
Jaguaré deu um passo importante para transformar sua tradição cafeeira em atrativo turístico. Durante a Feira Internacional do Café Conilon (FICC), realizada de 27 a 29 de novembro, o município lançou os primeiros circuitos que compõem a Rota do Café Conilon, iniciativa que une produção rural, cultura, gastronomia e vivências no campo.
O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil e, em Jaguaré, o grão é parte essencial da economia e da rotina das famílias. Agora, além de produzir, muitas propriedades buscam agregar valor e abrir suas porteiras para visitantes interessados em conhecer o dia a dia da agricultura capixaba.
A proposta, liderada pela Secretaria Municipal de Turismo em parceria com o Sebrae-ES, incentiva o turismo rural, amplia oportunidades de negócios e fortalece a identidade agrícola local. Durante a FICC, quatro roteiros turísticos passaram a ser disponibilizados ao público.
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Turistas passam a ter vivências no campo e contato direto com a produção
Os itinerários incluem trilhas entre árvores frutíferas e ornamentais, visitas a plantações de café e pimenta-do-reino, criação de galinhas, porcos e pavões, tanques de peixes e espaços dedicados à produção artesanal de cachaça.
Em algumas propriedades, os turistas poderão vivenciar o clima do campo com pernoites, momentos de contemplação e imersão em paisagens naturais, longe das luzes e ruídos urbanos.
A culinária é um dos pontos altos da Rota. Alguns roteiros incluem refeições feitas no fogão a lenha, com pratos como galinhada, carne de porco, polenta e, claro, o tradicional café conilon produzido na região.
A secretária municipal de Turismo, Vera Backer, reforça que as rotas estão sendo construídas de forma colaborativa, envolvendo proprietários e fortalecendo o empreendedorismo local.
“Estamos em diálogo com os proprietários que já confirmaram participação na rota. Em parceria com o Sebrae, estamos oferecendo consultorias para que os empreendimentos estejam preparados para receber os turistas. Além das propriedades privadas, Jaguaré também conta com espaços públicos abertos à visitação”, destaca.
Para Cimá Guizani, presidente da Adetur, Instância de Governança Regional de Turismo da Região do Verde e das Águas, a abertura dos circuitos durante a FICC simboliza mais um passo rumo à valorização da vocação agrícola do município.
“A abertura dos circuitos na FICC marca um novo salto para o turismo rural de Jaguaré e abre caminhos para um negócio mais sustentável, confirmando o potencial rural do município”, afirma.
Força do conilon capixaba atrai compradores internacionais
Além de ser o maior produtor, o Espírito Santo é também o maior exportador de café conilon do país. Em 2024, foram 7 milhões de sacas embarcadas, 76% das exportações nacionais, além de 571,4 mil sacas de café solúvel. Apenas no primeiro trimestre de 2025, já foram exportadas 432,5 mil sacas de conilon e 109 mil sacas de solúvel.
Toda essa representatividade desperta o interesse de compradores internacionais que visitam o estado para entender melhor a cadeia produtiva. Um exemplo foi a presença de uma comitiva da China no primeiro dia da FICC.
O cônsul-geral adjunto da China no Rio de Janeiro, Wang Haitao, visitou propriedades, conheceu métodos de produção e buscou aproximar o mercado chinês dos pequenos produtores capixabas. A missão também teve como objetivo ampliar as compras de café do Espírito Santo e estimular ações de cooperação tecnológica.
O diplomata destacou que o mercado chinês valoriza atributos presentes no conilon capixaba, qualidade, força da agricultura familiar, capacidade industrial e regularidade de fornecimento.
“Com o desenvolvimento econômico da China, cada vez mais chineses gostam de beber café ou bebidas à base de café. Portanto, a demanda está a crescer. Acho que a China vai comprar ainda mais cafés do Brasil. Isso abre um espaço natural para o Brasil, maior produtor do mundo, e para o Espírito Santo, líder no conilon”, ressaltou.
Durante a visita, a comitiva esteve em uma propriedade rural de Jaguaré que cultiva café conilon e experimentou um almoço típico preparado no fogão a lenha, experiência que reforçou a conexão com a cultura da agricultura familiar, muito valorizada pelos asiáticos.

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