Mesmo com o ‘tarifaço’, setor de rochas naturais exporta US$ 1,35 bilhão, maior volume da história

Mesmo sob o impacto direto do ‘tarifaço’ imposto pelos Estados Unidos, o setor brasileiro de rochas naturais alcançou um marco histórico: US$ 1,35 bilhão exportados entre janeiro e novembro deste ano – o maior volume já registrado. O desempenho supera o recorde de 2021 (US$ 1,34 bilhão) e reflete a capacidade de reação da cadeia produtiva, que conseguiu mitigar perdas e sustentar uma trajetória de expansão em 2025. O resultado, divulgado pelo Centrorochas, tem peso ainda maior para o Espírito Santo, responsável por cerca de 80% das exportações nacionais.

Mesmo com quedas em granitos e mármores, indústria sustenta expansão e diversifica mercados

Os Estados Unidos seguiram como principal destino das rochas brasileiras, respondendo por 54,4% das vendas externas – US$ 735,4 milhões importados até novembro, alta de 15,7%. O mercado americano continua sendo o maior consumidor, especialmente de materiais usados em bancadas de cozinha e banheiro.

O desempenho, porém, poderia ter sido ainda maior não fosse a tarifa adicional anunciada em agosto pelo governo americano, que impôs sobretaxa de 50% a parte do portfólio exportado pelo Brasil. Materiais enquadrados nos códigos atingidos sentiram o impacto: granitos recuaram 17,3% e mármores, 16,5%. A medida reduziu a competitividade desses produtos e freou parte do avanço esperado no maior mercado do setor.

Por outro lado, os materiais classificados no único código isento da tarifa adicional (HTSUS 6802.99.00) registraram forte aceleração, com destaque para os quartzitos, que cresceram 39% no período.

China e Itália também mantiveram papel relevante na expansão. A China importou US$ 224,8 milhões (+13,6%), enquanto a Itália avançou 46,3%, chegando a US$ 106 milhões. Ambos concentram compras de blocos brutos, beneficiados localmente e reexportados para outros mercados – um modelo que amplia a presença das rochas brasileiras onde há gargalos logísticos para exportação direta.

Para o presidente do Centrorochas, Tales Machado, o recorde comprova a força da cadeia produtiva.

“Os resultados alcançados até novembro mostram a força da nossa indústria e a importância do trabalho coletivo que temos conduzido para fortalecer a presença internacional do setor. Em um ano marcado por desafios, especialmente nos Estados Unidos, atuamos de forma intensa para mitigar os efeitos do tarifaço, avançamos na consolidação de novos mercados e ampliamos nossa atuação no Oriente Médio, região onde o Brasil ainda tem pouca representatividade direta, já que grande parte dos materiais chega por meio de países geograficamente mais próximos”, afirma.

Ele destaca que o avanço reflete uma maturidade setorial inédita. “O recorde de 2025 é uma conquista de toda a cadeia produtiva e reafirma o compromisso do setor de rochas naturais com a oferta de materiais de excelência e alto valor agregado ao mercado global. Entramos em 2026 com expectativas positivas e focados em ampliar nossa atuação direta em regiões estratégicas, fortalecendo ainda mais a presença internacional do Brasil”, conclui.

Tales lembra que, além dos resultados comerciais, o ano de 2025 marcou avanços estratégicos na internacionalização. O Oriente Médio tornou-se um dos principais eixos de expansão após o início da rota marítima direta entre Rio de Janeiro e Abu Dhabi – a primeira em mais de 25 anos. O trajeto reduziu o tempo de transporte de cerca de três meses para 30 dias, ampliando a competitividade do produto brasileiro em uma região de forte demanda por projetos arquitetônicos de alto padrão.

Nesse contexto, avança o estudo para implantação do Brazilian Natural Stone Hub, projetado para funcionar como base de armazenamento, exposição e distribuição de rochas brasileiras para diversos países do Oriente Médio. Em 2025, a Centrorochas assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com o Porto de Abu Dhabi, hoje considerado o local mais promissor, embora outros emirados também estejam em avaliação. O setor segue em fase de estudo de viabilidade e definição do modelo de negócio, com execução prevista para 2026.

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Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 14 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 14 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.