
A Pranai Chás, empresa de chás especiais e autorais do Espírito Santo, conquistou destaque internacional ao ser premiada no concurso Teas of the World, promovido pela Agence pour la Valorisation des Produits Agricoles (AVPA), em Paris, na França. A marca capixaba, reconhecida pelos seus blends e infusões artesanais, recebeu medalha de ouro em duas categorias: blends de chá com base de Camellia sinensis e Infusões Puras Sem Aromatizantes Artificiais.
A premiação aconteceu na Embaixada do Peru, em Paris, reunindo mais de 300 empresas de diversos países e tradicionais regiões produtoras, como Sri Lanka, Índia, Japão, China e Taiwan. O Brasil foi representado por apenas duas marcas, uma delas a Pranai.
Para a fundadora, Bárbara Borges, o reconhecimento reforça a qualidade do trabalho desenvolvido no Espírito Santo e evidencia o potencial brasileiro no mercado global de chás.
“Fiquei completamente extasiada! Foi uma emoção indescritível ver o nosso trabalho, feito com tanta verdade e dedicação, ser reconhecido internacionalmente”, afirmou.
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Ela explica que o concurso é uma das principais vitrines para produtores do mundo todo. “A AVPA, agência francesa de valorização de produtos agrícolas, existe há 25 anos e há oito anos promove este concurso de chás do mundo. A premiação contou com várias categorias de chás, puros e blends, incluindo chá branco, chá preto e outras famílias tradicionais”, contou.
Internacionalização: um projeto antigo que ganha velocidade
O prêmio chega em um momento estratégico para a Pranai, justamente quando a empresa avança no seu projeto de internacionalização. Bárbara conta que a preparação para atuar no mercado externo começou há alguns anos, com a qualificação no PEIEX, programa de exportação da Apex Brasil executado no Espírito Santo.
Segundo ela, a qualificação resultou em um plano detalhado de exportação, indicando mercados potenciais e estratégias de entrada.
“Nos entregaram um plano completo, com sugestões de países para entrada e caminhos para iniciar as vendas externas. Já era um projeto antigo da empresa”, explica.
Na sequência, a empresa passou a integrar o edital Tecnova, da Fapes, que também previa como objetivo estimular a internacionalização de micro e pequenas empresas. Para cumprir as metas do programa, a marca contratou uma internacionalizadora credenciada e deu início ao processo de adaptação de produtos e serviços para o mercado externo.
“Enquanto estamos executando o Tecnova, surgiu a oportunidade deste concurso. Recebemos o prêmio e já permanecemos em Paris para reuniões de negócios. Inclusive, já tenho encontro marcado com uma casa de chá daqui. Acabamos iniciando o plano de exportação antes mesmo do previsto”.
A trajetória marca começou em 2018, quando Bárbara decidiu mudar de carreira e transformar sua relação com plantas medicinais em um negócio autoral. Formada em Direito, ingressou no curso de Plantas Medicinais da Universidade Federal de Viçosa, movida por memórias da infância, quando chás e infusões faziam parte da rotina familiar.
Em 2019, aprofundou os estudos ao se especializar como Sommelier de Chá, em São Paulo. “Entendi que o chá pode ir além do uso terapêutico: ele também é uma experiência gastronômica, estética e sensorial. Os cursos me deram base técnica e fitoterápica, mas o verdadeiro aprendizado vem da prática diária: centenas de litros testados, feedbacks, escuta sensorial. Cada blend conta uma história.”
Os blends da Pranai se diferenciam pelo processo de criação e pela escolha criteriosa dos ingredientes, majoritariamente de origem brasileira e, sempre que possível, orgânicos.
A AVPA é uma agência francesa dedicada a valorizar produtos agrícolas de excelência. Além de chás, também organiza concursos de cafés, chocolates e azeites, atraindo produtores do mundo todo.
O Teas of the World é composto por duas grandes frentes:
- chás monovarietais de Camellia sinensis, avaliados conforme o método de produção, e
- infusões, blends, chás aromatizados e chás de ervas, que não utilizam a Camellia sinensis.
O juri, presidido pela especialista em análise sensorial Carine Baudry, avalia complexidade aromática, sabor, equilíbrio, originalidade e qualidade da matéria-prima. Além das origens tradicionais, o concurso busca revelar novas regiões produtoras, valorizando países que vêm desenvolvendo cadeias de chás especiais, como Brasil, países africanos e nações do Sudeste Asiático.
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