Ano a ano, o Espírito Santo vem se consolidando como a principal porta de entrada para aeronaves importadas, sobretudo da aviação executiva, e veículos, despontando como um dos principais hubs logísticos do Brasil, beneficiado por sua localização estratégica, permitindo acesso a 70% do PIB brasileiro em um raio de 1.200 km. Nos quatro primeiros meses deste ano, o estado já importou cerca de US$ 700 milhões – mais de R$ 4 bilhões na cotação atual – em aeronaves e veículos, segundo dados do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex).
Principal desafio do estado é a integração de modais logísticos, apontam especialistas
Sidemar Acosta, presidente do Sindiex, aponta que os recentes investimentos em infraestrutura portuária têm melhorado a eficiência logística e ampliado a capacidade de movimentação de cargas do estado.
“Nosso estado é referência em equilíbrio fiscal e, graças a um alinhamento constante do poder público, das entidades e do poder privado, temos excelentes benefícios fiscais para empresas que operam no Espírito Santo. Para garantir uma integração eficiente dos recursos de infraestrutura, é essencial fortalecer a intermodalidade, conectando os portos a uma rede de transporte rodoviário e ferroviário otimizada”, explica.
Ele aponta que a diversificação dos mercados atendidos pelas empresas capixabas e o uso intensivo de tecnologia nos armazéns e centros de distribuição têm elevado a competitividade do Espírito Santo frente a outros estados da costa brasileira.
“Projetos como o ParklogBR em Aracruz/ES, que oferecerá amplo suporte às operações logísticas e alfandegárias. Os investimentos no Porto da Imetame, com início das operações previstas para o 1º semestre de 2026, a expansão das atividades em Portocel, somados aos investimentos realizados pela VPORTS e o Terminal de Vila Velha (TVV) são avanços concretos nesse caminho. Destaco ainda o papel estratégico do Porto Central, em Presidente Kennedy, um empreendimento que ampliará significativamente a capacidade de movimentação de cargas do Espírito Santo, com vocação para atender cargas de grande porte, offshore e industriais”, completa Sidemar.
A advogada especialista em Direito Marítimo, Portuário e Aduaneiro, Luciana Mattar, reforça que, hoje, o Espírito Santo enfrenta como principal desafio a integração plena dos quatro modais logísticos — marítimo, rodoviário, ferroviário e aéreo.
Segundo ela, embora os portos sejam modernos e eficientes, há gargalos históricos no modal ferroviário, na conectividade rodoviária de longa distância e na expansão aeroportuária regional.
“Com o fim dos atuais benefícios fiscais previsto para 2032, o Espírito Santo tem consciência de que precisa chegar a esse marco com logística integrada, eficiente e tecnologicamente avançada, de forma a manter sua atratividade para as operações de comércio exterior e consolidar sua função como parceiro estratégico de outros estados. Para superar essas limitações, o Estado tem investido de forma consistente na duplicação de rodovias estratégicas, como a BR-101 e a BR-262, e acompanha de perto a renovação da concessão da malha ferroviária que liga o centro do Brasil ao litoral capixaba. No setor aéreo, os aeroportos de Vitória, Linhares e Cachoeiro de Itapemirim vêm recebendo melhorias voltadas à ampliação da movimentação de cargas e passageiros”, afirma.
A advogada completa que o desenvolvimento do Espírito Santo como polo de comércio exterior e logística depende de uma atuação coordenada entre o setor público e o setor privado.
“Nesse contexto, entidades como o SINDIEX e o RECOMEX-ES exercem um papel essencial na articulação de interesses, na proposição de soluções e na construção de um ambiente institucional sólido. A força dessas instituições se reflete na capacidade do Espírito Santo de se antecipar a desafios, propor soluções concretas e garantir que o Estado continue sendo um vetor de crescimento e geração de oportunidades, não apenas para sua população, mas para o país como um todo”, finaliza.