Espírito Santo supera média nacional no PIB

O IJSN divulgou, nesta semana, o PIB trimestral relativo ao terceiro trimestre deste ano. No acumulado dos três trimestres, o Espírito Santo continua a apresentar taxa superior à média nacional: 3,0% contra 2,4%. Uma boa performance, mesmo pegando um pedaço dos efeitos do tarifaço americano, que comprometeu principalmente o setor de rochas ornamentais, dentre outros setores. O valor do PIB no ano deverá fechar no entorno de R$ 245 bilhões.

Os números do terceiro trimestre comparados com o trimestre anterior não foram bons. Tanto para o Brasil, quanto para o Espírito Santo. O PIB nacional apresentou crescimento de apenas 0,1% e o capixaba caiu 1,7%. No caso do Brasil pesou o fraco desempenho do setor serviços com 0,1%, que responde por cerca de 64% do PIB.

No Espírito Santo pesou mais a queda o desempenho do setor serviços com variação negativa de 0,6%. Este responde por cerca de 57%. Ajudou também nesse movimento a variação negativo no PIB da agropecuária de 2,6%, refletindo   o fim da safra do café, com perda relativamente maior para o arábica.  Porém, no acumulado do ano o setor manteve-se na dianteira com 11,1% de crescimento, contribuindo assim para amenizar a redução do PIB total, mesmo com participação de 5,4%. Lembrando que estamos falando aqui de produção dentro da porteira.

No acumulado de trimestre a trimestre o desempenho do PIB capixaba somente foi inferior à média nacional no primeiro: 1,5% contra 3,1%. No segundo trimestre a média Brasil foi de 2,7 e o Espírito Santo 3,1%. No Espírito Santo contribuíram para esse salto o setor industrial com 4,2% no referido trimestre; leia-se petróleo e pelotas de minério de ferro, e produção agropecuária com 3,1%. Com a agropecuária em trimestre de safra do café.

Repetindo minha avaliação expressa em artigo anterior eu diria que estamos tendo um bom ano na economia capixaba. As expectativas de início de ano já apontavam para um desempenho melhor do que 2024, que fechou com crescimento de 2,1%, abaixo de 2023 (3,4%). Aliás, é bom ressaltar, em 2023 tivemos um forte impacto das commodities. Tivemos um PIB aquém das expectativas.

Resumindo, observando os números, estamos diante de um pouso suave da economia, especialmente tendo em vista nossas altíssimas taxas de juros e outros obstáculos mais.

Considerando o lag médio de tempo dos efeitos da elevação da Selic para 15%, que normalmente se coloca no intervalo entre 12 e 18 meses, podemos afirmar que ainda vão sobrar efeitos negativos para meses à frente.

Para que a economia capixaba se mantenha na dianteira em relação à média nacional temos que contar principalmente com o desempenho do setor serviços, que compreende comércio e serviços propriamente dito. Além, claro, que as commodities se mantenham pelo menos estáveis em preço e volume.

Do lado do setor serviços pesa o excessivo grau de endividamento das famílias. Estamos no auge do efeito Selic, que ao ser mantida nesta última quarta feira tende a esfriar também expectativas para 2026, que devem começar em patamares baixos.

Mais do que na economia real, certamente as expectativas para 2026 serão produzidas a partir de cenários no campo da política. A depender da direção do pêndulo político, direita e esquerda, poderemos ter um descolamento maior ou menor entre o mundo real da economia e mercado financeiro, com o segundo antecipando-se – precificando – o que poderá acontecer com o primeiro.

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Orlando Caliman

Colunista

Mestre em Economia pela Arizona State University, ex-professor e pesquisador da UFES e ex-secretário de Planejamento do Espírito Santo, Orlando Caliman é diretor econômico da Futura Inteligência. Na Coluna Data Business, analisa o ambiente econômico do Espírito Santo e do país, apontando os desafios que precisam ser superados para o desenvolvimento.

Mestre em Economia pela Arizona State University, ex-professor e pesquisador da UFES e ex-secretário de Planejamento do Espírito Santo, Orlando Caliman é diretor econômico da Futura Inteligência. Na Coluna Data Business, analisa o ambiente econômico do Espírito Santo e do país, apontando os desafios que precisam ser superados para o desenvolvimento.