Entre os dias 27 e 29 de novembro de 2025, Jaguaré será palco da primeira Feira Internacional do Café Conilon (FICC). O evento acontece no Parque de Exposições Alfeu Sossai e promete reunir grandes players do agronegócio, autoridades, produtores e cooperativas, projetando o grão capixaba para novos mercados internacionais em meio ao desafio do tarifaço dos Estados Unidos. 

O Espírito Santo é responsável por 70% da produção nacional de café conilon, segundo o Incaper, com cerca de 300 mil hectares plantados em 63 municípios. A cultura representa 37% do PIB agrícola capixaba e gera aproximadamente 250 mil empregos diretos.

A expectativa é receber entre 20 e 30 mil visitantes nos três dias de programação, que inclui palestras, painéis técnicos, exposição de tecnologias, espaço de negócios e concursos de qualidade. Jaguaré é uma cidade do Noroeste do Espírito Santo que ocupa posição de destaque nacional na produção do conilon.

Para o secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, o evento marca um novo posicionamento do conilon capixaba no mundo.

“Para o evento ser internacional, ele precisa ter internacionalidade, trazer pessoas influentes. Nós nunca recebemos tantas autoridades visitando o nosso estado para conhecer a nossa cafeicultura. O Vietnã produz cerca de 27 a 28 milhões de sacas. Em três ou quatro anos, o Brasil, que já é o maior produtor de café arábica, vai ser também o maior produtor de café canéfora. É importante liderarmos esse mercado e mostrarmos a nossa força, pautada na ciência e na tecnologia”, acrescentou.

O analista de mercado e curador da feira, Marcus Magalhães, reforça que o objetivo é abrir horizontes. A feira ganha ainda mais relevância em um cenário marcado pela imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros. Como o país norte-americano é um dos principais consumidores do café capixaba, o evento se apresenta como oportunidade estratégica para enfrentar os desafios do tarifaço e desbravar novas fronteiras comerciais para o conilon do Espírito Santo.

“A internacionalidade tem duas faces: trazer o mundo para o Espírito Santo e levar o Espírito Santo para o mundo. O produtor precisa pensar fora da caixa, entender que faz parte de um arranjo produtivo que tem que buscar o melhor caminho para o conilon”, afirmou Magalhães.

“Queremos mostrar para os importadores a riqueza cultural e produtiva do Espírito Santo. A Europa pode ser um novo mercado desbravador, ainda mais diante do tarifaço dos Estados Unidos. Precisamos abrir portas, fixar a bandeira do conilon capixaba no mundo e mostrar que temos condição de abastecer qualquer país do planeta”, completou.

Segundo ele, o evento também será uma vitrine de inovação e tecnologia.

“Se há dez anos não existia mecanização, hoje temos colhedoras e irrigação subterrânea. Esse futuro diferente precisa ser mostrado ao produtor para que ele aumente a qualidade, reduza custos e tenha visão de mundo.”

Ex-patinho feio, café canéfora vira cisne

O presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, destacou o papel estratégico da feira para reposicionar a imagem do conilon.

“Esse evento tem significado profundo para que possamos divulgar a qualidade do café conilon no Espírito Santo e no mundo. Durante muito tempo o conilon foi visto como um ‘patinho feio’, mas hoje já temos cafés acima de 90 pontos. Essa feira vem para mostrar isso”, disse Bastianello.

“O produtor vem se dedicando mais ao pós-colheita, à secagem e ao cuidado com o grão. Isso imprime qualidade e agrega valor. A feira será uma oportunidade de impulsionar essa valorização e trazer retorno econômico para que ele invista cada vez mais na propriedade.”

Cultura, turismo e negócios

Além dos painéis e palestras, a FICC contará com exposição de empresas, cooperativas e instituições ligadas ao café, além de iniciativas culturais e turísticas que valorizam a região do Verde e das Águas, que engloba Jaguaré e outros seis municípios, como Aracruz, Conceição da Barra, Linhares, Rio Bananal, São Mateus e Sooretama.

“Será um espaço para unir todos os elos do arranjo produtivo, do produtor ao comércio, da indústria ao turismo, mostrando que o conilon pode ser muito mais do que um café de blend. Ele tem espaço também como café 100% conilon”, reforçou Marcus Magalhães.

Leia também:

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.