O primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil acendeu o alerta no setor avícola. A ocorrência foi registrada na última semana em uma propriedade de postura no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Como consequência, mais de 40% das exportações brasileiras de carne de frango foram suspensas por países como China, União Europeia, Argentina, Uruguai, México, Chile, Coreia do Sul, África do Sul e Canadá.
No Espírito Santo, um dos principais estados produtores de aves e ovos do país, o setor intensificou os cuidados para evitar que a doença atinja a cadeia produtiva local. Segundo a Secretaria da Agricultura (Seag), não há registros da gripe aviária em granjas comerciais ou de subsistência no estado. As medidas de biosseguridade foram reforçadas e incluem a inspeção rigorosa da qualidade da água, ração e estrutura dos galpões, além de restrições a visitas externas e desinfecção de veículos e materiais.
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Mapa alerta que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e ovos
O Brasil é responsável por cerca de 40% do comércio global de carne de frango. Com a suspensão das exportações, o mercado internacional pode registrar alta nos preços da proteína, enquanto o mercado interno tende a ter queda, devido ao aumento da oferta local.
Diante do cenário, o Espírito Santo prorrogou por mais 180 dias o Estado de Emergência Zoossanitária, conforme publicado no Diário Oficial. A decisão acompanha a Portaria nº 784/2025 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que estende a medida a todo o território nacional até 6 de outubro.
O secretário de Agricultura, Enio Bergoli, destacou a importância da prevenção.
“Estamos livres do vírus nos aviários graças ao empenho dos órgãos públicos, da iniciativa privada e, especialmente, dos avicultores, que vêm seguindo rigorosamente os protocolos de biosseguridade. A prorrogação do estado de emergência é uma medida preventiva essencial. É um esforço coletivo que protege vidas, empregos e a nossa economia”, afirmou Bergoli.
A avicultura tem papel fundamental na economia capixaba, gerando empregos diretos para mais de 20 mil pessoas e impactando mais de 100 mil famílias. O setor também movimenta atividades como transporte, serviços e agricultura. Em 2024, o estado produziu 5,2 bilhões de ovos, alta de 15,6% em relação a 2023, de acordo com a Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves).
Produção de ovos no Espírito Santo
Santa Maria de Jetibá lidera a produção, concentrando 92% do total estadual, seguida por Santa Leopoldina (2%). Santa Teresa, Venda Nova do Imigrante e Domingos Martins também têm participação relevante. Segundo o IBGE, Santa Maria de Jetibá é o maior produtor de ovos do Brasil.
No Espírito Santo, não há registro de casos da doença em granjas comerciais ou de subsistência. Desde maio de 2023, quando foram identificados casos do vírus em aves silvestres migratórias no estado, as ações de vigilância e prevenção foram intensificadas. O Comitê Gestor de Enfrentamento à Influenza Aviária, composto por órgãos como Idaf, Iema, Sesa e Mapa, acompanha de perto os desdobramentos da doença no Brasil.
Em nota, a Seag afirmou que espera contenção imediata do foco no Rio Grande do Sul, para evitar que a avicultura brasileira como um todo seja penalizada com restrições comerciais. O estado aguarda manifestação oficial do Ministério da Agricultura à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), com diretrizes sobre o comércio nacional e internacional de aves e ovos.
Alimentos seguem seguros para consumo
A gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne de frango ou ovos inspecionados. Os produtos disponíveis no mercado seguem os padrões sanitários e são considerados seguros. O risco de infecção humana é baixo e, geralmente, está associado ao contato direto com aves infectadas.
Recomendações à população:
• Não tocar, recolher ou manipular aves doentes, caídas ou mortas.
• Os principais sintomas em aves são: tremores, dificuldade para andar ou respirar, debilidade extrema.
• Em caso de suspeita, a recomendação é notificar imediatamente o Idaf pelo site www.idaf.es.gov.br.
Recomendações aos produtores:
• Reforçar as medidas de biosseguridade das granjas;
• Proibir visitas externas às unidades de produção;
• Garantir desinfecção de veículos, materiais e uso de roupas exclusivas;
• Monitorar qualidade da água, ração e estrutura dos galpões;
• Implementar vazio sanitário, controle de pragas e treinamento contínuo da equipe.
Situação Atual e Medidas
O Ministério da Agricultura está investigando novos focos suspeitos da doença. A confirmação do caso em Montenegro (RS) elevou o nível de alerta sanitário no país. Outros municípios com suspeitas estão sendo monitorados, segundo o painel de vigilância do governo federal.
De acordo com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se nenhum novo caso for registrado em 28 dias, o Brasil poderá retomar o status de país livre de gripe aviária. Com isso, as exportações devem ser gradualmente normalizadas.
As suspeitas que deram negativo estão nos seguintes municípios:
- Gracho Cardoso (SE) – galinhas domésticas
- Nova Brasilândia (MT) – galinhas domésticas
- Triunfo (RS) – galinhas domésticas
Outros três casos ainda estão em análise, nas seguintes localidades:
- Ipumirim (SC) – atividade comercial
- Salitre (CE) – galinhas domésticas
- Aguiarnópolis (TO) – atividade comercial
- Estância Velha (RS) – produção familiar para subsistência