Governo nega, mas Novo Arcabouço Fiscal indica aumento de impostos Governo nega, mas Novo Arcabouço Fiscal indica aumento de impostos Governo nega, mas Novo Arcabouço Fiscal indica aumento de impostos Governo nega, mas Novo Arcabouço Fiscal indica aumento de impostos

Na última quinta-feira (30) o Ministério da Fazenda anunciou uma carta de intenções do que virá a ser o Novo Arcabouço Fiscal, que substituirá a regra do Teto de Gastos após a aprovação da PEC 32/2022, a chamada PEC da Transição. A equipe econômica ainda trabalha no detalhamento da proposta, necessária para equilibrar a dívida pública e trazer segurança para investimentos na economia brasileira. O projeto de lei precisa ser encaminhado até o dia 15 de abril pelas regras da legislação orçamentária. Contudo, diante das diretrizes básicas apresentadas e da fala do Ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), para que o plano seja cumprido será necessário aumentar a arrecadação em cerca de R$ 150 bilhões. Apesar de negar na própria fala, ao que tudo indica o governo buscará essa cifra com aumento de impostos.

O que diz a proposta do Novo Marco Fiscal

Resumidamente, as diretrizes da proposta indicam que haverá: 1) Um crescimento mínimo do gasto primário de 0,6% a.a. acima da inflação; 2) Esse crescimento será limitado do gasto primário de 2,5% a.a. acima da inflação; 3) Entre o máximo e o mínimo, o gasto primário será fixado como 70% do crescimento da receita do exercício anterior, mas se não for obtido a meta de resultado primário esse percentual cai para 50% do crescimento da receita com base no ano anterior. 4) Criar-se um piso para investimentos públicos, mas sem detalhamento de valores. O risco de aumento de impostos Contudo, relatório do BTG Pactual estimou os efeitos da nova regra se não houver aumento de impostos. Nesse caso, a dívida bruta tenderia a terminar o ano de 2035 entre ~95% e 100% do PIB, um valor muito superior à dívida de países emergentes similares ao Brasil, que estão em torno de 60%. Para que essa dívida fosse estabilizada em 85% do PIB, precisaria-se elevar muito a carga tributária. Dado que o projeto de lei não foi ainda redigido, ficam dúvidas sobre aspectos técnicos relevantes, como quais exceções à regra haverão além de Fundep e Piso da Enfermagem. É de se esperar a atuação de grupos de interesses no Congresso Nacional para criação de novas exceções para categorias e grupos específicos, prejudicando ainda mais a efetividade da regra fiscal. Não se sabe se o descumprimento da regra ensejará crime de responsabilidade ou alguma sanção ao governante, regras de investimentos, entre outras questões. Além disso, historicamente a inflação no Brasil é utilizada como ferramenta para aumentar a receita do governo e maquiar o nível de despesas. Nesse caso, eleva-se o resultado primário e reduz a relação dívida/PIB no curto prazo, em detrimento do médio e longo prazo e da deterioração do valor da moeda. O risco inflacionário pode, portanto, aumentar com o Novo Arcabouço. Alerta-se que um aumento da arrecadação é preocupante porque provocará a desaceleração da economia, em especial em um cenário de aumento de juros globais e retração econômica comparada à década passada. Vale considerar que a carga tributária geral do Brasil é maior do que quase todos os países pares, como exportadores de commodities e emergentes, excetuando-se Rússia, Cuba e Argentina. Há ainda incertezas sobre quais os setores que poderão ter aumento da carga tributária e as alíquotas destas, que acabarão por pagar a conta. Haddad limitou-se a dizer que há a possibilidade de “revisão de benefícios tributários” e de tributação de apostas esportivas. Há, portanto, riscos inflacionários e tributários diante das primeiras sinalizações do Ministério da Fazenda, dois caminhos perigosos para o desenvolvimento econômico brasileiro.