Márcia e Emir de Macedo Gomes Filho
Márcia e Emir de Macedo Gomes Filho

O Espírito Santo vem se destacando como referência nacional na produção de chocolate artesanal. Em 2020, o estado contava com 25 marcas de chocolate; em 2025, esse número já chega a 47 marcas, segundo levantamento que a coluna Agro Business teve acesso elaborado pelo cacauicultor linharense Emir de Macedo Gomes Filho. O estado é o terceiro maior produtor de cacau do Brasil, e sua produção cresce não apenas em quantidade, mas principalmente em qualidade.

O incentivo à produção de amêndoas de cacau de alta qualidade e a expansão das fábricas locais têm fortalecido a cadeia produtiva do cacau capixaba. O aprimoramento das amêndoas agrega valor aos produtos que utilizam o cacau como matéria-prima e melhora a rentabilidade dos produtores rurais.

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Para o produtor Emir de Macedo Gomes Filho, a evolução da produção de chocolate no Espírito Santo é resultado de visão, empreendedorismo e dedicação.

“Há alguns anos éramos apenas três marcas: Terra Cacau, Espírito Santo e Espírito Cacau. Participamos das primeiras edições do festival em Pedra Azul, e eram tão poucas marcas que, para organizar o evento, precisávamos unir forças com o agronegócio. Com o tempo, os produtores perceberam que havia uma oportunidade de agregar valor à produção e valorizar seu trabalho. Hoje já temos mais de 45 marcas espalhadas pelo estado, o que é bastante expressivo considerando os 20 mil hectares de cultivo”, lembra Emir.

O potencial de agregação de valor do cacau é enorme, segundo Emir:

“Um quilo de amêndoa custa cerca de R$ 25, mas, quando transformado em chocolate de qualidade, pode chegar a R$ 250 ou até R$ 300. Hoje, temos produtores que seguem o modelo tree to bar, fazendo chocolate a partir da própria amêndoa, e outros no modelo bean to bar, vendendo a barra produzida a partir da amêndoa. Além disso, o cacau é totalmente aproveitável: você pode produzir polpa, sorvete, mel e até aguardente de cacau. Esse é um mercado em alta, porque o consumidor está mais exigente, busca produtos saudáveis e saborosos. Isso também impulsiona o turismo de experiência, permitindo que quem produz chocolate na fazenda receba visitantes e participe de feiras e festivais, aumentando a receita da propriedade.”

Além do crescimento do setor, Emir ressalta que a profissionalização é fundamental:

“Não dá mais para atuar como amador. Quem quer entrar no mercado de chocolate capixaba precisa oferecer produtos de excelência e qualidade. É essencial que o produtor compreenda todo o processo, da amêndoa ao chocolate, para se destacar em um mercado competitivo”.

Emir sempre acreditou na importância da capacitação para fortalecer a produção de chocolate capixaba. Durante anos, ofereceu cursos e treinamentos em parceria com outros profissionais do setor, focados na produção de chocolate artesanal e no desenvolvimento de técnicas para agregar valor ao cacau. Atualmente, o Ifes, em parceria com a Prefeitura de Linhares, passou a oferecer cursos gratuitos, ampliando a formação de novos empreendedores.

“Acredito que o número de produtores e marcas vai crescer ainda mais. Surgirão novos profissionais, porque o interesse pelo chocolate capixaba não para de crescer”, destaca Emir.

O capixaba Emir Macedo Gomes Filho é produtor de cacau há mais de 30 anos em Linhares (ES). Vencedor de concursos nacionais de qualidade, Emir já teve uma de suas amêndoas reconhecidas como uma das melhores do mundo no Salão do Chocolate de Paris, em 2017. Em 2019, também foi reconhecido com o “melhor cacau do Brasil” no primeiro Concurso Nacional de Qualidade do Cacau, na categoria varietal.

Crescimento da cadeia produtiva do cacau no Espírito Santo

A cadeia produtiva do cacau no Espírito Santo está em crescimento e sua contribuição para o desenvolvimento econômico e social do estado. Com produção de mais de 12 mil toneladas distribuídas em mais de 15 mil hectares, o Espírito Santo ocupa hoje a terceira posição no ranking nacional, ficando atrás apenas da Bahia e do Pará.

Atualmente, o cacau capixaba está presente em 50 municípios, com destaque para Linhares, que concentra 68% da produção. De acordo com a Secretaria de Agricultura do Espírito Santo (Seag), aproximadamente 2.806 estabelecimentos rurais cultivam cacau, apoiados por cerca de 40 agroindústrias que transformam essa matéria-prima em chocolates e produtos derivados de alta qualidade, reconhecidos dentro e fora do Brasil.

Em 2024, os chocolates e preparados com cacau capixaba chegaram a 50 países, consolidando-se como o sétimo produto mais importante na pauta de exportações do agronegócio do Espírito Santo.

Veja quais são as 47 marcas de chocolates do ES:

1 – Cacau em Cor/Emir Filho/Linhares

2 – Espírito Cacau/Paulo Gonçalves/Serra

3 – Chocolates Espírito Santo/José Manoel/Iconha

4 – Cascatinha/Colatina

5 – Pepê/ Santa Teresa

6 – Chocolates Anchieta/Edson

7 – Perobas Cacau/Soeiro/Linhares

8 – Barcaça/Fernando Buffon/Linhares

9 – Floresta Cacau/Luiz Soresini/Aracruz

10 – Manah/Guilherme Resende/Linhares

11 – d’Cacau/Érica Rangel/Linhares

12 – Ateliê dos Chocolates/Renato/Pedra Azul/Mudou para OCakau

13 – Piul Chocolates/Venda Nova

14 – Cacalmenara Chocolates/Santa Teresa

15 – Ibiraçu Cacau/Lúcia/José Nelson/Ibiraçu

16 – Reinholz Chocolates/Fabiana/Colatina

17 – Faccínio Chocolates/São Gabriel Palha

18 – Santo Cacau/Vitória

19 – Ana Bandeira Chocolates

20 – Família Ximenes

21 – Lamberti/ Itarana

22 – Rio Doce/Popermayer/Linhares

23 – Cacau Chauã/Miguel Português/Linhares

24 – Capitão Redighieri/St Tereza

25 – Chocolin, amêndoas e derivados/Linhares

26 – Divino Cacau/João Neiva

27 – Kakoa Brasil/Carlos Carrareto Aracruz

28 – Don Romero/Río Bananal

29 – Amerikas Chocolates/Vitória

30 – Josefine Chocolates/Serra

31 – Del Rezano/Colatina

32 – Chocolate Luxemburgo/Santa Leopoldina

33 – Föger Chocolates/Serra

34 – Chocopan/Guaraná

35 – Chocolate Ronqueti

36 – Amantine/ Afonso Claudio

37 – Belei Cacau/Grazielli/Colatina

38 – Chocolate Primavera /Stefano Pignaton/Linhares

39 – Capixabi Chocolates

40 – Vila Vital/Linhares

41 – Good Bean Es/Vitória/Luiz Carlos Umberlino

42 – Gengues Chocolates/Pancas

43 – Cacau da Montanha/Santa Maria jetibá

44 – Selah Chocolates/Pedra Azul

45 – Cacau Maia/Bananal

46 – Cacauzíssimo/Serra

47 – Dom Homero/São Domingos

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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