O Espírito Santo mantém sua posição de destaque no cenário nacional da cachaça. De acordo com o Anuário da Cachaça 2025, lançado recentemente pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o estado ocupa a terceira colocação no ranking brasileiro, com 81 estabelecimentos elaboradores registrados. O documento reúne dados sobre a cadeia produtiva, exportações e empregos gerados pelo setor em 2024.
Em todo o Brasil, o número de estabelecimentos registrados cresceu 4% no último ano, totalizando 1.266. O Espírito Santo fica atrás apenas de Minas Gerais (501) e São Paulo (179), mas se destaca por apresentar a maior dispersão de produtores: 48,7% dos municípios capixabas possuem pelo menos um registro — são 38 cidades das 78 que compõem o estado. Além disso, ocupa a segunda colocação nacional em densidade cachaceira, com um estabelecimento para cada 50.644 habitantes.
O Sudeste segue como a principal região produtora, concentrando mais de 800 cachaçarias, seguido pelo Nordeste (189) e pelo Sul (183).
São Roque do Canaã: Capital Estadual da Cachaça
Entre os municípios capixabas, São Roque do Canaã se destaca como referência. O município, conhecido como a Capital Estadual da Cachaça, abriga 13 estabelecimentos dedicados à produção artesanal da bebida.
É desta cidade que, em 2007, foi iniciada a produção da Cachaça Arte Suprema, no distrito de São Bento. A propriedade fica localizada em São Roque do Canaã, na Região dos Imigrantes, uma das regiões conhecidas por preservar as tradições dos descendentes europeus e por valorizar a agricultura familiar.
O visitante tem a experiência completa de acompanhar o passo a passo da produção e degustação das bebidas produzidas na região. Por ali, faz parte da cultura a abertura das propriedades e dos sítios para visitação de turistas. No local, são produzidos em torno de 45 mil litros por ano.
Além dele, outras regiões tradicionais como Castelo e Domingos Martins também possuem forte presença na cadeia produtiva, marcada por alambiques familiares e técnicas que mesclam tradição e inovação.
A cachaça capixaba é reconhecida pela diversidade de aromas e sabores, fruto das condições climáticas, da variedade de cana-de-açúcar cultivada e dos processos artesanais.
No Alambique Caipira, em São Roque do Canaã, a produção da bebida é totalmente integrada: desde o plantio da cana-de-açúcar até a moagem, destilação e envelhecimento, tudo acontece dentro da propriedade, garantindo qualidade e identidade ao produto.
A loja da fábrica está instalada em uma casa centenária de cultura italiana, datada de 1912. A estrutura original foi cuidadosamente preservada, transformando o espaço em um verdadeiro memorial da história familiar e da região.
Crescimento nacional e geração de empregos
O Anuário da cachaça também apontou um crescimento expressivo no número de produtos registrados: aumento de 20,4% em relação a 2023, chegando a 7.223 cachaças certificadas no país. Minas Gerais lidera, com 2.492 produtos, o que corresponde a 34,5% do total nacional.
O setor também é relevante na geração de empregos: em 2024, foram 141.596 postos diretos na fabricação de bebidas, dos quais 6.363 correspondem especificamente à produção de aguardente de cana-de-açúcar. O Sudeste responde por 46,4% desses empregos.
Para o presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), Carlos Lima, apesar dos desafios, o setor segue demonstrando força e potencial. “Os dados do Anuário são extremamente animadores pelo crescimento tanto no número de estabelecimentos elaboradores quanto de registros de produto. No entanto, ainda estamos aquém do potencial de um setor que representa a bebida genuinamente brasileira”, afirma.
Símbolo nacional
O secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, reforçou a importância do setor. “O crescimento no número de cachaças registradas mostra como o setor está cada vez mais forte e presente em todo o Brasil. É um reflexo do talento dos nossos produtores e do trabalho do Ministério para apoiar quem faz da cachaça um verdadeiro símbolo nacional”, destacou.