O Incaper oficializou uma nova indicação de cultivares de café arábica adaptadas às condições do Espírito Santo. Com alto desempenho em produtividade, qualidade da bebida e resistência a pragas e doenças, os materiais foram validados em pesquisas realizadas ao longo de seis anos, em 12 municípios das regiões das Montanhas, Caparaó e Noroeste do Estado.
Os resultados foram apresentados durante um Dia Especial em Brejetuba, município reconhecido como a “capital estadual” do café arábica. O evento reuniu cerca de 350 participantes, entre produtores, técnicos, extensionistas, pesquisadores e autoridades.
O impacto potencial das novas cultivares foi destacado pelo secretário Enio Bergoli. “Para se ter uma ideia, se as cultivares validadas pelo Incaper estivessem sendo amplamente utilizadas, a previsão de safra da Conab para este ano no Espírito Santo, de 3,3 milhões de sacas de café arábica, poderia chegar a 5,9 milhões. Ou seja, um acréscimo de 2,6 milhões de sacas, com impacto econômico superior a R$ 5 bilhões. Isso sem contar os ganhos com redução de custos de fertilizantes, controle de ferrugem e outros insumos”, ressaltou.
A apresentação dos resultados técnicos foi conduzida pelos pesquisadores Maurício Fornazier e Cesar Krohling. As cultivares recomendadas pelo Incaper são: Catucaí 785/15; Catucaí Amarelo 2SL; Catucaiam 24137; Japy; Acauãnovo; Arara; IPR 103; e Tupi IAC 1669-33.
“A adoção dessas cultivares pelos cafeicultores de arábica possibilitará incremento da produtividade, redução no uso de defensivos agrícolas para controle da ferrugem do cafeeiro, ampliação do período de colheita, otimização das estruturas e do maquinário da propriedade e o aumento do volume de cafés especiais”, destacou o coordenador de Cafeicultura do Incaper, Fabiano Tristão.
Importância do café arábica no Espírito Santo
A cafeicultura de arábica tem papel estratégico na economia capixaba e na vida de milhares de famílias. O Espírito Santo é o terceiro maior produtor do País, com uma média anual de 3,5 milhões de sacas cultivadas em, aproximadamente, 136 mil hectares.
A atividade está presente em mais de 26 mil estabelecimentos rurais, envolvendo cerca de 53 mil famílias que têm o café como principal fonte de renda. O setor gera um Valor Bruto da Produção (VBP) estimado em R$ 2,27 bilhões, impulsionando o desenvolvimento de diversas regiões do Estado.
Principais Características das Cultivares Indicadas
Principais características das cultivares indicadas:
Catucaí 785/15: Apresenta ciclo muito precoce a precoce; desempenho produtivo superior à cultivar Catuaí Vermelho IAC 44, utilizada como padrão de comparação nas três regiões em estudo. Foi a primeira cultivar a ser colhida em todas as 12 unidades experimentais. Na região de Montanhas Capixabas apresentou nota global de bebida de 86,9 pontos.
Catucaí Amarelo 2SL: Compõe o grupo de cultivares com as maiores produtividades (50,4 sc/ha) nas três regiões estudadas no Espírito Santo (Noroeste, Montanhas e Caparaó Capixaba). Apresentou ciclo médio de maturação, alto vigor vegetativo (8,3), elevado rendimento pós-colheita e porcentagem de grãos de peneira chato graúdo (68%). Por ser originalmente descrita, em seu lançamento, como tolerante à mancha de Phoma, pode ser utilizada em plantios adensados, em altitudes mais elevadas e em locais mais frios e úmidos.
Catucaiam 24137: Compõe o grupo de cultivares com as maiores produtividades (49,6 sc/ha) nas três regiões estudadas no Espírito Santo (Noroeste, Montanhas e Caparaó Capixaba). Apresentou vigor vegetativo de crescimento (8,3), elevado rendimento pós-colheita, porcentagem de grãos de peneira chato graúdo (73%) e nota final de bebida de 86,1 pontos na região das Montanhas do Espírito Santo. Descrita, em seu lançamento, como moderadamente resistente à ferrugem do cafeeiro, necessita ser manejada de forma adequada para o controle dessa doença.
Japy: Compõe o grupo de cultivares com as maiores produtividades (50,2 sc/ha) nas três regiões estudadas no Espírito Santo (Noroeste, Montanhas e Caparaó Capixaba). Apresentou maturação tardia a muito tardia e alto vigor vegetativo (8,4), frutos de menor tamanho, com menor porcentagem de peneira chato graúdo (59%) e nota final de bebida de 85,1 pontos na região das Montanhas do Espírito Santo. Descrita, em seu lançamento, como altamente resistente à ferrugem do cafeeiro e à mancha de Phoma e de ampla adaptação em diferentes altitudes.
Acauãnovo: Compõe o grupo de cultivares com as maiores produtividades (51,7 sc/ha) nas três regiões estudadas no Espírito Santo (Noroeste, Montanhas e Caparaó Capixaba). Apresentou maturação tardia/muito tardia e alto vigor vegetativo (8,6), frutos de menor tamanho, maior quantidade de grãos moca e menor rendimento pós- -colheita e de tamanho de grãos de peneira chato graúdo (55%) Descrita, em seu lançamento, como altamente resistente à ferrugem do cafeeiro.
Arara: Compõe o grupo de cultivares com as maiores produtividades (52,8 sc/ha) nas três regiões estudadas no Espírito Santo (Noroeste, Montanhas e Caparaó Capixaba). Apresentou maturação tardia/muito tardia e alto vigor vegetativo (8,7), rendimento de peneira chato graúdo de 72% e boa qualidade de bebida na região das Montanhas (nota global de 86,9 pontos). Descrita, em seu lançamento, como altamente resistente à ferrugem do cafeeiro.
IPR 103: Destacou-se como a cultivar com a maior produtividade média (53,9 sc/ha) nas três regiões estudadas no Espírito Santo (Noroeste, Montanhas e Caparaó Capixaba). Apresentou maturação tardia e alto vigor vegetativo (8,5), rendimento de peneira chato graúdo de 69% e nota final de bebida de 85,5 pontos na região das Montanhas do Espírito Santo. Descrita, em seu lançamento, como altamente resistente à ferrugem do cafeeiro. Entretanto, pode apresentar índices inferiores de rebrota após a primeira e segunda recepas.
Tupi IAC 1669-33: A cultivar alcançou produtividade média (50,3 sc/ha) nas três regiões estudadas do estado do Espírito Santo (Noroeste, Montanhas e Caparaó Capixaba), maturação precoce e médio vigor vegetativo (8,2). O rendimento de peneira chato graúdo (68%) foi considerado alto e a nota final de bebida na região das Montanhas do Espírito Santo foi de 85,5 pontos. Essa cultivar foi descrita, em seu lançamento, como altamente resistente à ferrugem do cafeeiro.