 em 2024. O Café avançou em preço, qualidade e agregação de valor com industrialização (solúvel).

Mas o setor que mais evoluiu em diversidade, sofisticação e consequentemente em agregação de valor e preço foi o setor de rochas. Em 2002, o Espírito Santo exportou 591 mil toneladas de rochas, nas modalidades de pedras de cantaria (83% do total), granito, quartzo e mármore ao valor de US$ 170 milhões; em 2024, 1,5 milhões de toneladas e US$ 1,04 bilhões. No agregado, US$ 287,0 a tonelada em 2002 para US$ 672,8 em 2024.

O comércio exterior se mostra assim como uma aposta no desenvolvimento do Espírito Santo no longo prazo.

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Orlando Caliman

Colunista

Mestre em Economia pela Arizona State University, ex-professor e pesquisador da UFES e ex-secretário de Planejamento do Espírito Santo, Orlando Caliman é diretor econômico da Futura Inteligência. Na Coluna Data Business, analisa o ambiente econômico do Espírito Santo e do país, apontando os desafios que precisam ser superados para o desenvolvimento.

Mestre em Economia pela Arizona State University, ex-professor e pesquisador da UFES e ex-secretário de Planejamento do Espírito Santo, Orlando Caliman é diretor econômico da Futura Inteligência. Na Coluna Data Business, analisa o ambiente econômico do Espírito Santo e do país, apontando os desafios que precisam ser superados para o desenvolvimento.